Evento discute impacto ambiental de futuro centro logístico em Paranapiacaba
A vila de Paranapiacaba, localizada no município de Santo André, em São Paulo, passa por um conflito interno que envolve a criação de um grande complexo logístico. Um movimento intitulado “SOS Paranapiacaba”, constituído por moradores, lideranças da vila e ONGs, tem se posicionado contrariamente ao empreendimento, por considerar que pode trazer graves impactos ambientais à região. O projeto está em fase de licenciamento ambiental pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Com o intuito de aprofundar os diálogos e reflexões sobre o tema, o Grupo de Pesquisa Meio Ambiente e Sociedade do IEA-USP realizará o evento SOS Paranapiacaba — Conflitos, Saberes e Possibilidades de Desenvolvimento na Macrometrópole Paulista, no dia 22 de novembro, das 10h às 17h. O encontro, que reunirá moradores e representantes da academia e do governo, é organizado no âmbito do Projeto Temático Fapesp Governança Ambiental na Macrometrópole Paulista face à Variabilidade Climática (MacroAmb), sob o comando do professor Pedro Roberto Jacobi, que também coordena o Grupo de Pesquisa.
O evento é público e gratuito, sem necessidade de inscrição prévia para participar. Haverá uma transmissão ao vivo das atividades pelo site do IEA, para a qual também não é necessário se inscrever.
Possíveis impactos
Paranapiacaba está localizada em uma Macrozona de Proteção Ambiental que abriga uma grande área de Mata Atlântica e outras unidades de conservação, como o Parque Estadual da Serra do Mar e a Reserva Biológica do Alto da Serra. Segundo Ruth Ferreira Ramos, pesquisadora do MacroAmb e coorganizadora do evento, o empreendimento em licenciamento poderá suprimir um total de 96 hectares de Mata Atlântica — área equivalente a 96 campos de futebol. Com o desmatamento, estão previstos também o afugentamento e morte de espécies nativas, muitas das quais correm risco de extinção.
Ruth alerta ainda para os impactos sobre os recursos hídricos do local: “A movimentação de terra e o aterro dos corpos d’água interferem diretamente no serviço ecossistêmico de provisão de água”. Segundo ela, Paranapiacaba é uma região riquíssima em nascentes, como as cabeceiras do Rio Grande, principal formador da Represa Billings.
“Além dos impactos da implantação, há os mais específicos relacionados à operação de um centro logístico que prevê mais de mil viagens de caminhão por dia na rodovia SP-122, única que dá acesso à vila”, ressalta a pesquisadora. A circulação intensa de veículos de grande porte deve causar o aumento da emissão de gases, atropelamento da fauna e níveis elevados de ruído.
Paranapiacaba é uma das regiões mais preservadas do estado de São Paulo e assegura serviços ecossistêmicos importantes para os arredores. Os organizadores do evento acreditam que debater esse caso é fundamental para pensar “possibilidades e alternativas de desenvolvimento de outros territórios da Macrometrópole Paulista”. Entre os temas que serão abordados no encontro estão a agricultura urbana e periurbana como estratégia de geração de emprego e renda, modelos de desenvolvimento e meio ambiente, e planejamento e governança ambiental.
Foto: OS2Warp/Wikipedia
Programação
10h |
Abertura |
10h15 |
Dácio Roberto Matheus (UFABC)
A agricultura urbana e periurbana como estratégia de geração de emprego e renda aliada à conservação da água e da biodiversidade na RMSP
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10h45 | Comentários: Silvia Passarelli (PGT-UFABC) |
11h | Mesa 1: Modelos de Desenvolvimento e Meio Ambiente - Contribuições para o Caso de Paranapiacaba Paulo Sinisgalli (EACH, IEE e IEA-USP) – Importância das áreas prestadores de serviços ambientais. Vanessa Bello (PUC-Campinas) – Gestão integrada, compartilhada e sustentável de paisagens culturais. Vanessa Empinotti (PGT-UFABC) – Ruralidades, conflitos e meio ambiente no Estado de SP. Produção e acesso a água, Desafios para novas possibilidades de planejamento e gestão do território. Israel Mário Lopes (morador de Paranapiacaba, liderança do Movimento SOS Paranapiacaba) – Paranapiacaba, o futuro que queremos. Comentadora: Roberta Maia (UFABC) Mediadora: Tatiana Rotondaro (FEA, IEE e IEA-USP) |
12h30 | Intervalo |
14h | Mesa 2: Planejamento e Governança Ambiental na MMP Sueli Furlan (IEA-USP) – Planejamento ambiental, unidades de conservação na MMP. Representante Emplasa – A MMP como Unidade de Planejamento do Estado. João Ricardo Guimarães Caetano (consultor ambiental, foi Subprefeito de Paranapiacaba entre 2001 e 2007) – Paranapiacaba: planejamento estratégico para recuperação do patrimônio histórico e ambiental. Klaus Frey (PGT-UFABC) – Governança Multinível e planejamento: desafios para a governança ambiental da MMP. Comentador: Pedro R. Jacobi (IEA e IEE-USP) Mediador: Silvia Zanirato (IEA-USP) |
15h30 | Intervalo |
16h |
Palestra de Encerramento Sandra Lencioni (USP) – Caminhos, fluxos e tensões: desafios contemporâneos para a Macrometrópole Paulista Comentadora: Silvana Zioni (PGT-UFABC) Mediador: Leandro Giatti (FSP e IEA-USP) |
SOS Paranapiacaba — Conflitos, Saberes e Possibilidades de Desenvolvimento na Macrometrópole Paulista
22 de novembro, das 10h às 17h
Auditório do IEA, Rua da Praça do Relógio, 109, térreo, Cidade Universitária, São Paulo
Evento público e gratuito, com transmissão ao vivo pela internet
Não é necessário se inscrever
Mais informações: Sandra Sedini (sedini@usp.br); telefone (11) 3091-1678
Página do evento