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Para especialistas, é importante ver conceito de racismo estrutural circular na sociedade

por Thais Cardoso - publicado 06/10/2023 14:03 - última modificação 06/10/2023 14:03

Segundo integrantes do Instituto Dacor, discussão ajuda no entendimento e combate às consequências desse fenômeno social para população negra

Racismo estrutural é um conceito que precisa ser cada vez mais discutido para que seja melhor compreendido pela sociedade e suas consequências negativas sobre a população negra possam ser cessadas. Pensando nisso, o USP Analisa conversa nesta semana com os integrantes do Instituto Dacor Helton Souto Lima e Vidal Dias da Mota Junior, respectivamente presidente e diretor-executivo da instituição, que busca mapear, sistematizar e produzir dados e informações sobre racismo e também disseminar conhecimento e ajudar a construir políticas sistêmicas nessa temática com base em evidências.

Vidal destaca que dar visibilidade ao conceito é sempre importante porque ele auxilia no entendimento de fenômenos sociais. “O racismo é estrutural a partir do momento em que a gente tem a hegemonia de determinados padrões, como a questão dos padrões estéticos que sempre estiveram estabelecidos. A negritude nunca foi um padrão hegemônico, sempre foi um padrão marginalizado. O cabelo afro, a pele escura, o próprio fenótipo das pessoas de origem africana sempre foram um padrão que nunca foi aquele mais comum de ser visibilizado na publicidade, por exemplo, nos meios de comunicação. Essa é uma das formas que eu acho que mais contundentes, mais observadas e mais percebidas por pessoas brancas e por pessoas negras, não há como negar isso”.

O diretor lembra ainda que basta olhar para dados de violência, educação e ascensão social para que esse processo fique ainda mais claro. “Quando a gente percebe que a população negra desse país tem índices que ultrapassam 70% em termos de estarem vulnerabilizadas no acesso à educação, saúde, renda, emprego, eu estou falando de racismo estrutural. Se a gente olha para a violência, quais são as maiores vítimas? Quais são aqueles que menos acessam a educação? Quais são aqueles que menos acessam a universidade, o ensino superior? É evidente. Quais são aqueles que não estão nos espaços de maior poder? Quanto mais se sobe na hierarquia social, onde estão os negros? Aí a gente vê o processo que vem se reproduzindo ao longo do tempo”, afirma ele.

Para Helton, o simples fato de um conceito como o de racismo estrutural ganhar um espaço de discussão na sociedade já é de grande importância. “Por vezes, alguns conceitos que estão discutindo racismo já são combatidos logo de saída e precisam ser reformulados, refutados. Então você vai para dentro de escolas, você circula, você conversa com as pessoas e vê na televisão um conceito de racismo estrutural sendo vinculado, isso num país como o nosso é potente. Que outros conceitos de explicação da sociedade brasileira, por exemplo, nós vimos acontecer com essa circularidade, com esse nível de discussão?”, diz ele.

O USP Analisa é quinzenal e leva ao ar pela Rádio USP nesta sexta, às 16h45, um pequeno trecho do podcast de mesmo nome, que pode ser acessado na íntegra nas plataformas de podcast Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer e Amazon Music.

O programa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o USP Analisa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram ou em nosso grupo no Whatsapp.