Conferências sobre o Sofrimento Social
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a 27/09/2019 - 13:00
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Alessandro Pinzani e Walquiria Leão Rego levaram a sério a proposição segundo a qual os sentidos da justiça e da injustiça surgem da audição (Iris Young). Ao ouvir “as verdades” da Dona Cássia do Piri-Piri (PI), e de outras mulheres beneficiárias do programa social Bolsa Família, nos ensinam que cada uma daquelas vozes aponta para os limites de qualquer definição anterior sobre o que é justo ou injusto, sobre o que é sofrimento e humilhação.
A pobreza, ao longo das páginas do Vozes do Bolsa Família [Ed. Unesp, 2014], ganha personagens, sujeitos, cores, traços e, mais, é tratada analiticamente por uma sociologia que não despreza a filosofia e por uma filosofia que é crítica e social.
Mobilizando certo aparato da tradição da teoria crítica da sociedade ao lado de uma interpretação dos textos de Emmanuel Renault e Pierre Bourdieu, os autores chegam aos contornos do conceito de “sofrimento social”. O que está em jogo na experiência “simplesmente intolerável” vivida cotidianamente pelas mulheres que expressam as vozes do bolsa família “é a (...) violação da [sua] integridade pessoal, de uma negação de reconhecimento individual”.
Mais do que um problema relativo à quantidade do que é distribuído estaríamos diante de reivindicações sobre como o reconhecimento inadequado das necessidades de uma pessoa e de sua dignidade cria um cenário no qual a humilhação é a regra. A pobreza e as relações que são parte dessa realidade criam o ambiente para que o “respeito de si” seja reiteradamente violado.
Nesses termos, um comportamento ou uma situação é humilhante quando a pessoa afetada tem boas razões para afirmar que seu respeito de si foi ferido. A humilhação torna-se, na construção teórica proposta por Pinzani, o critério negativo de justiça que deveria guiar a construção de uma teoria “fraca” da justiça social.
Diante desse arranjo analítico e conceitual resta-nos compreender se ainda precisamos de uma teoria da justiça social para lidarmos com as injustiças que assolam o nosso mundo? Como o critério da “humilhação social” responderia, por exemplo, ao problema das métricas em uma teoria da justiça? Como devemos lidar politicamente com a dimensão psicológica do sofrimento individual causado por nossas instituições sociais? Qual é o potencial emancipatório de uma teoria crítica sobre o sofrimento social?
O grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Democracia e Memória do IEA, animado pela relevância analítica e conceitual dessa discussão, mas também por sua urgência política e social, propõe o conjunto de Conferências sobre Sofrimento Social ministradas pelos professores Alessandro Pinzani e Walquiria Leão Rego.
Os trabalhos terão início no dia 26 de setembro com a apresentação do texto “First and Second Order Suffering” e, na sequência, o debate será proposto pelas leituras de Lucas Petroni (Desjus/Cebrap) e Nathalie A. Bressiani (UFABC).
No dia 27 de setembro retomaremos as discussões com a apresentação do texto “Systemic Suffering as a Critical“ que será seguido pelo debate proposto por Rúrion Melo (USP) e Raquel Kritsch (UEL/Getepol).
Inscrições
Evento público e gratuito | Sem inscrição
Não há necessidade de inscrição para assistir on-line
Capacidade da sala: 60 lugares
Organização
Grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Democracia e Memória
Seminários sobre Desigualdades e Justiça Social (DESJUS/CEBRAP)
Apoio
Grupo de Estudos em Teoria Política (GETEPOL)
Programação
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Dia 26 |
9h
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Violência, Opressão e Sofrimento Social Texto: First and Second Order Suffering Apresentador: Alessandro Pinzani (UFSC) Debatedores: Nathalie A. Bressiani (UFABC) Lucas Petroni (USP) Mediação: Álvaro Okura (CEDEC e IEA USP) |
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Dia 27 |
9h |
Teoria Crítica e Sofrimento Social Texto: Systemic Suffering as a Critical Tool Apresentação: Walquiria Leão Rego (Unicamp) Debatedores: Walquiria Leão Rego (Unicamp) Rurion S. Melo (USP) Raquel Kritsch (UEL/Getepol) Mediação: Raissa Wihby (CEDEC/Unicamp) |
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo