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Talento e Inovação foi o tema do 3º encontro dos Diálogos de Competitividade

por Mauro Bellesa - publicado 08/05/2014 16:15 - última modificação 05/08/2014 10:35
Rights: Ivan Bicudo/ABDI

Encontro realizado no dia 28 de abril foi o segundo de uma série de quatro organizada pela ABDI e pelo MBC, com apoio do IEA-USP e do Ipea.

Por Ivan Bicudo, da ABDI

3º Encontro dos Diálogos de Competitividade

Em mais uma rodada de debates sobre competitividade no Brasil, especialistas se reuniram no dia 6 de maio, no IEA-USP, para discutir o tema Talento e Inovação, que trata em termos gerais da educação, da qualificação profissional e da inovação.

O encontro foi o terceiro do ciclo Diálogos de Competitividade, promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Movimento Brasil Corporativo (MBC), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Grupo de Pesquisa Observatório da Inovação e Competitividade/NAP (OIC) do IEA-USP, com o objetivo de abrir um canal de diálogo sobre a competitividade brasileira, em comparação à de outros países, e refletir sobre quais são os elementos para uma agenda estratégica de desenvolvimento para o país.

A mesa redonda teve a participação de Maria Luisa Leal, presidente substituta da ABDI; Marcos Vinícius de Souza, diretor de Fomento à Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC); Gustavo Adolfo, assessor de Acompanhamento e Avaliação das Ações Finalísticas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); Lívio Amaral, diretor de Avaliação da Capes; Cássio Spina, diretor executivo da Anjos do Brasil; Guilherme Lima, diretor da Whirlpool; Alberto Claudio Gadioli da Silva, diretor de Laboratório, Pesquisa e Desenvolvimento da 3M.

O debate teve como ponto de partida a apresentação dos moderadores Mario Sérgio Salerno, coordenador do OIC, e Roberto Alvarez, gerente de Análises e Planejamento Estratégico da ABDI. Alvarez apresentou dados sobre a mão de obra qualificada, o nível de escolaridade da população e a disponibilidade de especialidades relacionadas ao processo de inovação e diferenciação das economias. As informações integram o banco de dados DecoderTM, um decodificador de competitividade que funciona na web. Implementado em fase-piloto, o DecoderTM aborda 8 dimensões, reunindo 164 indicadores, de 65 países diferentes, referentes a uma série de 12 anos.

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A apresentação inicial destacou dois pontos, a partir dos dados do decodificador: o aumento do acesso à educação no Brasil — a quantidade de alunos matriculados nas redes de ensino em contraste com a qualidade da educação — e o também recente aumento dos esforços de estímulo à inovação, porém com eficiência ainda questionável.  A partir dessa argumentação, procurou-se buscar soluções sobre como avançar em educação simultaneamente em quantidade e qualidade, e como aumentar a eficiência dos esforços de estimulo à inovação.

Crescimento relativo

Para Marcos Vinícius, o DecoderTM é uma iniciativa importante para auferir a competitividade do Brasil em relação aos demais países: “Não importa o quanto crescemos em nossa história, mas o quanto crescemos em relação aos nossos competidores”. Ele argumentou que, se o país quer aumentar sua competitividade, é preciso crescer mais rápido que os outros.

Ao observar os dados da ferramenta, incluindo os que dizem respeito ao registro de patentes, Lívio Amaral destacou que “o Brasil é muito recente no conceito de universidade”. Ele lembrou que a primeira universidade, da forma como é tradicionalmente conhecida, teve seu início no Brasil na década de 1930. “Nenhum dos países que desenvolve patentes, o faz sem grande base científica.” Ele apontou que o Brasil, embora tenha desenvolvido consistentemente seus programas de pós-graduação desde a década de 70, ainda está longe de ter qualificação científica como outros países. “Temos 1.9 doutores para cada mil habitantes. No Canadá, são 5.4 e na Alemanha, 22”, observou. Para diminuir essa diferença, Lívio ressaltou a importância do programa Ciência Sem Fronteiras, que insere alunos de graduação e pós-graduação em instituições de ensino no exterior. Segundo o especialista, a iniciativa melhora a imagem do Brasil e tem criado oportunidades para a extensão da qualificação de profissionais.

Educação para inovar

O ambiente de inovação brasileiro foi um dos tópicos de destaque nas discussões, no que diz respeito à sua qualidade e ao relacionamento entre universidades e empresas. Segundo Guilherme Lima, a inovação é um processo de médio a longo prazo: “Não conseguimos desenvolver parcerias e inovação em longo prazo, a interação de empresas com universidades ainda não é uma prática padrão".

Além disso, a educação de base foi apontada como sendo uma lacuna na qualificação de profissionais para o mercado de trabalho. Alberto Claudio Gadioli disse que esse gargalo “se traduz na necessidade de investimento interno em capacitação”. Segundo ele, a 3M possui uma academia interna pela qual passa a maioria dos funcionários, com carga horária de 200 a 300 horas-aula. “Isso é o equivalente a um MBA”. Quanto ao relacionamento entre a empresa e as instituições de ensino, reconheceu que houve grande avanço com a Lei de Inovação, mas ainda falta melhorar o sistema de regulação, que ainda é desfavorável para as empresas no desenvolvimento de pesquisas.

Regulação

A importância da inovação para a indústria foi ressaltada pela presidente substituta da ABDI, Maria Luisa Leal. Ela acrescentou que as “questões regulatórias são as mais importantes para criarmos um ambiente propício para a inovação”. No entanto, segundo Maria Luisa, é necessário não perder de vista o objetivo da inovação e atentar para o fato de que entender as necessidades de diferentes empresas é um desafio para o desenvolvimento industrial no Brasil.

Foto: Sandra Codo/IEA-USP