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IEAs criam Fórum de Estudos Avançados

por Mauro Bellesa - publicado 13/08/2015 17:30 - última modificação 19/02/2016 15:36

3º Encontro de IEAs, realizado em Belo Horizonte nos dias 11 e 12 de agosto, cria Fórum de Estudos Avançados.

3º Encontro de Institutos de Estudos Avançados - 1

É cada vez mais expressiva a atuação dos institutos de estudos avançados do país como produtores de pesquisas e análises inter e transdisciplinares sobre temas da ciência, tecnologia, inovação, artes, políticas púbicas e sobre o próprio futuro das universidades. Faltava, porém, uma maior articulação entre eles para que esse papel catalizador se beneficiasse das diversas experiências de cada instituto e da possibilidade de iniciativas conjuntas.

Esse patamar organizacional foi atingido no dia 12 de agosto com a criação do Fórum de Estudos Avançados, durante o 3º Encontro de Institutos de Estudos Avançados brasileiros, realizado no Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O fórum insere-se nas cada vez mais frequentes iniciativas de articulação de IEAs, a exemplo da rede internacional University-Based Institute for Advance Study (Ubias) – da qual o IEA-USP é membro-fundador e integrante do Comitê Dirigente – e o Réseau Français des Instituts d'Études Avancées, criado pelo governo francês.

Relacionado

3º Encontro de Institutos de Estudos Avançados
Belo Horizonte, 11 e 12 de agosto de 2015

ENCONTROS ANTERIORES

Workshop Estudos Avançados e a Universidade
São Paulo, outubro de 2011

2º Encontro Nacional de Institutos de Estudos Avançados do Brasil
Porto Alegre, agosto de 2013

A formalização do fórum consta da "Carta de Belo Horizonte", assinada pelos representantes dos IEAs brasileiros presentes no encontro. Apesar de não ter podido enviar representante, o Centro de Estudos Multidisciplinares (Ceam) da Universidade de Brasília (UnB) também integra o fórum.

De acordo com o documento, o fórum "propõe-se a conceber e desenvolver iniciativas e programas visando à integração entre universidades, governos, empresas e organizações sociais, por meio da construção de redes de produção de conhecimento baseadas na inter e transdisciplinaridade e na responsabilidade pública do conhecimento".

Ainda segundo a carta, o fórum deve contribuir para a mundialização da universidade brasileira e a ampliação e fortalecimento da rede de institutos avançados e participar da reflexão acerca das políticas públicas estratégicas para o futuro da universidade e sociedade.

Propostas

O fórum já estabeleceu algumas metas em curto e médio prazos. Uma delas é a realização de um projeto que reúna pesquisadores seniores e juniores (em fase de pós-doutorado) para o estudo interdisciplinar de um tema a ser definido.

A iniciativa terá como referência a primeira Intercontinental Academia da Ubias, projeto que está sendo desenvolvido pelo IEA-USP e o Instituto de Pesquisa Avançada da Universidade de Nagoya, Japão. O primeiro período de imersão  desse projeto realizou-se em abril, em São Paulo (o segundo será em março de 2016, em Nagoya).

Outra proposta debatida no encontro foi apresentada por Francisco César de Sá-Barreto, membro de Academia Brasileira de Ciências e do Conselho Superior da Capes: o patrocínio de cátedras nos IEAs por parte das fundações de apoio à pesquisa (FAPs). A essa proposta a ser apresentada às FAPs, o fórum pretende acrescentar tratativas junto às agências de fomento nacionais para maior apoio aos projetos de pesquisa dos IEAs.

Participantes

O encontro em Belo Horizonte foi aberto pelo reitor da UFMG, Jaime Arturo Ramirez, e contou com a participação dos seguintes dirigentes de IEAs de universidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Ceará e Bahia:

 

José Vicente Tavares dos Santos (Ilea-UFRGS) foi escolhido para ser o coordenador do fórum, cabendo a Estevam Barbosa de Las Casas (Ieat-UFMG) a vice-coordenação. O site do entidade será desenvolvido e implantado pelo IEA-USP.

 

3º Encontro de Instituto de Estudos Avançados - 2
Encontro foi aberto pelo reitor da UFMG, Jaime Arturo Ramirez (na cabeceira da mesa, ao fundo)

Histórico

A criação do fórum é fruto de um processo iniciado em outubro de 2011, em São Paulo, quando o IEA organizou o workshop Estudos Avançados e a Universidade, reunião que marcou a aproximação inicial dos IEAs brasileiros e onde cada um apresentou suas principais características e linhas de atuação.

A iniciativa de organizar esse encontro foi do então diretor do IEA, César Ades, que participara da criação da Ubias exatamente um ano antes, em reunião promovida pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Freiburg, Alemanha.

Em agosto de 2013, em Porto Alegre, realizou-se o 2º Encontro Nacional de Institutos de Estudos Avançados do Brasil, sob a coordenação do  Ilea-UFRGS. Foi nessa reunião (que discutiu formas de cooperação entre os IEAs) que surgiu a proposta de criação de um fórum (veja na "Carta de Porto Alegre"), concretizada agora no encontro de Belo Horizonte.

Perfil do fórum

Nas últimas décadas, os IEAs brasileiros têm se dedicado com afinco não só aos temas atuais da ciência e da cultura, mas também a questões estruturantes para a sociedade, tais como: políticas de ciência, tecnologia e inovação; reformas política, do judiciário e institucional; ensino superior e futuro das universidades; políticas publicas em saúde, educação, sustentabilidade, segurança pública, saneamento, entre outras; relações internacionais e integração latino-americana.

Graças à dedicação a esses temas, os IEAs têm naturalmente abrigado em suas equipes, projetos e discussões as principais lideranças acadêmicas e inúmeros representantes dos mundos político, diplomático, empresarial, do trabalho, artístico e de diversos outros setores sociais.

Para a confirmação disso, basta citar o caso do IEA-USP, que atualmente têm três de seus ex-conselheiros em cargos no governo federal: o filósofo Renato Janine Ribeiro, ministro da Cultura; o bioquímico Hernan Chaimovich, presidente do CNPq; e o zoólogo Carlos Roberto Ferreira Brandão, presidente do Instituto Brasileiro de Museus. Outros participantes do instituto também já desempenharam funções de destaque na esfera estadual e federal, como o físico José Goldemberg, (professor honorário do IEA, ex-reitor da USP, ex-ministro da Educação) e o sociólogo Glauco Arbix (criador e integrante do Observatório da Inovação e Competitividade, sediado no IEA, e ex-presidente do Ipea e da Finep).

O fórum nasce, portanto, com um perfil institucional extremamente qualificado, reflexo dos perfis de integrantes e colaboradores dos IEAs que o constituem. Com certeza, isso torna-se um trunfo do fórum para articular suas demandas por mais apoio por parte das FAPs e agências de fomento federais para os estudos que os IEAs realizam.