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Articulação de parcerias fortalece produção de conhecimento para educadores

por Thais Cardoso - publicado 17/11/2023 19:21 - última modificação 17/11/2023 19:21

Em Alagoas, Cátedra Sérgio Henrique Ferreira se une a Associação de Municípios e Universidade Federal em prol da melhoria na qualidade do ensino

* Texto de Marília Rocha - Assessoria de Comunicação da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira

No início de 2023, a Cátedra Sérgio Henrique Ferreira iniciou uma jornada formativa articulada pela Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) que seria voltada a diretores escolares de três cidades de Alagoas. Em outubro, essa jornada terminou com a certificação de centenas de educadores de dez municípios do Estado, em uma cerimônia que contou com participação dos próprios secretários municipais e alguns prefeitos, e com o anúncio de que, a partir de 2024, a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) também participará da ação conjunta.

“Essa ampliação de alcance em tão pouco tempo é reflexo da qualidade do trabalho que vem sendo feito pela Cátedra e da atuação próxima que temos com os municípios. Eu conversei pessoalmente com muitos gestores e vi todos muito entusiasmados com a proposta, pois ter uma formação com essa robustez e sem precisar fazer nenhum aporte financeiro do município é algo raro”, comentou a presidente da Academia Alagoana de Educação, Ana Dayse Dórea. “Foi muito proveitoso, todos aprendemos coisas novas e estamos felizes em poder dar continuidade ao projeto, agora em nova versão. Com a participação da UFAL, teremos possibilidades de ampliar a produção de conhecimentos locais, vai ser muito interessante.”

O reitor da UFAL, Josealdo Tonholo, destacou a importância de estabelecer conexões entre a proposta da Cátedra e as diversas iniciativas da Universidade e das próprias redes de ensino, ampliando o potencial de impacto das ações. “Sem impor uma solução pronta, mas estimulando o autodesenvolvimento e a descoberta dos desafios que precisam ser enfrentados localmente, o trabalho da Cátedra respeita as particularidades locais, mas leva a todos as premissas básicas de uma educação diferenciada e adequada ao contexto contemporâneo”, afirmou Tonholo.

Segundo ele, a Universidade já tem realizado ações voltadas à Educação Básica, como por meio de parcerias com o Ministério da Educação (MEC) para coordenar o Observatório Nacional de Tecnologias para Ensino Híbrido, voltado à propagação de boas práticas de uso das tecnologias em favor da educação, e também o desenvolvimento de um sistema de identificação e alerta para riscos de evasão de estudantes de Ensino Fundamental e Médio, que oferece aos diretores escolares informações em tempo real sobre diversos indicadores dos estudantes, permitindo uma ação preventiva. “Nós já pudemos ver a importância que os municípios estão dando, tanto para a educação em si quanto para o que a presença da Cátedra movimenta. É muito especial integrar essa parceria, vamos garantir um trabalho sintonizado e com o mesmo objetivo: garantir qualidade na educação”, disse o reitor.

Formação de diretores

O encerramento do curso “A BNC das Competências do Diretor Escolar” contou ainda com uma palestra presencial do titular da Cátedra, Mozart Neves Ramos, sobre boas práticas de seleção, formação e avaliação de diretores escolares. Oferecido com apoio da Fundação Telefônica e da B3 Social, o curso também teve participantes do Paraná e interior de São Paulo, além de outras turmas no Mato Grosso do Sul.

O objetivo é propiciar a disseminação de conhecimentos sobre os caminhos para que diretores exerçam o papel de lideranças capazes de gerar forte impacto no desempenho dos estudantes e no clima escolar. As discussões foram pautadas no parecer do Conselho Nacional de Educação sobre o tema, relatado por Mozart e encaminhado ao Ministério da Educação em 2021. O documento destaca que, mais do que um administrador, o diretor é uma liderança que implementa a cultura local por meio de suas competências na gestão de equipe, gestão pedagógica, relacionamento com a comunidade em torno da escola, entre outras atribuições.

Após uma aula inicial presencial, os 500 educadores inscritos nesta turma tiveram acesso a um conjunto de atividades assíncronas (ou seja, que podem ser acessadas conforme a possibilidade e rotina do cursista) e três encontros síncronos online para tirar dúvidas. Para a conclusão e certificação, todos apresentaram um trabalho final. “O curso foi muito interessante, foi uma formação em serviço, demandou um empenho dos diretores. Sabemos que muitas vezes o profissional se torna diretor de um dia para o outro, nem sempre com uma formação para isso, e apoiá-los para serem bons gestores é um diferencial muito importante. Vários deles nos contaram que já estavam adotando práticas novas em seu dia a dia”, relatou Ana Dayse.

Fundeb e redistribuição de recursos

“Naturalmente, esse esforço só é possível graças à cooperação de várias instituições e dos especialistas que gentilmente nos trazem suas expertises e contribuições”, destacou Mozart no último encontro online em agosto, que teve participação da consultora Mariza Abreu, especialista em financiamento educacional e Fundeb. “É fundamental que os diretores também entendam sobre a saúde financeira que leva à saúde pedagógica, e trabalhem juntos com a gestão municipal para qualificação da informação que permitirá uma redistribuição dos recursos”, detalhou o titular da Cátedra, explicando a relação do tema com o curso.

Segundo Mariza Abreu, a discussão sobre o Fundeb precisa estar na pauta dos diretores, inclusive pelo fato de que, a partir de agora, a escolha de gestores escolares com base em critérios técnicos de mérito e desempenho será uma das condicionalidades do cálculo para repasses do fundo para os municípios. “Além disso, a coleta de informações sobre os estudantes, que serão base para redistribuição dos recursos, tem que ser feita na escola, na matrícula que é coordenada pelo diretor. É isso que vai possibilitar a política redistributiva para passar mais recursos às escolas que precisarem mais”, explicou a especialista.

“Portanto, os diretores são muito importantes nesse processo e têm que ter uma compreensão para ajudar no financiamento e funcionamento das suas escolas; identificar quais competências um gestor precisa ter para implementar essas ações é fundamental para melhorar os resultados de aprendizagem das escolas, com qualidade e equidade, que é o nosso grande objetivo”, diz ela.