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Ações afirmativas contribuem no combate ao racismo, dizem especialistas

por Thais Cardoso - publicado 20/10/2023 10:54 - última modificação 20/10/2023 10:54

Integrantes do Instituto Dacor falam ao USP Analisa sobre importância dessas políticas e como elas contribuem para uma sociedade mais dinâmica e criativa

Há cerca de 20 anos, uma série de ações afirmativas voltadas à população negra começaram a ser implantadas no Brasil, o que teve um impacto importante para essas pessoas. No USP Analisa desta sexta (20), Helton Souto Lima e Vidal Dias da Mota Junior, respectivamente presidente e diretor-executivo do Instituto Dacor, conversam sobre a relação entre essas ações e o combate ao racismo.

Segundo Vidal, as cotas colaboram para criar um ambiente universitário mais plural e enriquecedor. “Ao fazer a reparação histórica nós estamos falando de combate ao racismo. Essa reparação sim é dar poder para as pessoas, porque a educação é poder, educação é levar as pessoas para outro patamar de enxergar a vida, de enxergar e desenvolver o seu potencial”.

O diretor-executivo destaca ainda que as estatísticas mostram uma melhoria de vida a partir do acesso ao ensino superior, e isso retorna para a sociedade na forma de diversidade de leitura de mundo e de conhecimento de diferentes realidades. “Além de tudo, isso traz inteligência para a sociedade no sentido de potencializá-la, de dinamizá-la, de torná-la efetivamente criativa. Tem até um velho meme, que diz que o brasileiro precisa ser estudado pela NASA. Esse é o brasileiro do cotidiano, que se vira para sobreviver. Esse cara na universidade revoluciona o ensino. A universidade não é só uma imposição porque todo mundo da minha família fez, mas é a oportunidade que eu tenho na vida e eu vou valorizar muito isso”.

Helton ressalta um relatório do Banco Mundial que, embora o Brasil tenha um grande potencial de utilização de capital humano, há uma perda de até 40% nesse potencial ao longo da vida por conta de condições de educação e saúde. “A gente chega a [um aproveitamento de] 60%. E quando a gente corta para as populações negras no Brasil, esse índice cai para 56%. Quando corta para a população indígena, esse índice cai para 52%. Ou seja, nós perdemos a capacidade das pessoas e a gente perde potência, perde força e força de país, de sociedade, de transformação”.

Para ele, o país perdeu a oportunidade de tirar vantagem do chamado bônus demográfico, ou seja, quando há proporcionalmente na população um número maior de jovens aptos a trabalhar. “Nós perdemos uma população jovem, potente, forte para avançar com a potencialidade que esse país tem. Nós estamos numa população que está envelhecendo cada vez mais. Então matar jovem negro na periferia é uma questão que impacta o nosso desenvolvimento. Isso é, de fato e em ato, matar o futuro”.

O USP Analisa é quinzenal e leva ao ar pela Rádio USP nesta sexta, às 16h45, um pequeno trecho do podcast de mesmo nome, que pode ser acessado na íntegra nas plataformas de podcast Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer e Amazon Music.

O programa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o USP Analisa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram ou em nosso grupo no Whatsapp.