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No IEA, reitoráveis expõem seus planos para museus e institutos especializados

por Vinícius Sayão - publicado 24/10/2017 14:25 - última modificação 01/11/2017 14:20

Os candidatos apresentaram suas ideias e também ouviram os representantes dos museus e institutos especializados, na Antiga Sala do Conselho Universitário.
Público reitoráveis
Beto Brandão, diretor do MAC-USP, faz pergunta aos reitoráveis

Com a aproximação da escolha do próximo reitor e vice-reitor da USP, os candidatos continuam divulgando seus projetos para caso assumam os cargos. No último dia 21 de outubro todos os reitoráveis estiveram presentes na Antiga Sala do Conselho Universitário do IEA para expor os planos para a universidade e, mais especificamente, para seus museus e institutos especializados, que foram os organizadores do evento.

A USP conta hoje com quatro museus e seis institutos especializados: Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE); Museu de Arte Contemporânea (MAC); Museu de Zoologia (MZ); Museu Paulista (MP); Centro de Biologia Marinha (CeBiMar); Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA); Instituto de Energia e Ambiente (IEE); Instituto de Estudos Avançados (IEA); Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e Instituto de Medicina Tropical (IMT).

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No encontro, os candidatos apresentaram suas ideias e também ouviram os representantes delas. Eles abordaram questões como a representatividade das instituições na universidade, além da questão orçamentária – o fundo de reserva da USP representa hoje apenas 5% do valor de dez anos atrás, de acordo com os dados obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Leia o que cada candidato falou na conferência:

Consulta à comunidade acadêmica

No dia 23 de outubro, foi realizada uma consulta à comunidade uspiana, na qual podiam votar docentes e funcionários da ativa e estudantes de graduação e pós-graduação regularmente matriculados.

Entre os docentes, a chapa de Vahan Agopyan e Antônio Carlos Hernandes foi a mais votada, com 1.072 votos, o que representa 39,2% do total desses votantes. Maria Arminda Arruda ficou em segundo lugar nessa categoria, porém liderou na votação dos discentes e dos servidores técnicos e administrativos, com 1.206 e 1.693 votos, respectivamente. Veja o resultado completo.

Essa consulta tem caráter indicativo à Assembleia Universitária, já que no próximo dia 30 de outubro será realizada a eleição para composição da lista tríplice para a escolha do(a) reitor(a) e vice-reitor(a) da USP. Em turno único e com escrutínio secreto, os eleitores votarão por meio de sistema eletrônico.

Ricardo Terra
Ricardo Terra: “Acredito que a economia não vai ter um grande salto. Qualquer promessa é vazia"

Chapa “USP: AUTONOMIA COM SOLUÇÕES INOVADORAS” - Ricardo Terra e Albérico Ferreira da Silva

Professor titular de Teoria das Ciências Humanas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Ricardo Terra citou entre os pontos fundamentais do seu projeto a efetivação da Nova Comissão Permanente de Avaliação (CPA) e a reformulação do código de ética e das disciplinas, para buscar “diferentes formas de processar os casos de assédio, racismo, entre outros”.

Terra reforçou diversas vezes que não adianta fazer grandes discursos e promessas, já que boa parte das promessas seriam inviabilizadas ao baterem de frente com os problemas financeiros enfrentados pela universidade. “Acredito que a economia não vai ter um grande salto. Qualquer promessa é vazia. Duvido que o governo estadual vai aumentar o repasse para a USP, com os atuais problemas do estado com segurança e educação secundária”, disse

Sobre os museus, Terra valorizou a Praça dos Museus, complexo que está com as obras paradas e que abrigaria o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), o Museu de Zoologia (MZ), o Edifício Expositivo (EEX) e o edifício para uso por outras atividades culturais (EAC). Ele ressaltou também a importância do Museu Paulista, que atualmente se encontra fechado devido a problemas de infraestrutura e lembrou que aquele espaço precisa ser cuidado.

O candidato disse ainda que é preciso enfrentar a questão da representatividade no Conselho Universitário. Como exemplo, citou a FFLCH, congregação com “muita pluralidade dentro da faculdade” e que tem apenas um representante. Durante o debate, Paulo Saldiva, diretor do IEA, um dos institutos especializados do evento, comentou a dificuldade de integração dos institutos menores, que, segundo ele, também possuem conhecimentos importantes.

Terra aproveitou a conferência para criticar o próprio sistema de eleição para reitor: “Democracia na universidade é diferente de democracia na sociedade. Universidades fora não costumam ter eleições. O processo eleitoral corrompe a discussão. Não estamos discutindo projetos e problemas da universidade no século 21, estamos apenas fazendo promessas”, concluiu.

 

Ildo Sauer
Ildo Sauer: “A universidade é um processo contínuo, não é partido político"

Chapa "POR UMA USP PARTICIPATIVA" - Ildo Sauer e Tércio Ambrizzi

Sauer é o atual vice-diretor de um dos institutos especializados da USP, o Instituto de Energia e Ambiente (IEE). Para ele, “[museus e institutos especializados] são incompreendidos em suas relevâncias e dimensões na USP”. Como exemplo, citou a ponte entre a USP e setores externos, feita pelo IEA.

Ele valorizou a existência dos museus e dos institutos especializados como centros de integração e como contribuidoras para o conhecimento na Universidade. “O que diferencia a USP são as riquezas dos institutos especializados e dos museus”. O reitorável criticou, assim como Saldiva no debate com Ricardo Terra, a falta de representação dessas instituições no Conselho Universitário. “Essa riqueza está sendo desperdiçada”.

Outro desejo do candidato é fortalecer a Superintendência de Gestão Ambiental (SGA), dando suporte às prefeituras de todos os campi da USP para atuarem em ações de sustentabilidade. Segundo ele, a USP poderia economizar R$ 2 milhões por mês – o gasto anual com água e energia na Cidade Universitária é de cerca de R$ 50 milhões , já que tem a capacidade de ser autossuficiente em água e em tratamento de resíduos orgânicos. “É possível coletar o esgoto, tratar, produzir biogás e ainda devolver água boa para a cidade".

Sauer lembrou que em 2034 a USP completará 100 anos. Pensando nisso, ele acredita que é essencial uma continuidade nos planos e projetos para a universidade. “A universidade é um processo contínuo, não é partido político. Na nossa campanha, analisamos diversas boas ideias antigas. O que funciona bem da gestão passada será continuado. O que foi desviado do projeto original, vamos tentar recolocar no rumo”, afirma.

Vahan Agopyan
Vahan Agopyan: “Motivação inclui recursos humanos e cabe à gestão central mostrar que a carreira dos docentes é valorizada”

Chapa “USP: EXCELÊNCIA PARA A SOCIEDADE” - Vahan Agopyan e Antônio Carlos Hernandes

Atual vice-reitor, Agopyan estabeleceu três eixos principais para seu projeto: busca de excelência acadêmica; sociedade e recursos humanos. Para ele, os museus e institutos especializados conseguem abranger esses três eixos, com excelência em ensino e pesquisa e retorno à sociedade.

Sobre os museus, Agopyan pretende replicar o modelo do Museu Paulista aos outros três e buscar parcerias para viabilizar a finalização das obras da Praça dos Museus. Por meio dessas parcerias, o candidato disse que vai investir pelos próximos quatro anos na melhoria contínua da infraestrutura dos museus e do IEB.

Agopyan elogiou os institutos especializados: “Fazem atividades que outras unidades não conseguem executar. Englobam ensino, pesquisa e extensão”. Ele lembrou ainda que cada um possui suas “peculiaridades”, alguns são mais específicos, enquanto outros são bem maiores. Antonio Carlos Hernandes, do Instituto de Física de São Carlos, candidato a vice-reitor, também ressaltou o papel dos institutos no apoio às graduações.

Para o reitorável, a comunidade uspiana se destaca no Brasil e no mundo pela sua qualidade e competência e atribui à administração central o dever de incentivar e valorizar as atividades da universidade. “Nossas seis instituições precisam ser motivadas. Motivação inclui recursos humanos e cabe à gestão central mostrar que a carreira dos docentes é valorizada”, concluiu.

Maria Arminda Arruda
Maria Arminda: “Desvalia e desprestígio são gerais, na USP toda. Um exemplo são os rankings"

Chapa “A USP É MAIOR QUE A CRISE” - Maria Arminda Arruda e Paulo Casella

Diretora licenciada da FFLCH, Maria Arminda tem como proposta mudar a USP de organização centralizadora para uma que respeita a diversidade, riqueza e patrimônio. Segundo ela, essas diferenças são a riqueza da universidade.

“Nós temos museus e institutos especializados que pertencem à universidade e que têm uma lógica de funcionamento ligada às áreas acadêmica, de ensino e pesquisa. Precisamos valorizar os centro de pesquisa. Aliar a ação externa à pesquisa, à formação e ao ensino”.

Maria Arminda ainda refletiu sobre o suposto desprestígio dos museus e institutos especializados perante a comunidade USP: “Desvalia e desprestígio são gerais, na USP toda. Um exemplo são os rankings. A sensação é de que a USP perdeu prestígio, e estamos buscando o motivo. A USP é um microcosmo do Brasil, temos reflexos da situação do país, perdemos docentes e funcionários”.

Sobre a participação representativa dos museus e institutos especializados, a candidata a reitora comentou que eles têm generalidades, mas também cada um tem suas particularidades, e a ideia do programa é justamente de análise dessas particularidades. Buscando também analisar os problemas gerais da universidade, como os problemas orçamentários.

Valorizando a cultura e o papel dos museus e dos institutos, ela afirmou que o “elemento central do mundo hoje é a cultura. No século 19 era economia política, hoje é cultura”. Para ela, ser da área de cultura e extensão é estar no centro. Para finalizar, Maria Arminda definiu seu projeto como global para a USP, partindo da visão de universidade como algo global que envolve cultura, extensão, valorizando suas áreas fundamentais da cultura.

Fotos: Fernanda Cunha / IEA-USP

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