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1º encontro dos Diálogos de Competitividade debateu o tema Desempenho e Complexidade Econômica

por Mauro Bellesa - publicado 25/04/2014 19:15 - última modificação 18/08/2014 11:49

Encontro realizado no IEA-USP no dia 24 de abril abriu a série Diálogos de Competitividade e reuniu especialistas do meio acadêmico, governamentais e da iniciativa privada.

Por Ivan Bicudo, da ABDI

Diálogos de Competitividade - 1º Encontro
Na abertura dos Diálogos de Competitividade,
especialistas discutiram questões
macroeconômicas e de natureza estrutural

O que o Brasil pode fazer para elevar seu patamar econômico e tornar sua economia mais sofisticada? Essas foram duas das questões motivadoras do debate no primeiro encontro da série Diálogos de Competitividade, realizado no IEA-USP no dia 24 de abril.

A série é uma iniciativa da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), o Grupo de Pesquisa Observatório da Inovação e Competitividade/NAP (OIC) do IEA-USP e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A ideia é discutir a trajetória e o estado atual da economia brasileira em comparação com a de outros países e refletir sobre quais são os elementos para uma agenda de competitividade  nacional.

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O tema proposto no primeiro debate, Desempenho e Complexidade Econômica, que passa por questões macroeconômicas, de caráter amplo, teve início com as apresentações dos moderadores Mário Salerno, coordenador do OIC, e Roberto Alvarez, gerente de Análise e Projetos Estratégicos da ABDI. Alvarez fez uma breve análise dos indicadores econômicos do Brasil em questões como PIB, exportações, importações e participação no comércio mundial. Esses dados foram compilados a partir de uma aplicação web denominada Decodificador de Competitividade. A ferramenta já funciona em fase piloto e reúne 164 indicadores, de 65 países diferentes, referentes a uma série de 12 anos.

O primeiro encontro dos Diálogos de Competitividade teve como principais participantes Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho de Administração da Gerdau e membro do Conselho Superior do MBC, Fernanda de Negri, diretora do Ipea, Mariano Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Aod Cunha, líder para o setor público do JP Morgan Brasil, Esther Dweck, chefe da Assessoria de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e David Kupfer, assessor da Presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Infraestrutura e investimentos

Um dos temas de destaque no debate foi a infraestrutura no Brasil e como financiar seu desenvolvimento. Fernanda de Negri apontou que nos últimos anos o país apresentou uma cultura de menor sofisticação de sua economia e até mesmo de crescente especialização. Ela identificou  que a defasagem da infraestrutura, pressionada pelo crescimento da economia, é um gargalo para a competitividade no cenário mundial.

David Kupfer argumentou que o déficit em investimento no Brasil em relação ao PIB nos últimos 35 anos é muito alto. Segundo ele, um dos desafios é criar instrumentos que permitam que o capital flua das áreas em que ele é excedente para áreas em que é escasso. “A política fiscal tem uma função vital na criação de instrumentos de financiamento do desenvolvimento”, disse.

Para Esther Dweck, existe também o desafio de atrair investidores de longo prazo para atingir os setores que precisam de financiamento: “Investimento em infraestrutura tem maior risco associado e longo prazo. Precisamos mobilizar capitais privados para suprir a necessidade de financiamento em infraestrutura.”

Já Aod Cunha acredita ser necessário aumentar o tamanho da poupança em relação ao PIB. “Precisamos gerar mais capital. O volume de crédito gerado pelo País em relação ao tamanho dos investimentos necessários é bastante escasso.” Segundo ele, a defasagem de competitividade brasileira é muito bem diagnosticada, porém, falta desenvolver o diálogo no sentido de criar uma agenda de políticas com o objetivo de contornar os problemas.

Desigualdade e qualidade de vida

Países com economias avançadas e com alto índice de crescimento, como Estados Unidos e China, tiveram um grande aumento da desigualdade social,  um aspecto importante da competitividade sistêmica, comentou Mariano Laplane. Ele identifica a possibilidade de o Brasil aumentar a competitividade melhorando a igualdade de acesso a serviços públicos: “A desigualdade tem custos e devemos concentrar nosso esforço para reduzir essas desigualdades”.  Como exemplo, citou a segurança e a mobilidade urbana, serviços que em maior quantidade, qualidade e distribuição territorial propiciam ganhos evidentes de bem-estar e expansão de mercados, mobilizando a sociedade e criando aspirações mais altas, segundo Laplane.

Educação e logística

Durante o debate, a importância da educação e da qualificação de mão-de-obra para a competitividade foi um consenso entre os participantes. “Com educação, conseguiremos facilmente patamares internacionais de produtividade de mão-de-obra”, disse Jorge Gerdau Johannpeter. Ele também ressaltou a importância da logística nos setores produtivos, do primário à manufatura, e criticou o alto peso dos impostos sobre as empresas, o que chamou de “cumulatividade de impostos”. “O aço mais barato do mundo é o brasileiro, e é também o mais caro”, disse o empresário referindo-se à diferença entre o custo de produção e o valor dos impostos. “Não quero privilégios, mas preciso de isonomia competitiva.”

Próximos encontros

Na segunda-feira, 28 de abril, no sala de eventos do IEA, será realizado o segundo encontro da série, com formato similar e transmissão ao vivo pela web. O tema desta vez será Infraestrutura e Capital. Os Diálogos de Competitividade prosseguem no dia 6 de maio, com o tema Talento e Inovação, e terminam no dia 8 de maio, com o tema Qualidade de vida e Crescimento Futuro.

Foto: Sandra Codo/IEA-USP