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A contribuição de Konrad Lorenz para o entendimento da cognição animal

por Flávia Dourado - publicado 14/03/2013 00:00 - última modificação 02/10/2015 13:48

O IEA realiza no dia 27 de março, às 9h30, no auditório do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, o primeiro encontro do Ciclo de Conferências Humanos e Animais: Os Limites da Humanidade, que terá como tema Animalidade Transcendental: O Problema da Naturalização do a priori em Konrad Lorenz.O evento terá transmissão ao vivo pela web.

Na conferência, o filósofo italiano Lorenzo Baravalle vai analisar a contribuição do etólogo austríaco Konrad Lorenz para a compreensão da cognição animal, particularmente no que diz respeito à naturalização do conceito de conhecimento a priori (leia a sinopse do conferencista).

Baravalle é pós-doutorando no Departamento de Filosofia da FFLCH, doutor em ciencias cognitivas e linguagem pela Universidade Rovira i Virgilli (URV), da Espanha, e graduado em filosofia pela Università degli Studi di Torino (UST), da Itália.

Ciclo
O ciclo tratará das origens, legitimidade e consequências ético-políticas da diferenciação dos seres vivos em humanos, animais e sub-humanos (neste caso, definidos pela visão preconceituosa de determinados grupos sobre indivíduos de certas etnias, tipo físico ou gênero sexual, considerando-os inferiores aos humanos).

O objetivo é discutir os fundamentos filosóficos e epistemológicos mais relevantes do que se entende por humano a partir de uma abordagem interdisciplinar, englobando perspectivas variadas, entre elas as da antropológia, da biológica e da ética.

Serão cinco encontros — quatro conferências e uma mesa-redonda —, que acontecerão entre os dias 27 de março e 27 de setembro, sempre das 9h30 às 12h30. A organização do ciclo é do Grupo de Pesquisa em Filosofia, História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia do IEA, da Associação Filosófica Scientiae Studia e do Projeto Temático Fapesp 2011/51614-3.

Animalidade Transcendental: O Problema da Naturalização do a priori em Konrad Lorenz
Abertura do Ciclo de Conferências Humanos e Animais: Os Limites da Humanidade

Data: 27 de março, 9h30.
Local: Auditório do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, Rua Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária, São Paulo. As demais conferências serão realizadas na Sala de Eventos do IEA.
Transmissão ao vivo: www.iea.usp.br/aovivo.
Informações e inscrições: Leila Costa (leila.costa@usp.br), tel. (11) 3091-1681.

PROGRAMAÇÃO DO CICLO CONFERÊNCIA HUMANOS E ANIMAIS: OS LIMITES DA HUMANIDADE
De 27 de março a 28 de agosto — 9h30 às 12h30
27/3
Animalidade Transcendental: O Problema da Naturalização do a priori em Konrad Lorenz
Expositor: Lorenzo Baravalle (FFLCH e IEA)
Local: Auditório do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP
Sinopse do expositor: Um dos aspetos característicos da fundamentação epistemológica do grande etólogo austríaco é a tentativa de síntese entre a teoria darwiniana e a gnoseologia kantiana. Essa combinação metodológica terá, embora não sempre de maneira explícita, grande sucesso em certos âmbitos da filosofia da biologia. Neste contexto, consideraremos alguns aspectos antinômicos da formulação de Lorenz, insuficientemente matizados pela tradição posterior. Em primeiro lugar, analisaremos a contribuição de Lorenz na compreensão da cognição animal, a qual consiste, poderíamos dizer, na implantação da estrutura transcendental em suas pesquisas etológicas, com uma consequente naturalização do conceito de a priori. Em segundo lugar, veremos como a atribuição de a priori próprios das espécies particulares implica o desdobramento da questão transcendental em uma série de problemáticas, tanto ontológicas como epistemológicas, dificilmente resolvíveis por meio de uma análise meramente naturalista. Finalmente, conferiremos se (e como) uma noção de a priori levemente remanejada, acompanhada de uma diferente interpretação da relação entre naturalismo e transcendentalismo, poderia contribuir principalmente para o entendimento das distintas modalidades de conhecimento, animal e humano.
24/4
Homens e Animais na Tradição Antiga
Expositora: Regina André Rebollo (USJT)
Local: Sala de Eventos do IEA, Rua Praça do Relógio, 109, bloco K, 5º andar, Cidade Universitária, São Paulo
Sinopse da expositora: A questão geral que pretendo apresentar diz respeito aos pressupostos metafísicos que estariam na base de nossas convicções morais sobre as relações entre os humanos e os outros animais. Para tanto, vou tratar dos seguintes pontos: (1) Os conceitos de “identidade” e “pessoa”: o que é um homem? O que é um animal? (2) Demarcações: como semelhanças e diferenças fundamentais acerca dos homens e dos animais costumam ser estabelecidas; como se dá a relação entre os atributos e a definição de tais termos. (3) A tradição clássica: a teoria da metensomatose de Pitágoras e Empédocles e suas implicações morais; a teoria da besta interior de Platão e suas implicações morais; a chamada scala naturae de Aristóteles e suas implicações morais.
22/5
Primatologia, "Culturas" Não Humanas, Novas Alteridades e Etnografia
Expositora: Eliane Sebeika Rapchan – Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Local: Sala de Eventos do IEA, Rua Praça do Relógio, 109, bloco K, 5º andar, Cidade Universitária, São Paulo
Sinopse da expositora: De modo semelhante aos rompantes etnocêntricos de uma cultura humana frente a outras, as relações entre humanos e primatas não-humanos incluem um estranhamento pontuado por atração e repulsa, identificação e diferenciação. A ciência, a arte e os mitos são expressão viva e atualizada disso. Desde 1960, a primatologia destaca-se nesse cenário por contribuir significativamente para a revisão das definições sobre o comportamento dos primatas e, consequentemente, para a redefinição do humano tendo, inclusive, apresentado a polêmica proposição de existência de “culturas” de animais não humanos. Na mesma direção, a aproximação entre humanos e primatas não-humanos parece inexorável e irreversível. Assim, constitui-se, assim, uma nova Alteridade, um novo Outro (não-humano), carregado de significados. Isso inclui a reformulação das representações que fazemos deles, das categorias de classificação nas quais os inserimos e de seus direitos. Quando o desafio é dirigido a situações de pesquisa antropológica que enfoquem as relações entre os seres humanos e os outros primatas, a consciência de que o registro etnográfico descreverá a relação humano-primata e será uma construção empírica, perceptual e teórica deve ser igualmente aguda. Dado o tipo particular de relação que os humanos estabelecem com os outros primatas, pautado num universo fronteiriço de incômodas semelhanças e diferenças, constituem-se aí coletivos híbridos em que há interações possíveis, mas não se conhece ainda exatamente o seu alcance ou sua profundidade.

6/6
Mesa-Redonda
Expositores: Hernán Neira (Usach, Chile), Gustavo Caponi (UFSC) (a confirmar) e Maurício de Carvalho Ramos (IEA)
Coordenador e moderador: Lorezondo Baravalle (FFLCH e IEA)
Local: Sala de Eventos do IEA, Rua Praça do Relógio, 109, bloco K, 5º andar, Cidade Universitária, São Paulo

 

Exposição Gustavo Caponi – “Tipologia e filogenia do humano”

Resumo: Se pensarmos filogeneticamente, o termo “animal” designa um grupo monofilético, isto é, uma entidade histórica individual da qual ficaria excluída qualquer espécie que não derive da espécie fundadora desse grupo. Mas também poderíamos considerar que “animal” simplesmente designa todo organismo heterotrófico, diploide e multicelular, sem examinarmos a questão filogenética de se essas características são verdadeiras autopomorfias de um grupo monofilético ou simples homoplasias compartilhadas por um grupo parafilético. Nesse caso, para determinar se um ser vivo é ou não um animal, nada precisaríamos saber de sua filogenia, bastaria saber se ele tem ou não essas características. Em tal caso, pensaríamos tipológica e não filogeneticamente. Os erros e as confusões começam quando misturamos o modo tipológico e o modo filogenético de pensar. Isso é o que parece acontecer sempre que se coloca a oposição entre o animal e o humano. O tópico costuma ser encarado como se fosse um problema de biologia evolucionária, mas, interpretado desse modo, a discussão acaba atolada em uma questão tipológica da qual a perspectiva evolucionista não permite sair. Não porque a questão seja muito profunda para ela, mas simplesmente porque, do ponto de vista evolucionista, a polaridade entre o animal e o humano não tem maior sentido. Mas isso não tem a ver só com o fato de todas as sub-linhagens do gênero Homo serem, ou terem sido, espécies zoológicas, e não botânicas, mas também com o fato de que, filogeneticamente falando, não existem os conceitos de animalidade e de humanidade.

 

Exposição Maurício de Carvalho Ramos: “A relação entre animais e humanos concebida como um contínuo biocultural e ético-epistêmico”

Resumo: Apresentarei para discussão a conjectura de que uma perceptiva continuista que conceba a indissociabilidade de juízo éticos e epistêmicos e das dimensões biológicas e culturais como uma via adequada para entender as diferenças e as semelhanças entre animais e humanos. Tal adequação é gerada principalmente pela capacidade que a proposta tem de contornar tanto os reducionismos fisicalistas (biológicos, darwinistas, neurocognitivistas etc.) quanto os “culturalistas” (sociológicos, antropológicos etc.) quanto as posições dualistas que propõem rupturas radicais entre humanidade e animalidade e entre cultura e biologia. A perspectiva teórica da conjectura será a de uma epistemologia histórica capaz de realizar esses dois contornos sem rejeitar as diferentes que existem, e devem existir, entre humanos e animais.

 

Exposição Hernán Neira: “Sensibilidad y soberanía: Descartes y Condillac ante los animales”

Resumo: En la modernidad, especialmente francesa, la comparación entre animales y humanos juega un papel central para comprender lo humano, como lo demuestran los trabajos de Descartes y de Condillac. El examen de esas obras permite ver cómo en la modernidad se constituyen dos interrogantes sobre lo animal. La primera: ¿cómo podríamos fundar o, al contrario, deslegitimar una semejanza entre animales y humanos?; y, la segunda: ¿cómo podemos hablar filosóficamente de los animales si parte de la esencia de ellos pareciera consistir en ser impenetrables para el conocimiento humano? La reflexión sobre la postura que estos filósofos tienen sobre lo animal nos permite clarificar algunos de los desafíos que la zoofilosofía actual debe resolver.

28/8
Tema em definição
Expositor: Stelio Marras (IEB)
Local: Sala de Eventos do IEA, Rua Praça do Relógio, 109, bloco K, 5º andar, Cidade Universitária, São Paulo