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O diálogo entre ciência e saber tradicional para a conservação da biodiversidade

por Mauro Bellesa - publicado 28/03/2014 17:35 - última modificação 31/05/2017 08:06

O debate 'Narrativas Visuais, Populares e Científicas: Povos Tradicionais e o Desafio da Conservação da Biodiversidade' será realizado nos dias 9 e 10 de abril, das 9h30 às 12h30, na Sala de Eventos do IEA-USP.
Menino índio
Existem justificativas racionais para que o humano seja apartado de seu ambiente?

O debate Narrativas Visuais, Populares e Científicas: Povos Tradicionais e o Desafio da Conservação da Biodiversidade, que o Grupo de Pesquisa Filosofia, História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia promove nos dias 9 e 10 de abril, no IEA-USP, (leia programação abaixo) enfatizará a necessidade de um diálogo cooperativo entre o conhecimento científico e os saberes tradicionais, tendo em vista uma concepção de conservação da biodiversidade sensível aos valores de justiça social, participação popular e sustentabilidade.

Será dado especial destaque ao registro documental imagético, visto como um inventário de práticas sociais e culturais que contribui com as ciências humanas e sociais no mapeamento e na interpretação das realidades amazônicas.

De acordo com os organizadores do debate, "a ciência e a perspectiva tecnológica a ela associada tendem a traduzir a Amazônia como repositório de recursos naturais, diversidade biológica e 'banco' genético, que deve ser explorado para atender as necessidades humanas, mais especificamente para responder ao modelo hegemônico de progresso".

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Entretanto, alertam os pesquisadores, "a ciência e a tecnologia, enquanto vetores do desenvolvimento racional e do ideário de florescimento humano a ele subjacente, opõem-se ao conhecimento tradicional, isto é, aos saberes e modos de vidas de povos e comunidades locais, por considerarem que eles constituem entraves à modernização".

Tendo em conta as possíveis tensões decorrentes do encontro dessas narrativas, surgem alguns questionamentos: os saberes tradicionais e a ciência constituem racionalidades rivais? Em que pesem suas dissensões, a cooperação entre essas racionalidades constitui uma alternativa viável? E, em consequência, no campo da proteção ambiental, existem justificativas racionais para que o humano seja apartado de seu ambiente e a biodiversidade separada das culturas humanas?

Segundo os organizadores, o diálogo cooperativo entre as duas vertentes encontra sustentação nos aportes teóricos do modelo da interação entre a ciência e os valores que é desenvolvido pelo grupo de pesquisa [leia entrevista com Hugh Lacey a respeito desse modelo]: "Os argumentos do modelo em favor do pluralismo estratégico apontam para a necessidade de pesquisas baseadas na complementaridade metodológica e para a possibilidade de adoção de alternativas não convencionais nas práticas de conservação da biodiversidade".

Três questões centrais permearão as duas mesas do debate:

  • o registro documental imagético e a pesquisa de campo: da imagem à tradução das realidades;
  • diálogos entre a ciência e os saberes tradicionais: do modelo da interação ao pluralismo metodológico;
  • comunicação e polarização entre narrativas científicas e populares na conservação da biodiversidade.


O evento é aberto ao público e gratuito. Para participar é preciso se inscrever com Leila Costa (leila.costa@usp.br), telefone (11) 3091-1681. Quem não puder comparecer poderá assistir às mesas ao vivo na web.

PROGRAMAÇÃO

Mesa 1 — 9 de abril —  das 9h30 às 12h30


Mesa 2 —
10 de abril — das 9h30 às 12h30

 

Foto: Flávia Dourado/IEA-USP