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Roberto Lobo analisa a crise nos cursos de engenharia

por Mauro Bellesa - publicado 09/03/2020 12:40 - última modificação 16/03/2020 09:28

Atendendo às medidas de prevenção à disseminação do coronavírus (Covid-19), este evento foi ADIADO, com nova data a ser definida.

Alunos da Escola Politécnica da USP
Para Roberto Lobo, as instituições de ensino terão de se organizar para acompanhar as oscilações na demanda de formação de engenheiros

ATENÇÃO: Atendendo às medidas de prevenção à disseminação do coronavírus (Covid-19), este evento foi ADIADO, com nova data a ser definida.

 

O final da segunda década do século apresenta uma crise sem precedentes na formação de engenheiros no Brasil, segundo o professor sênior do IEA Roberto Lobo , ex-reitor da USP e presidente do Instituto Lobo. Para apresentar e discutir essa situação, em busca de respostas sobre o que deve ser feito para revertê-la, Lobo e o professor José Roberto Cardoso, ex-diretor da Escola Politécnica (EP) da USP, programaram o encontro Questões Centrais da Crise nos Cursos de Engenharia, que ocorrerá no dia 27 de abril, às 14h.

O expositor será o próprio Lobo, cujo projeto no IEA trata de inovação, interdisciplinaridade, educação superior e formação em engenharia no Brasil, incluindo a redação final do livro "Engenheiros para Quê? Formação e Profissão dos Engenheiros no Brasil”, que está produzindo com colaboradores. Os debatedores serão Marcelo Nitz, pró-reitor acadêmico do Instituto Mauá de Tecnologia, e Simon Schwatzman, diretor para o Brasil do American Institutes for Research (AIRBrasil). A moderação estará a cargo de Cardoso.

O evento é gratuito e aberto a todos os interessados, mediante inscrição prévia online. Quem não puder comparecer terá a oportunidade de assistir à transmissão ao vivo pela internet (sem necessidade de inscrição).

Expectativa frustrada

O lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em janeiro de 2007 gerou grande avanço da profissão de engenheiro devido à expectativa de elevados investimentos em infraestrutura - US$ 250 bilhões do governo federal  –, que exigiriam a formação de 250 mil desses profissionais nos quatro anos seguintes, "muito acima da capacidade de formação das escolas do país", diz Lobo.

Para ampliar a formação de engenheiros, foram criados vários incentivos, desde o programa Pró-Engenharia da Capes até as políticas de incentivo do Fies (para o ensino privado) e do Reuni (para o ensino público), comenta o ex-reitor. "Esses estímulos resultaram em aumento de 50% na oferta de cursos de engenharia, nem sempre obedecendo aos padrões de qualidade desejáveis. Até então, a procura por cursos de engenharia no Brasil era inferior ao que se observava, por exemplo, nos países membros da OCDE e na China."

No entanto, por uma série de razões políticas e econômicas, a previsão surgida em razão do PAC não se concretizou, afirma Lobo. "Ao contrário, aumentou o desemprego na profissão, o que afastou muitos jovens da carreira. A demanda dos estudantes pelos cursos de engenharia é uma das que mais segue as variações do PIB nacional."

A nova década começa com notícias de fechamento de escolas de engenharia. O fechamento de cursos causa impacto e pode ser medido, de acordo com Lobo, mas o fechamento "silencioso", traduzido pela redução na oferta de vagas ou por vagas ociosas, "não é devidamente analisado ou até mesmo conhecido, apesar de ser elevado". Além disso, há outros fatores que afetam a formação de engenheiros, como os altos índices de evasão dos cursos, acrescenta.

Para ele, há carência de dados e análises sistemáticas para embasar políticas educacionais de ensino superior e avaliar a repercussão destas políticas. Para colaborar na superação dessas dificuldades, o evento buscará respostas para cinco questões:

  • Quais são os dados mais importantes para a gestão e tomada de decisões sobre a engenharia no país?
  • O que nos mostram os países líderes?
  • Que medidas podem e devem ser tomadas para reverter este quadro negativo?
  • Como as instituições de ensino superior poderão se organizar para acompanhar as oscilações da demanda na formação de engenheiros e atrair mais estudantes?
  • Deve existir uma política de incentivos para diminuir as nefastas consequências das flutuações da demanda em áreas importantes para o desenvolvimento do país, como a engenharia?


Questões Centrais da Crise nos Cursos de Engenharia
27 de março, 14h
Local: Auditório IEA, Rua da Praça do Relógio, 109, térreo, Cidade Universitária, São Paulo
Evento gratuito e aberto ao público, mediante inscrição prévia online
Haverá transmissão ao vivo pela internet (sem necessidade de inscrição para assistir)
Mais informações: com Sandra Sedini (sedini@usp.br), telefone (11) 3091-1678
Página do evento
Foto: Cecília Bastos/SCS-USP