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Estudo da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira sobre desempenho educacional do Brasil é destaque na imprensa especializada

por Thais Cardoso - publicado 03/12/2024 15:20 - última modificação 03/12/2024 15:29

Novos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica e escuta a educadores apontam desafios que ainda precisam ser superados para educação avançar

[Texto de Marília Rocha - Assessoria de Comunicação da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira]

A reportagem de capa da edição de novembro da Revista Educação, um dos principais veículos especializados na temática educacional no País, destacou o trabalho da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP. O estudo comparou a tendência de desempenho dos Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental em dois períodos (2005-2019 e 2021-2023) e revelou o tamanho da dificuldade em recuperar o ritmo de crescimento pré-pandemia, mostrando que o Brasil está patinando, enquanto crianças e adolescentes não aprendem o que era esperado.

O estudo do Laboratório de Ciência de Dados em Educação, área de análises de dados da Cátedra, projetou previsões com base nos dados históricos (2005-2019) e depois comparou com os resultados efetivamente alcançados em 2023 na nota padronizada do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica). A tendência é que nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental apenas em 2025 sejam atingidos os valores que poderiam ter sido conquistados já em 2023, e o cenário é ainda pior nos Anos Finais: o País pode levar ainda três anos para alcançar o desempenho que poderia ter realizado em 2023.

“A gente está vendo uma dificuldade extrema para retomar um padrão que já era pífio, bem abaixo do que devemos promover na aprendizagem dos estudantes. Significa que, em média, os estudantes do 9º ano de 2023 sabem muito menos do que saberiam se o crescimento não tivesse sido interrompido, e nós não estamos conseguindo reverter este quadro”, analisou Mozart Neves Ramos, titular da Cátedra.

“Esperar voltar ao patamar de 2019 ainda é pouco perto do que a gente deveria querer para o País”, afirmou o analista de dados Pedro Sartori. Ele e o também analista Lourival Matias destacaram outra análise do grupo para apontar possíveis caminhos de políticas públicas que busquem bom desempenho, mesmo em nível socioeconômico desfavorável: baixas taxas de abandono e distorção idade-série, e adequação da formação docente.

Redes de ensino relatam principais dificuldades

“A gente olha o cenário e vê que o país realmente está ficando para trás. Não adianta criar lei de recomposição de aprendizagens, se não tivermos insumos e condições de executar, a gente precisa de direcionamentos que apoiem o trabalho de cada escola”, afirmou a secretária de Educação de Jundiaí (SP), Vastí Ferrari Marques, também ouvida pela reportagem. Para ela, a situação atual reforça a importância de realizar análises estatísticas, para que cada rede de ensino compreenda o que os seus números estão mostrando. “Se a Secretaria de Educação não monitora suas escolas, está fadada ao erro. Quando a gente entende os números e relaciona com habilidades e competências, a gente sabe onde precisa chegar e entende o que esse aluno sabe e o que não sabe. Não dá para fazer tudo igual com todo mundo. E o Brasil tem dificuldade de fazer leitura de dados, por isso que a gente avança tão devagar.”

Na mesma linha, a secretária de Educação de Atalaia (AL), Glauciane Veiga, também destacou a importância da análise de dados para reverter o cenário atual: “Temos capacitação de gestores e professores para que façam uso estratégico dos dados educacionais. Ao desenvolver essa competência, eles não apenas compreendem o que os dados revelam, mas também transformam essas informações em ações concretas que podem melhorar o desempenho dos estudantes”, explicou a secretária.

“As redes de ensino estão cientes de que a recuperação exige ações em diversas frentes. (...) é preciso ampliar a formação continuada de professores, com foco em metodologias que dialoguem melhor com a realidade dos estudantes e na criação de espaços colaborativos entre educadores para troca de experiências e boas práticas.

O responsável da pasta de Avaliação Interna e Externa do município de Pilar (AL), Tobias do Nascimento, acrescentou a importância de manter o engajamento das equipes: “Precisa de muito acompanhamento e formação (...) mostrar o que as avaliações estão indicando, saber observar e compreender as dificuldades de cada estudante e como promover as habilidades que estão faltando, conseguindo multiplicar isso em todas as escolas. Mas, com alta rotatividade, parte desse trabalho pode acabar se perdendo”, analisou. “Para tomar qualquer decisão, tem que ter conhecimento, não basta fazer a prova, tem que saber o que ela mostra.”