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Morre o físico Sérgio Mascarenhas, cientista inovador e criador de instituições

por Mauro Bellesa - publicado 01/06/2021 10:55 - última modificação 03/06/2021 09:44

A morte do físico Sérgio Mascarenhas aos 93 anos no dia 31 de maio de 2020. Foi criador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, do Polo do IEA em São Carlos e da Embrapa Instrumentação. Foi um dos fundadores da UFSCar.

Sérgio Mascarenhas - 2014
Sérgio Mascarenhas (1928-2021) na sede do IEA em 2014

É com grande pesar que o IEA lamenta a morte ontem, aos 93 anos, do físico Sérgio Mascarenhas, professor honorário do Instituto. Reconhecido internacionalmente como pesquisador, era também um criador de instituições acadêmicas. Ele estava internado em hospital de Ribeirão Preto, SP, e teve parada cardiorrespiratória.

O diretor do IEA, Guilherme Ary Plonski, divulgou a seguinte declaração: "O professor Sérgio Mascarenhas deixa um legado notável ao Brasil. Suas marcas mais visíveis estão em São Carlos, que se tornou a Capital Nacional da Tecnologia graças às iniciativas acadêmicas, institucionais e empresariais que idealizou e ajudou a implantar. Esse legado se pereniza pela legião de jovens que formou ao longo de décadas e inspirou até os últimos momentos de sua fecunda existência. Um dos seus frutos é o Polo São Carlos do IEA, institucionalizado em 2009".

O Polo foi criado em 1997, quando Mascarenhas procurava implantar o Programa Internacional de Estudos e Projetos para a América Latina (Piepal) e conseguiu apoio da Ford Foundation e da USP, cujo então reitor Flávio Fava de Moraes sugeriu que o programa fosse desenvolvido em um polo do IEA a ser implantado em São Carlos.

O coordenador do Polo, Valtencir Zucolotto, também expressou seu pesar: "Sempre visionário e entusiasta da ciência, o professor Sérgio foi o fundador, dentre outras instituições de ensino e pesquisa em nossa cidade, do Polo do IEA no campus da USP de São Carlos, onde atuou como coordenador de importantes projetos, durante muitos anos. Expressamos assim nossa mais sincera homenagem a esse grande cientista brasileiro".

Os professores Antonio José da Costa Filho e Oswaldo Baffa Filho, respectivamente, atual coordenador e ex-coordenador do Polo Ribeirão Preto do IEA, também divulgaram mensagem sobre a morte do pesquisador: "Cientista visionário, inquieto e generoso, o professor Sérgio esteve sempre à frente de seu tempo, catalisando a consecução de novos projetos, concretizando ideias, agregando pessoas e conhecimentos aparentemente desconexos. Ensinando e aprendendo em meio à tempestade de ideias que jorravam de sua cabeça incansável, construiu uma obra que fica na forma de um legado imensurável de contribuições. O olhar para o futuro sem perder o passado de vista, como se via na figura mitológica do Janus, presença frequente em suas falas".

Em nota, o diretor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, Vanderlei Bagnato, destacou que o instituto “só existe graças a esse grande cientista”. Além de fundar o IFSC-USP e o Polo do IEA em São Carlos, do qual foi o primeiro coordenador, Mascarenhas participou da criação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Embrapa Instrumentação. Bagnato afirmou que Mascarenhas “foi inovador desde o início, e mesmo antes de falarmos sobre isto, já usava o conhecimento científico como ferramenta essencial para o desenvolvimento”.

O CNPq também divulgou nota lamentando a morte de Mascarenhas. Nela, o conselho afirma que o pesquisador “deixa um grande legado para a ciência brasileira, tendo mantido, sempre, um forte vínculo com o CNPq, como o apoio à criação e ao desenvolvimento do Centro de Memória da instituição."

Nascido em 1928, no Rio de Janeiro, RJ, Mascarenhas graduou-se em física e em química pela UFRJ. Aposentou-se como professor titular do IFSC-USP. Foi professor visitantes de várias instituições no exterior, entre as quais a Universidade de Princeton, a Universidade Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, e o Instituto de Pesquisa em Física e Química, no Japão.

Como pesquisador, dedicava-se à física de matéria condensada, trabalhando também com biofísica molecular, física médica, física e dosimetria das radiações, ciência e engenharia de materiais e tomografia computadoriza aplicada a polos e agropecuária, entre outros temas. Uma de suas últimas contribuições científicas foi a invenção de dispositivo para aferição de pressão intracraniana de forma não invasiva.

Mascarenhas recebeu inúmeros prêmios e distinções, entre eles a Grã-Cruz Ordem Nacional do Mérito Científico, o Guggenheim Award e o Fullbright Award. Além de professor honorário do IEA, era professor emérito do IFSC-USP e professor honoris causa da UFSCar e da Universidade Federal de Pernambuco.

Mascarenhas foi casado com a também física Yvonne Primerano Mascarenhas, professora titular aposentada do IFSC-USP e professora honorária do IEA.