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Matemática pura também pode ser interessante a estudantes de ensino básico

por Thais Cardoso - publicado 01/10/2019 14:27 - última modificação 01/10/2019 14:27

Canal do YouTube A Matemaníaca, criado por ex-aluna do IME-USP, procura mostrar ao público a beleza dessa ciência

Matemática é uma ciência fundamental para nosso dia a dia, e aparece tanto em aspectos corriqueiros, quanto o dinheiro que usamos, até os mais complexos, como os satélites indispensáveis para o funcionamento dos GPS. Mesmo assim, ainda é difícil convencer estudantes de ensino básico sobre a importância de estudar essa disciplina. Porém, iniciativas como o canal do YouTube A Matemaníaca, comandado pela ex-aluna do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP Júlia Jaccoud, estão contribuindo para mudar essa realidade. E é com ela que o USP Analisa desta semana conversa.

Para Júlia, usar os argumentos do parágrafo anterior para tentar despertar o interesse dos estudantes pela matemática não é suficiente. “O que eu mais gosto é pensar que, na verdade, filosoficamente, a matemática é inútil. Na nossa rotina, a gente usa a matemática quando está ao celular, mas é muito pobre dizer pro meu aluno que ele precisa saber matemática porque o celular dele usa matemática, isso fica muito distante. E é o que se reflete também dentro do meu canal, porque eu não falo de uma matemática aplicada. eu falo de uma matemática pura, que chega a soar até desinteressante mesmo para algumas pessoas. Mas essa matemática inútil é o que me brilha os olhos, é o que eu gosto de aprender. E eu rebato essa pergunta [por que eu preciso aprender matemática] perguntando: por que não aprender matemática? Se a gente tem um cérebro capaz de estudar matemática, por que rejeitar estudar matemática? Assim como qualquer outra disciplina. E por que a gente pergunta isso só pra matemática?”, questiona ela.

Em seu canal, ela também procura desconstruir a ideia de que a matemática não envolve somente números e que há uma certa beleza por trás de seus conceitos. “Acho que meu grande papel é mostrar essa matemática de perguntas, filosoficamente falando, ‘inúteis’ e conseguir convencer as pessoas de que isso também é legal. Assim como a arte, que é algo que a gente aprecia, que está ali para fazer a gente se incomodar, se impressionar, questionar, reviver passados. A matemática pra mim é isso, hoje. É um espaço em que a gente pode questionar, se maravilhar, melhorar e sempre continuar estudando”, diz.

A entrevista vai ao ar nesta quarta (2), às 18h05, com reapresentação no domingo (6), às 11h30. O USP Analisa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto.