Cátedra apresenta trabalhos em evento referência de avaliação educacional
[Texto de Marília Rocha - Assessoria de Comunicação da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira]
O IX Congresso Brasileiro de Teoria de Resposta ao Item e Métodos Quantitativos em Avaliação contou com participação ativa da equipe da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira. Organizado pela Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave), o evento busca promover troca de experiências entre pesquisadores e interessados nas discussões sobre as práticas e instrumentos de avaliação e seus usos na educação.
“O Conbratri é uma grande oportunidade para troca de experiências e pesquisas no campo da avaliação educacional, de saber o que os nossos pares estão fazendo de melhor nessa área. Aos nossos estudantes foi uma oportunidade ímpar de conhecer os principais pesquisadores nessa área da educação. Também foi possível constatar os avanços do uso da Inteligência Artificial nas pesquisas educacionais”, destacou Mozart Neves Ramos, titular da Cátedra, que participou da mesa de encerramento do evento, apresentando as análises realizadas pela equipe com indicadores da Rede Municipal de Educação de São Paulo, visando reduzir as desigualdades educacionais.
Para Mozart, um dos momentos importantes do Congresso foi a participação do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Manuel Palácios, que apresentou questões sobre a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e a liberação de microdados, algo considerado fundamental para as pesquisas e estudos da Cátedra. O evento contou também com debates sobre a necessidade de estímulos para a produção científica e formação de quadros na área, para refletir criticamente sobre os processos e atividades de avaliação, socializando os conhecimentos gerados.
Além das conferências e mini cursos, a programação contou com sessões de apresentação de trabalhos orais e em formato de pôsteres, nas quais a Cátedra Sérgio Henrique Ferreira teve cinco trabalhos socializados. Na apresentação oral, o estudante Carlos Eduardo dos Santos falou sobre o dashboard [painel virtual que apresenta um conjunto de indicadores e suas métricas] interativo desenvolvido em parceria com a Secretaria de Educação do município de São Paulo.
O projeto consistiu em gerar visualizações de dados facilitando a interpretação sobre o desempenho das escolas para os gestores educacionais. O dashboard utilizou ferramentas conhecidas entre os cientistas de dados, como a linguagem de programação R e a biblioteca Shiny, e a apresentação também abordou a criação de um banco de dados que tem sido utilizado pela equipe nas análises educacionais, treinamento de modelos de aprendizado de máquina e no auxílio à formação técnica.
“O evento foi muito bem organizado, com temáticas interessantes incluindo a ferramenta sensação do momento: a inteligência artificial no contexto da educação. Todas as palestras e minicursos foram fundamentais para provocar insights sobre o uso de ferramentas para criar métodos de avaliação na educação”, relatou Carlos Eduardo.
Pôsteres e outras participações
Além de conhecer novas perspectivas e novidades em primeira mão – como a plataforma em teste do Inep que pretende sanar problemas de acesso aos dados protegidos, e análises sobre o PISA, programa internacional de avaliação promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – a equipe também pôde praticar a aplicação de novos métodos e técnicas.
“Participar de eventos como este sempre fornece uma excelente oportunidade de conhecer teorias por trás dos métodos, formas de interpretar os resultados, mesmo de linguagem que já utilizamos aqui, mas podemos aprofundar”, contou a analista da Cátedra, Larissa Maciel ao refletir sobre o minicurso em que usou linguagem R para ajustar as escalas de pontuação de diferentes testes permitindo comparar resultados.
“Nas apresentações de pôsteres foi possível conhecer diversos trabalhos com metodologias diferentes e que podem ser agregadas nas nossas pesquisas. Vimos trabalhos que se assemelharam com nosso objetivo e proporcionaram reflexões com outros pesquisadores, permitindo ouvir ponderações de outras perspectivas”, completou. “Sempre retorno com novas ideias e a renovação do prazer de fazer parte da comunidade que tanto luta pela melhoria da educação do nosso país.”
Na sessão de pôsteres, estudantes do Laboratório de Ciências de Dados em Educação da Cátedra apresentaram quatro trabalhos. Um deles foi o estudo sobre o desempenho escolar na rede municipal de São Paulo entre 2017 e 2019, para oferecer uma visão sistêmica das desigualdades no município, analisando a relação entre desempenho escolar e nível socioeconômico. “O trabalho despertou bastante interesse, com vários pesquisadores fazendo perguntas e até tirando fotos. No evento, consegui ter uma visão mais ampla sobre as temáticas e pesquisas de outros pesquisadores na área, e também uma noção mais clara do estado atual da avaliação educacional e da TRI [Teoria de Resposta ao Item] no Brasil”, contou o analista Pedro Sartori.
O estagiário em análise de dados João Gabriel Silveira apresentou estudo em que prevê o percentual de aprendizado adequado a nível de escola, utilizando aprendizado de máquina. “Conseguimos boas métricas de desempenho, com erros inferiores a 3% para mais e para menos, em um problema de alta complexidade. Como jovem pesquisador, acredito que o maior fruto do evento, além do aprendizado, foi enxergar a dimensão dos trabalhos e ter uma ideia de como eles estão sendo aplicados no Brasil. As palestras e mesas-redondas me trouxeram muitas ideias e possibilidades de aplicação das mais diversas técnicas na educação”, descreveu o estudante.
Em outro pôster, o pesquisador Lourival Matias apresentou o trabalho "Fatores associados à variação de desempenho educacional no período de Pandemia de Covid-19 nos Anos Finais da Educação Fundamental", para tentar entender quais as variáveis com maior impacto neste período de recessão educacional. “Com a troca de conhecimentos, as pessoas ajudam a evoluir os trabalhos uns dos outros. Percebia-se um interesse geral em entender melhor o processo avaliativo no Brasil e no mundo e a partir daí melhorá-los”, analisou Lourival. “Contudo, senti falta de palestras que debatessem mais sobre como interligar os métodos de ensino com a avaliação escolar. Sinto que, no contexto geral, essas duas etapas primordiais da construção do conhecimento, no Brasil, ainda não dialogam bem”, completou, apontando para possibilidades de avanços nas atividades do setor.