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Ex-diretor do IEA é entrevistado no Roda Viva

por Flávia Dourado - publicado 17/12/2014 17:30 - última modificação 10/08/2015 17:14

Carlos Guilherme Mota, primeiro diretor do IEA, foi o entrevistado do programa Roda Viva exibido no dia 8 de dezembro.

Carlos Guilherme Mota - PerfilO historiador Carlos Guilherme Mota, primeiro diretor e professor honorário do IEA e professor titular aposentado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, esteve no centro do programa "Roda Vida" (TV Cultura), no dia 8 de dezembro (veja o vídeo).

Mota, que atualmente é professor titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie, falou sobre as temáticas abordadas na nova edição do livro "História do Brasil - Uma Interpretação", escrito por ele em parceria com a também historiadora Adriana Lopez.

Lançado em 2008, a obra sintetiza os principais acontecimentos da historiografia brasileira e analisa criticamente a formação da identidade nacional à luz da herança política, econômica e cultural do país. A versão atualizada, que deve chegar às livrarias em janeiro próximo, inclui aspectos da história recente do Brasil, com episódios até o início de 2014.

Apresentado pelo jornalista Augusto Nunes, o programa contou com uma bancada de entrevistadores formada pela cientista política Glenda Mezarobba; por Paulo Werneck, curador da Flip 2015; e pelos jornalistas Gabriel Manzano Filho, repórter do jornal O Estado de S. Paulo, Eugênio Bucci, professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, e colunista do jornal O Estado de S. Paulo e da revista Época, e Oscar Pilagallo, escritor e coautor do livro de história em quadrinhos "O Golpe de 64".

As rodadas de perguntas e respostas se concentraram nos principais fatos que moldaram o Brasil de hoje, em personagens marcantes na trajetória nacional e no atual momento político do país. Mota comentou as transformações pelas quais a sociedade brasileira passou e ainda vem passando, e destacou que as estruturas permanecem inalteradas. "Muda, mas é a mesma coisa. O modelo básico de desenvolvimento, o modelo histórico-social não mudou."

De acordo com Mota, tendo em vista os rumos do Brasil nos últimos seis anos, desde que a primeira edição do livro foi publicada, o trecho que fecha o texto precisa ser revisado por apostar num cenário de transformações profundas, que não se concretizou, e por revelar um tom de esperança que já não existe mais:

Lula vive momento decisivo de sua trajetória, em um processo que deve apontar para o aprofundamento de sua ruptura efetiva com os paradigmas do coronelismo, do populismo, do fisiologismo, do nepotismo abertamente defendidos pelos deputados Severinos, do 'centrão', da corrupção, inclusive no seio de seu partido de origem.

"Aquela edição termina com uma expectativa de ruptura, e não foi nada disso que encontramos e não é nada disso que estamos assistindo", destacou, lembrando que, tal como o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva decepcionou ao sinalizar para uma esquerda socializante, mas ceder para forças de direita.

"Há uma nova sociedade civil, e não há uma nova esquerda que esteja dando conta dela. A minha expectativa era que essa nova esquerda já fosse o primeiro governo Lula."

CRISE NA USP

Questionado sobre a greve de funcionários, professores e alunos da USP, que resultou no bloqueio da entrada da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin e o levou a pedir demissão do cargo de diretor da instituição em agosto, Mota afirmou que houve abuso por parte dos grevistas.

"Não pude entrar na Biblioteca por 40 dias. Só poderia entrar escoltado por um funcionário do Sintusp. Nem os militares, nem nessa época fomos escoltados. A Biblioteca tem que ficar aberta 24 horas por dia. Essa e qualquer outra."

Mota relembrou, ainda, que em 2013 o conjunto de edifícios da Administração Central da Universidade, onde funcionava a reitoria e fica a sede provisória do IEA, foi ocupado por estudantes que reivindicavam eleições diretas para reitor.

"No ano passado, outubro, houve invasão da reitoria e do nosso IEA, que foi depredado. O IEA é a instituição mais nova da USP; é pequeno, produtivo, e progressista no sentido mais amplo da palavra, mas foi invadido e depredado."

Foto: Mauro Bellesa/IEA-USP