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Workshop discutirá avanços e implicações da arqueologia primata

por Mauro Bellesa - publicado 26/04/2019 12:10 - última modificação 14/05/2019 10:47

No dia 28 de maio, às 9h, realiza-se o workshop "Arqueologia Primata", organizado e coordenado por Eduardo Ottoni, professor do Instituto de Psicologia (IP) em ano sabático no IEA.

Macaco-prego
Macaco-prego na Serra da Capivara, Piauí, utilizando ferramenta de pedra para quebrar castanha

No workshop Arqueologia Primata, no dia 28 de maio, às 9h, o estado da arte dessa nova disciplina será apresentado pelos arqueólogos Tomos Proffitt, da University College London (Reino Unido), e Adrián Arroyo, do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social (Espanha).

Eles tratarão do entendimento sobre a evolução do uso de ferramentas em primatas não humanos e das perspectivas comparativas que podem fazer avançar a compreensão sobre a evolução da tecnologia humana.

O encontro terá coordenação do etólogo Eduardo Ottoni, professor do Instituto de Psicologia (IP) da USP em ano sabático no IEA, que fará apresentação sobre a disciplina.

Outros três pesquisadores da USP serão expositores: o primatólogo Tiago Falótico, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Each), sumarizará  estudos recentes sobre as ferramentas de macacos-prego e cinomolgos; a arqueóloga Mercedes Okumura, do Instituto de Biociências (IB), discutirá as implicações dos achados na Serra da Capivara, Pauí, local que é também um importante sítio arqueológico de humanos; e o arqueólogo Astolfo Araujo, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), tratará das convergências e divergências entre a arqueologia tradicional e a arqueologia primata.

O encontro é aberto a todos os interessados e gratuito, mas requer inscrição prévia. Quem não puder comparecer poderá acompanhar o workshop  ao vivo pela internet, sem necessidade de inscrição.

Surgimento da disciplina

Há 12 anos, Julio Mercader, da Universidade de Calgary, Canadá, e colegas encontraram um sítio arqueológico na Costa do Marfim com ferramentas de pedra com 4.300 anos de idade. "A peculiaridade da descoberta foi constatar que não eram ferramentas humanas, mas restos de um sítio de quebra de cocos por chimpanzés", comenta Ottoni.

"A partir desta descoberta, Michael Haslam [da Universidade de Oxford, Reino Unido] e colaboradores propuseram o desenvolvimento de uma linha de pesquisa empregando as ferramentas da arqueologia na busca de evidências arcaicas do uso de ferramentas por primatas não humanos."

Segundo Ottoni, atualmente são conhecidas três espécies de primatas não humanos que utilizam ferramentas líticas na natureza: chimpanzés, cinomolgos e macacos-prego. Os estudos arqueológicos no Parque Nacional da Serra da Capivara mostraram que os macacos-prego utilizam ferramentas líticas há pelo menos 3 mil anos, diz o pesquisador.

Além disso, ao percutir pedras contra pedras, os macacos "inadvertidamente produzem 'lascas conchoidais', que já foram consideradas evidência suficiente de lascamento proposital por hominíneos, criando alguns problemas para a arqueologia tradicional", explica Ottoni.

Programação


Arqueologia Primata
28 de maio, 9h
Sala Alfredo Bosi, sede do IEA, rua da Praça do Relógio, 109, Cidade Universitária, São Paulo
Evento público e gratuito - requer inscrição prévia (para acompanhar ao vivo pela internet não é preciso se inscrever)
Mais informações: com Cláudia Regina Pereira (clauregi@usp.br), telefone (11) 3091-1686
Página do evento

Foto: Tiago Falótico/Each-USP