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A vida na era cognitiva é o tema de Donald Peterson, novo professor visitante

por Mauro Bellesa - publicado 31/05/2019 09:55 - última modificação 05/06/2019 09:42

O cientista cognitivo Donald Peterson, até recentemente professor da Universidade Shantou, na China, é o novo professor visitante do IEA, onde desenvolverá o projeto "Vida na Era Cognitiva".

Don Peterson - 30/5/19
Donald Peterson: ''Precisamos de um entendimento crítico sobre as oportunidades e riscos da era cognitiva''

O cientista cognitivo britânico Donald Peterson é o novo professor visitante do IEA, por um período inicial de um ano, no qual desenvolverá o projeto Vida na Era Cognitiva. Até o ano passado, ele era professor da Universidade de Shantou, na China.

Peterson, cujo trabalho envolve lógica, filosofia, psicologia e ciência da computação, pretende realizar várias atividades integradas durante sua estada no IEA, entre elas organizar seminários e produzir publicações.

Outra atividade está relacionada a seus trabalhos em lógica. Trata-se de pesquisa sobre adaptabilidade, cuja análise ele chama de “epidução”, “uma forma de razão prática”, e que deve resultar em dois artigos científicos.

Tecnologias cognitivas

As tecnologias cognitivas (cogtech, no acrônimo em inglês) estão influenciando a vida e o trabalho, e "precisamos de um entendimento crítico sobre suas oportunidades e riscos”, afirma Peterson. Entre os diversos exemplos de cogtechs citados por ele estão: inteligência artificial em geral, sistemas adaptativos, análise de big data, robótica humanoide, reconhecimento de pessoas, sistemas personalizados de aprendizado, mídias sociais e realidade virtual.

As tecnologias cognitivas são complementadas, segundo o professor visitante, por inovações em biométrica, nanotecnologia, impressão 3D, computação quântica e por sistemas como o das criptomoedas e blockchain. Em termos de teoria dos sistemas, essa nova era envolve “uma mudança em direção a sistemas mais abertos, com os efeitos positivos e negativos decorrentes disso”.

As condições associadas a essa mudança, de acordo com Peterson, incluem dados em massa, mudança veloz, conectividade global e interdependência cyborg de humanos e máquinas. “Estamos mudando de rumo em direção a novas formas de viver e trabalhar, e as implicações sociais e culturais dessa mudança são radicais e imanentes.” Em sua opinião, na era cognitiva, a tarefa não é classificar as cogtechs como inerentemente boas ou ruins, mas direcionar sua utilização para efeitos benéficos.

Ele explica que esse campo de estudo é necessariamente interdisciplinar e exige conhecimento técnico e crítico, além de ser teórico e prático. “É teórico na medida em que requer estruturas como a teoria de sistemas e raciocínio modulado por contexto; é prático pelo falto de que suas questões irão impactar o emprego de pessoal de nível superior, a saúde mental, educação, trabalho, comunicação e qualidade de vida."

Perfil

Peterson é doutor em filosofia pela University College London, mestre em fundamentos de tecnologia avançada de informação pelo Imperial College London e mestre em filosofia e psicologia pela Universidade de Edimburgo, também no Reino Unido.

Antes de ter sido professor no Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Shantou, ele foi professor da mesma área na Universidade de Nottingham Ningbo China; de tecnologia de informação e comunicação na Universidade de Londres; e de psicologia de e-learning e ciência cognitiva na Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

Peterson é autor do livro  “A Filosofia Inicial de Wittgenstein: Os Três Lados do Espelho” (1990), editor de “Formas de Representação: Um Tema Interdisciplinar para a Ciência Cognitiva” (1996) e coeditor de “Filosofia e Ciência Cognitiva” (1993). Também escreveu 13 capítulos de livros e publicou 10 artigos em periódicos arbitrados.

Foto: Leonor Calasans/IEA-USP