Nova opção de carreira, engenharia biomédica ganha importância na gestão de saúde
Uma área interdisciplinar, recente e que começa a ser descoberta por empresas e instituições públicas como fundamental na gestão da saúde. Essa é a engenharia biomédica, que aplica técnicas da engenharia na resolução de problemas em biologia e medicina e foi tema de palestra realizada no dia 21 de agosto no auditório do Instituto de Estudos Avançados (IEA) Polo São Carlos da USP.
O palestrante, prof. Dr. Sérgio Mühlen, do Departamento de Engenharia Biomédica da Faculdade de Engenharia e de Computação (FEEC) da Unicamp, explica que essa área do conhecimento tem quatro divisões: a bioengenharia, a engenharia médica e biológica, a engenharia clínica e a engenharia de reabilitação.
A bioengenharia estuda fenômenos e sistemas biológicos, além de utilizar modelos físicos e matemáticos, experimentos com animais e preparações biológicas para resolver problemas em biologia e medicina. “Ela é a base para o desenvolvimento de novas técnicas de apoio à pesquisa biológica e clínica e para o desenvolvimento de instrumentação médica. Costumo dizer que a bioengenharia atua em um nível ‘célula’”, explica Mühlen.
Já a engenharia médica e biológica cuida do projeto e execução de instrumentação, sensores, próteses e softwares ligados à saúde. Segundo o professor, ela aplica técnicas de microeletrônica, nanotecnologia e microfluídica, e tem interfaces com áreas como física, mecânica, informática e eletrônica, entre outras. “Dizemos que ela atua em um nível ‘equipamento’”, diz.
A engenharia clínica, por sua vez, surgiu no final dos anos 60. “Foi um momento em que os hospitais passaram a viver problemas sistêmicos e sentiram a necessidade de fazer a gestão da tecnologia. O próprio Ministério da Saúde também está entendendo que não basta olhar só para os médicos e colocou engenheiros em seu quadro exatamente para isso”, conta Mühlen.
Profissionais com essa especialização gerenciam recursos tecnológicos usados na saúde e também os riscos de acidentes decorrentes do mau uso desses recursos. Eles trabalham, ainda, com a regulamentação técnica. “No mercado de tecnologia, a regulamentação funciona assim: se um produto não é bom, as pessoas param de comprá-lo e consequentemente ele sai do mercado. Mas na saúde não é dessa forma, por isso é preciso um profissional”, explica.
A última divisão da engenharia biomédica é a engenharia de reabilitação. De acordo com o professor, ela é uma mescla da engenharia clínica e da engenharia médica e biológica, e tem interfaces com as áreas de fisioterapia e terapia ocupacional, entre outras. “Essa área busca restabelecer as funções que o indivíduo perdeu. Está em alta porque a sociedade está acordando para a importância das questões de acessibilidade”, diz Mühlen.
Segundo um relatório do Ministério do Trabalho dos Estados Unidos produzido entre 2010 e 2011, a expectativa é que a taxa de crescimento de empregos para os engenheiros biomédicos aumente 72% acima da projeção para a década, mais rápida que a média para todas as outras ocupações. Até 2018, serão 12 mil novos postos de trabalho.
“Não temos números sobre isso no Brasil, mas essa estatística nos permite dizer que é preciso aumentar o número de doutores nesta área, para que eles possam formar mais engenheiros e pesquisadores. Também é preciso estimular o empreendedorismo entre esses profissionais. Os empreendedores correm mais riscos, mas se tiverem bons projetos certamente conseguirão financiamentos”, afirma o professor.