- Pintura ''The Doctor'' (1891), de Luke Fildes | Foto: Domínio público
O campo das humanidades médicas surgiu na segunda metade do século 20 com a finalidade de utilizar as lentes e ferramentas analíticas das artes e humanidades para investigar questões sobre a saúde, as doenças e as respostas à doença. O principal objetivo do desenvolvimento dessa ciência era transcender as esferas clássicas de análise, como a ética médica, a história e a sociologia da medicina.
Para debater em profundidade o tema a partir de exemplos da literatura e da história, o IEA receberá o ciclo de eventos Health Humanities in a Comparative Perspective: Science, Literature, History. Serão dois encontros, realizados nos dias 1º e 9 de abril, entre as 14h e as 17h. As atividades serão conduzidas em inglês, sem tradução, e para participar presencialmente é necessário realizar uma inscrição prévia (parte 1 | parte 2). Haverá também uma transmissão ao vivo pelo site do IEA, para a qual não é preciso se inscrever.
Fabiana Buitor Carelli, professora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, é coordenadora dos encontros. Além dela, participarão de ambos os encontros os professores Brian Hurwitz, diretor do Centro de Humanidades e Saúde do King's College de Londres, e Ruth Richardson, pesquisadora independente e professora visitante na Universidade de Hong Kong.
A organização é do Grupo de Estudos e Pesquisa Literatura, Narrativa e Medicina (Genam), da FFLCH-USP, com apoio do Centro de Estudos das Literaturas e Culturas de Língua Portuguesa (CELP), também da FFLCH-USP; do Departamentos de Clínica Médica, do Departamento de Medicina Preventiva e do Centro de Desenvolvimento de Educação Médica da FM-USP e do IEA.
Programação
Parte 1 (1º de abril)
Brian Hurwitz — What are the Medical Humanities and Why Do They Matter?
As Humanidades Médicas abrangem hoje uma série de comunidades discursivas que utilizam as lentes e ferramentas analíticas das artes e humanidades para investigar questões sobre a saúde, as doenças e as respostas à doença. O campo surgiu na segunda metade do século XX a partir de interações cruzadas que buscavam iluminar práticas médicas em um terreno mais amplo de investigação do que as disciplinas bimodais já estabelecidas, como a ética médica, a história e a sociologia da medicina, empregando uma gama mais ampla de métodos, análises e perspectivas e inquirindo se todos os aspectos da prática médica estariam sob a égide da medicina como ciência. Nesta conferência, traçarei as origens do que agora é também conhecido como Humanidades em Saúde e discutirei o seu potencial para ligar-se aos estudos sobre movimentos de usuário e necessidades especiais.
Ruth Richardson — Gray’s Anatomy (1858), the Creation of an International Textbook
O manual A Anatomia de Gray (1858) difundiu o nome de seu autor - Henry Gray - em todo o mundo. Mas, na verdade, foi criado por dois jovens médicos durante a época vitoriana, em Londres. As dissecções nas quais o livro foi baseado eram compartilhadas entre Gray e um médico mais jovem, Henry Vandyke Carter, que criou todas as ilustrações extraordinárias que sustentam a fama da obra. Esta conferência mapeia a história da criação do manual: por que foi necessário, por que foi criado, como o trabalho foi feito. Analisa o relacionamento de Gray com Carter, seus editores, gravadores, impressores e outros que se formaram do necrotério para a laje da sala de dissecação.
Parte 2 (9 de abril)
Brian Hurwitz — How an Essay Transformed a Disease in 1817
A obra de James Parkinson Ensaio sobre a Paralisia Agitante (1817) reorganizou uma série de distúrbios da mobilidade humana como um único tipo de doença. Baseando-se em observações clínicas e do ambiente, o Ensaio caracterizou um conjunto de distúrbios de tremor, postura e marcha, até então não reconhecidos, ao unir descrições de casos para criar um relato impactante da doença. Esta palestra examinará a maquinaria textual que Parkinson implantou para criar uma nova narrativa para um distúrbio, baseando-se na escrita sentimental, em sua panfletagem política e em observações internas e externas, no contexto de relatos anteriores de distúrbios do tremor.
Ruth Richardson — A.J. Cronin’s The Citadel: The 1937 Novel That Helped To Create the UK’s National Health Service
Quando foi publicado em julho de 1937, o romance de A. J. Cronin A cidadela atraiu críticas acaloradas de outros médicos. Que um médico expusesse outros médicos, mesmo na ficção, foi considerado uma traição profissional. No entanto, este romance revelador e romântico acabou por ter um papel significativo na criação do consenso que levou à fundação do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido.
Health Humanities in a Comparative Perspective: Science, Literature, History
Parte 1 - 01 de abril, das 14 às 17h
Parte 2 - 09 de abril, das 14 às 17h
Sala Alfredo Bosi, Rua da Praça do Relógio, 109, térreo, Cidade Universitária, São Paulo
Eventos gratuitos, em inglês (sem tradução) e com transmissão ao vivo pela internet
Para acompanhar presencialmente, é necessário se inscrever: Parte 1 | Parte 2
Mais informações: Cláudia R. Pereira (clauregi@usp.br); telefone (11) 3091-1686
Páginas dos eventos: Parte 1 | Parte 2