A soma das exportações e importações do comércio brasileiro com a Índia somou US$ 7,9 bilhões em 2015, com déficit para o Brasil de US$ 672 milhões. Os dois países julgam que há potencial para aumentar consideravelmente esse comércio. Durante a 8ª Cúpula dos Brics em Goa, estado indiano, nos dias 15 e 16 de outubro, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, declarou que há potencial para esse comércio ser triplicado nos próximos anos.
O empresariado dos dois países considera que um dos entraves para a ampliação das relações comerciais é a complexidade burocrática e jurídica que permeia o processo. Diante disso, o presidente Michel Temer e o primeiro ministro indiano, Narendra Modi, assinaram durante a cúpula um acordo de cooperação que prevê a redução da burocracia e aumento da jurídica para as empresas.
Seminário
Para analisar as perspectivas para esse comércio, o IEA e a Câmara de Comércio Brasil-Índia realizam no dia 5 de dezembro, às 9h30, o encontro Goa, uma Janela Intercultural para Relações Comerciais na Índia, que terá transmissão ao vivo pela internet. O conferencista será Aurobindo Xavier, presidente da Sociedade Lusófona de Goa e especialista em investimento internacional, ambiente, interculturalidade e promoção de contatos internacionais.
Os debatedores do evento serão: Afonso Fleury, professor da Escola Politécnica da USP e um dos autores do livro “Emerging Indian Multinationals”, recentemente publicado pela Universidade de Oxford, Reino Unido; e o embaixador Fausto Godoy, ex-cônsul-geral do Brasil em Mumbai e coordenador do Núcleo de Estudos de Países Asiáticos da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
O seminário será aberto por Paulo Saldiva, diretor do IEA e docente da Faculdade de Medicina da USP, e por Roberto Paranhos do Rio-Branco, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Índia. A organização do encontro é coordenada por: Alberto Pfeifer, do IEA e do Instituto de Relações Internacionais da USP; Guilherme Ary Plonski, vice-diretor do IEA e docente da Escola Politécnica e da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP; e Jean Carlo Viterbo, da Câmara de Comércio Brasil-Índia.
Em termos de valores, o mercado indiano é o 8º destino das exportações brasileiras e a 11ª origem das importações do país. Combustíveis, açúcar, minérios, gorduras/óleos, ferro/aço e aviões são os seis principais itens da pauta de exportações para a Índia, que tem como principais produtos exportados para o Brasil combustíveis, químicos orgânicos, máquinas mecânicas, filamentos sintéticos, farmacêuticos e máquinas elétricas. O empresariado brasileiro acredita há condições de ampliar as exportações para a Índia em vários setores, entre os quais os de alimentos processados, aviação civil, energia e mineração.
País com a economia que mais cresce entre os Brics, com o terceiro maior PIB (pelo critério de paridade de poder de compra do dólar) e que em três anos será o mais populoso do planeta, a Índia configura-se como um mercado estratégico para o Brasil, uma vez que, apesar das disparidades internas, possui a maior classe média do mundo, com cerca de 300 milhões de pessoas.
Porta de entrada
Uma empresa brasileira que invista ou estabeleça contatos na Índia enfrentará barreiras relacionadas ao gigantismo do país associado à diversidade de mentalidades, culturas, línguas, religião ou mesmo etnias. Para superar esses entraves, a opção pode ser ingressar no país por Goa, que foi colônia portuguesa durante 451 ano (1510-1961).
As similaridades entre o Brasil e Goa em termos culturais, de alimentação, religiosos e de mentalidade luso-tropical facilitam a aproximação, segundo a Câmara de Comércio Brasil-Índia. Outros atrativos de Goa são seu parque industrial e a maior renda per capita da Índia.
