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A complexidade do mundo diante de uma ciência “dogmática”

por Sylvia Miguel - publicado 08/07/2016 14:35 - última modificação 18/07/2016 10:07

“Estamos perdendo a nossa visão crítica sobre a forma como fazemos ciência”. A visão de Till Roenneberg sobre os caminhos da ciência moderna será mostrada em conferência no dia 19 de julho.
Till Roenneberg

Na opinião do cronobiólogo Till Roenneberg, "estamos perdendo a visão crítica sobre a forma como fazemos ciência”

“Parecem estar querendo eliminar as Humanidades porque existe a ideia de que aparentemente esse campo não traz muito dinheiro nem muitos estudantes para as instituições. Esta é a pior direção que poderíamos tomar. Há uma crise na forma como lidamos com as Humanidades e devemos mudar isso”.

O enunciado do cronobiólogo Till Roenneberg nucleou sua conferência sobre interdisciplinaridade, ministrada no Waseda Institute of Advanced Studies (WIAS), da Waseda University, Japão, durante a programação da 1ª Intercontinental Academia (ICA). A interlocução entre os saberes, ou o que a academia chama de interdisciplinaridade, será também o tema debatido pelo cientista no dia 19 de julho, na Sala de Eventos do IEA, a partir das 10h.

Convidado pelo IEA para retomar o tema discutido na ICA, o cientista do Institute of Medical Psychology at Ludwig-Maximilians University (LMU), de Munique, Alemanha, irá ministrar a conferência Por que a Ciência Precisa Ir Além da Interdisciplinaridade. O encontro é gratuito, requer inscrições prévias e terá transmissão ao vivo online.

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Os desafios à interdisciplinaridade

O IEA, um organismo interdisciplinar por excelência, vem rediscutindo a temática da interdisciplinaridade a partir de encontros com renomados especialistas. Num deles, o sociólogo alemão Peter Weingart, conselheiro e diretor do Centro de Pesquisa Interdisciplinar (ZiF, na sigla em alemão) da Universidade de Bielefeld, Alemanha, mostrou que a concretização do modelo interdisciplinar só será efetivo a partir de uma reestruturação institucional nas instituições de ensino e pesquisa. Apesar de estar na moda na academia há mais de 20 anos, até há pouco tempo a interdisciplinaridade ainda era um conceito “vazio de significado”, disse durante sua conferência no IEA.

Na visão de Roenneberg, a ciência precisa mais do que interdisciplinaridade. “A ciência moderna utiliza métodos e critérios objetivos para encontrar as ‘verdadeiras’ causas por trás das associações que fazemos. Embora tenhamos feito grandes avanços ao explicar supostas redes causais, estamos perdendo a nossa visão crítica sobre a forma como fazemos ciência”, afirma.

Para o cientista, não são apenas dogmas biológicos ou teorias físicas, genes ou quarks que estão no centro dos esforços científicos. “Há apenas uma coisa em comum em toda descoberta científica: o nosso próprio cérebro, que é, basicamente, uma máquina de contar histórias”, diz o cronobiologista.

Nessa palestra, Roenneberg irá lembrar a necessidade que temos de fundir tantos cérebros diferentes quanto forem possíveis para darmos saltos ainda mais importantes nas descobertas da ciência moderna.

 

O conferencista

Till Roenneberg é professor de cronobiologia e vice-diretor do Institute of Medical Psychology da Ludwig-Maximilians University (LMU) em Munique, Alemanha. Ele investiga o impacto da luz nos ritmos circadianos humanos, dedicando-se especialmente a aspectos como cronotipos e “social jet lag” (expressão criada por ele para designar os efeitos da mudança  nos horários de sono nos dias de descanso em comparação com os dias de trabalho) e sua relação com benefícios para a saúde.

Roenneberg foi aluno da University College London, Reino Unido, e da LMU, onde começou estudando física, transferiu-se para o curso de medicina e por fim conclui o de biologia. Também na LMU, pesquisou os ritmos anuais do corpo em pós-doutorado coordenado por

Jurgen Aschoff (1913-1998), um dos fundadores da cronobiologia, e depois foi para a Harvard University, Estados Unidos, estudar as bases celulares dos relógios biológicos, sob a orientação de Woody Hastings.

O cientista é também diretor do Centre for Chronobiology da LMU, presidente do European Biological Rhythms Society , presidente World Federation of Societies for Chronobiology e membro da Senior Common Room do Brasenose College da University of Oxford. De 2005 a 2010, coordenou a rede europeia Euclock e a rede ClockWORK da Daimler and Benz Foundation. De 2010 a 2012, foi membro da Society for Research of Biological Rhythms.

 


Por que a ciência precisa ir além da interdisciplinaridade
19 de julho, as 10h às 12h00
Sala de Evento do IEA. Rua da Biblioteca, 109, térreo, Butantã, São Paulo
Evento gratuito, com inscrição prévia e transmissão ao vivo.
Informações Sandra Sedini. Email sedini@usp.br. Telefone do Contato (11) 3091-1678
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