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Escola Doutoral "Crises: Uma Perspectiva Multidisciplinar"

por Rafael Borsanelli - publicado 31/03/2017 16:05 - última modificação 04/04/2017 17:45

Detalhes do evento

Quando

de 10/04/2017 - 09:00
a 12/04/2017 - 17:00

Onde

Antiga Sala do Conselho Universitário, Rua Praça do Relógio, 109, bl. K, térreo, Cidade Universitária, São Paulo

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Este encontro é resultado de um projeto iniciado em 2016, quando foi lançada uma chamada para que doutorandos de todo o mundo enviassem trabalhos sobre a crise em diversas perspectivas – política, ambiental, econômica, trabalho, alimentar, urbana etc. Neste encontro, os autores dos 18 melhores trabalhos, selecionados por um Comitê Científico, apresentarão os temas de suas pesquisas.

Como objeto de reflexão, "a crise" é mais do que nunca um tema atual entre historiadores, economistas, biólogos, geógrafos, sociólogos, politólogos, psicólogos, ambientalistas etc. Isso se deve não só à própria atualidade do fenômeno – em suas dimensões econômica (estagnação das taxas de crescimento, depressão), ambiental (aquecimento climático), sanitária (epidemias de H1N1, Ebola, Zika etc.), securitária (terrorismo, crime organizado), política (revoluções, conflitos, migrações) –, mas também a um debate intenso em torno do conceito de crise.

A atualidade da crise é inegável. A situação econômica se degradou de maneira contínua nos últimos anos na Europa, nos Estados Unidos, na Rússia, no Brasil e mesmo na China – que até então tinha conseguido manter taxas recordes de crescimento. A crise financeira derrubou as taxas de crescimento na maior parte das economias ocidentais e produziu índices de desemprego inéditos em alguns países. O empobrecimento das classes médias também acentuou a dependência de parte desses grupos aos auxílios governamentais. Segundo a FAO, em 2015, cerca de 795 milhões de pessoas estavam em situação de dificuldade alimentar. Contrariamente às expectativas, o progresso científico e tecnológico das últimas décadas não permitiu que a fome fosse erradicada, embora um número importante de pessoas tenha saído do estado de pobreza extrema, sobretudo na China e na Índia. Se, por um lado, a massa de pessoas subalimentadas diminuiu cerca de 216 milhões no curso dos últimos anos, o número de mortes ligadas à fome foi bem maior no século XX do que nos séculos precedentes.

A reconfiguração política e ideológica que ocorreu após a queda do Muro de Berlim, bem como o estabelecimento de novas fronteiras na Europa, na Ásia e na África, dizimaram nações e criaram outras. Alianças e identidades tradicionais foram abaladas. Assistimos também a fluxos migratórios sem precedentes desde o final da Segunda Guerra Mundial. As sociedades contemporâneas são ainda confrontadas à crise urbana e à crise do trabalho. Uma crise urbana que não se pode entender apenas em sua dimensão espacial, uma vez que todas as crises se espacializam em certa medida; trata-se de um fenômeno de escala global, estreitamente associado à industrialização e à urbanização.

A esses diferentes fenômenos soma-se a "crise ambiental", saliente no início do século XXI. Após anos de polêmicas políticas e científicas, os países industrializados e a ONU reconheceram a existência do aquecimento climático e seu papel nas degradações dos territórios insulares e ribeirinhos, na elevação do nível dos oceanos, nas ameaças à fauna e à flora do planeta. A incerteza que pesa sobre a nossa capacidade política e técnica para reverter aquilo que parece – para os mais pessimistas, pelo menos – uma ameaça à continuidade da vida na Terra, produz um sentimento de medo que não cessa de aumentar. O medo do apocalipse nuclear dos anos da Guerra Fria cedeu lugar a novas perspectivas igualmente apocalípticas ligadas às mudanças climáticas (secas, rarefação de recursos como água potável, deslocamento de populações etc.). Tudo isso indica o caráter cada vez mais global de crises que, há décadas atrás, ainda possuíam uma amplitude regional – pelo menos no que se refere a algumas delas.

As crises ambiental, urbana e alimentar, mas também o desenvolvimento sem precedentes dos meios de transporte, estão na origem do aumento dos fatores de mutação e do contato com novos micróbios. Ainda que os progressos da medicina tenham conseguido controlar doenças que atingiam as comunidades humanas há alguns milênios, assistimos ao advento de novas patologias que constituem graves riscos às sociedades.

A escolha da crise – ou das crises – como tema de estudo desta Escola Doutoral não indica a adoção, por parte dos seus organizadores, de uma perspectiva catastrófica. O estudo das crises aqui mencionadas ajuda a destacar as ações e as reações no seio das sociedades que delas são vítimas; também ajuda a compreender a dinâmica dessas crises, além do funcionamento das relações sociais, políticas etc. Nesse sentido, nós nos interessaremos também, nesta Escola Doutoral, pelas múltiplas respostas das sociedades às crises que mencionamos anteriormente (cuja lista está longe de ser exaustiva): as tentativas de regulamentação do mercado de trabalho, as escolhas econômicas (rigor orçamentário ou heterodoxia), as políticas migratórias (controle das fronteiras, expulsões, acolhida), as medidas sanitárias, o combate à fome, as políticas urbanas, as reformas políticas etc. – numerosas medidas são debatidas e adotadas em reação a esses problemas. Medidas que, por outro lado, colocam problemas de análise, de interpretação, de avaliação.

Material de referência

Caderno de textos

Inscrições

Evento gratuito, sem inscrição e sem transmissão.

Capacidade da sala: 120 lugares.

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Programação

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