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Nova disciplina para a pós-graduação abordará riscos e catástrofes globais

por Fernanda Rezende - publicado 05/02/2024 09:40 - última modificação 05/02/2024 11:50

A disciplina é resultado de uma parceria entre institutos de estudos avançados baseados em universidades brasileiras, integrantes do Fórum Brasileiro de Estudos Avançados (Fobreav), rede da qual o IEA-USP faz parte.

Alunos da pós-graduação da USP poderão se inscrever a partir desta segunda-feira, dia 5, na nova disciplina “Riscos globais”, que terá como objetivo abordar riscos e catástrofes globais segundo as vertentes do transumanismo, da teoria da decisão e de sistemas complexos globais, além da saúde e educação. Com 15 vagas e ofertada apenas na modalidade a distância, é formada por quatro módulos teóricos (com três aulas cada) e um trabalho de conclusão, contabilizando cinco créditos em 15 semanas de duração. As aulas acontecerão às quartas-feiras, das 19h às 21h30, via plataforma de conferência remota. A pré-matrícula acontece até as 18h do dia 16 de fevereiro, via formulário.

De acordo com a ementa, a vida moderna é permeada por formas de perigo produzidas pela própria sociedade. Assim, “viver hoje é assumir riscos em uma atitude calculista em relação às possibilidades de ação, positivas e negativas, com que somos continuamente confrontados”. O curso pretende abordar de que forma essa avaliação da modernidade social impacta o projeto educacional em geral e a educação científica em particular.

A disciplina, oferecida pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação, é resultado de uma parceria entre institutos de estudos avançados baseados em universidades brasileiras, integrantes do Fórum Brasileiro de Estudos Avançados (Fobreav), rede da qual o IEA-USP faz parte. Foi elaborada pelo Instituto de Estudos Avançados e Convergentes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pode ser oferecida simultaneamente para alunos das universidades da rede. O responsável pelo oferecimento na USP será Mauricio Pietrocola Pinto de Oliveira (FE-USP). Veja mais informações sobre a disciplina aqui.

Temas, datas e corpo docente

Aula inaugural (06/03)

Módulo I: Riscos globais: a emergência do fator tecnológico (13/03, 27/03 e 03/04)

Professor responsável: Alexey Dodsworth Magnavita de Carvalho, coordenador do GEP Riscos Globais do IEAC/UNIFESP

Convidados: Leo Heikiti Maeda Arruda, mestre em Psicobiologia (UNIFESP); Ana Rüsche, pós-doutoranda em Teoria Literária (USP).

Ementa: Ao longo do último século, os conhecimentos geológico e paleontológico eliminaram a visão romantizada da natureza. Aprendemos que a regra da natureza é a extinção. Evidências científicas demonstram que o planeta Terra já passou por pelo menos cinco eventos de extinção em massa capazes de eliminar a maior parte das formas de vida então existentes. Um novo fator, contudo, se fez presente a partir do fim do século XIX: a tecnologia humana tem se desenvolvido de modo intenso, a ponto de tornar pálido o poder de extinção da própria natureza. Essa tecnologia emergente pode tanto ser o fator de destruição de toda a vida na Terra como a viabilização de um prolongamento dessa própria vida para muito além de seu prazo natural. Tudo considerado, a conceituação de "inteligência" como tendo valor intrínseco é questionada e novos modelos bioéticos são apresentados em que "inteligência" é classificada como tendo valor instrumental e "senciência" assume o papel de valor intrínseco.

Módulo II: Riscos complexos e Catástrofes globais (10/04, 17/04, 24/04)

Professor responsável: Ramiro de Ávila Peres, vice-coordenador do GEP Riscos Globais do IEAC/UNIFESP.

Convidados: Juana Huísa Martinez, mestra em Engenharia de Alimentos (UFRG); Fernanda Damacena, doutora em Direito Público e vice-líder do Grupo de Estudos de Redução de Riscos de Desastres Sociais da UNIFESP

Ementa: introdução de discussões filosóficas da noção de risco a partir da teoria da decisão; a seguir, apresentamos como riscos globais se entrelaçam em sistemas complexos – detendo-nos na análise das grandes secas do El Niño do século XIX e das mudanças climáticas atuais. Introdução à teoria da decisão e filosofia do risco.

Módulo III: Riscos Ambientais – O desafio das políticas públicas e da participação cidadã (08/05, 15/05 e 22/05)

Professor responsável: Roseane Simões Palavizini, doutora em Engenharia Ambiental, colaboradora no Centro de Desenvolvimento Sustentável da UNB

Ementa: As ações de mitigação e adaptação à mudança do clima conformam um importante desafio à construção de sociedades mais resilientes e sustentáveis. Flutuando entre as escalas global e local, as transformações e transições precisam ocorrer localmente, com a participação da sociedade, em suas diferentes dimensões. As políticas públicas assumem um importante papel nessa estratégia de transição, envolvendo pessoas, modos de uso e ocupação da terra, formas de desenvolvimento, promoção de tecnologias, conservação dos ecossistemas, inclusão da diversidade cultural e suas formas de vida, etc. A participação da sociedade na construção da transição para a sustentabilidade requer conhecimento, compreensão, atuação nos processos decisórios e nas ações transformadoras. Como ampliar a compreensão dos riscos globais, ambientais, suas causas e consequências? Como enraizar as transformações e transições para a construção de sociedades mais resilientes e sustentáveis? Essas são reflexões para novas inspirações e atuações.

Módulo IV: Riscos globais, saúde e educação (29/05, 05/06, 12/06)

Professor responsável: Amália Neide Covic

Convidado: Thomas Pontes Chequetto, prof. no PPG de Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da UNIFESP

Ementa: Marcam os séculos XX e XXI grandes transformações tecnológicas e nos meios de produção, as quais instituem novas formas de produção e reprodução da vida. Em uma década prenhe de crises sociais, políticas e sanitárias, o mundo contemporâneo se vê obrigado a rever suas práticas e modos de vida. Temas ligados ao meio ambiental, social e de governança figuram nas preocupações mundiais desde o final das décadas do século passado. Nesse contexto, os impactos são de complexa mensuração na medida em que são igualmente – em sua maioria – multivariáveis e interdependentes. Todavia, ações de sustentabilidade em ESG (Environmental, Social and Governance) se mostram como uma promessa de transformação ou mesmo mitigação dos efeitos desse contexto de crise. Nessa esteira, entrecruzam-se as concepções de saúde, educação, cidadania, desenvolvimento global e sustentabilidade. O presente módulo se propõe à reflexão das potencialidades do humano, em suas dimensões bioéticas, sobretudo sustentadas pelos conceitos de contemporaneidade, estética da existência, resiliência e resistência, nos domínios de riscos globais e catástrofes. Para tanto, serão discutidas, em convergência de técnicas quantitativas e qualitativas, diferentes concepções de educação e saúde.

Aulas de encerramento (19/06, 26/06)