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Primeira turma da formação continuada sobre análise de dados conclui atividades

por Thais Cardoso - publicado 21/12/2023 16:30 - última modificação 21/12/2023 16:39

Cátedra Sérgio Henrique Ferreira formou técnicos de secretarias de Educação para qualificar a seleção, tratamento e interpretação de indicadores educacionais

[Texto de Marília Rocha - Assessoria de Comunicação da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira]

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Técnicos durante o primeiro módulo da formação, realizado presencialmente no primeiro semestre de 2023

O segundo módulo do curso de análise de dados educacionais oferecido pela Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP, representou uma oportunidade para participantes consolidarem uma nova expertise: contribuir de forma significativa para a produção de relatórios educacionais robustos e esclarecedores para suas redes de ensino. A turma de 2023 concluiu as atividades em dezembro, e a expectativa é poder abrir novas vagas para a formação em 2024.

Em julho, os técnicos de 12 secretarias parceiras da Cátedra que fizeram a formação básica na modalidade presencial foram convidados ao segundo módulo da formação continuada. Nesta etapa, além de consolidar o conhecimento adquirido nos primeiros exercícios, o objetivo foi fortalecer habilidades para interpretar e extrair insights valiosos a partir dos dados selecionados.

Ao longo do segundo semestre, foram realizados encontros online com todos os participantes e também divididos em grupos, em reuniões de orientação para a realização do trabalho final. A metodologia envolveu aulas teórico-práticas, visando aprofundamento do conhecimento técnico e também a aplicação dos conceitos aprendidos. Em cada grupo, os participantes escolheram um dos municípios representados para gerar um relatório completo com análises baseadas em situações reais.

Dessa forma, além de refletirem sobre os pressupostos estatísticos e as limitações e desafios na utilização dos principais indicadores educacionais, os cursistas também puderam aprofundar o conhecimento em técnicas de visualização gráfica e principalmente interpretação dos resultados para a realidade das secretarias de educação.

“A formação em análise de dados educacionais foi concebida com o propósito de constituir um corpo técnico nas secretarias de educação capaz de realizar análises de dados para assessorar gestores nas tomadas de decisões embasadas em evidências”, explica Rafael Naime Ruggiero, pesquisador e cientista de dados da Cátedra, responsável pela formação. “Buscamos compartilhar uma visão abrangente de conhecimento para os envolvidos na complexa tarefa de analisar dados educacionais e, no segundo módulo, o enfoque particular na interpretação permite direcionar os esforços para uma análise mais aprofundada e contextualizada dos resultados, em busca de melhores práticas”, detalha.

Depoimentos de participantes

Para Eliana Corradin, supervisora de ensino em Jundiaí (SP), participar do curso foi uma forma de profissionalizar e ampliar um trabalho que a rede já vinha realizando de maneira mais informal. “Desde 2017 eu faço um estudo das avaliações externas e internas para montar um plano de ação, com uma perspectiva sobre a importância dos indicadores, mas fazia do meu jeito, na ‘garra’ mesmo, e não conseguia identificar ao certo o que os dados mostravam, onde podia melhorar, onde deveríamos colocar mais foco por exemplo”, contou. “Se você não usa as ferramentas adequadas, não vai ter uma leitura cientificamente embasada.”

De acordo com Eliana, ao realizar as análises propostas no curso da Cátedra, trabalhando os indicadores que ela mesma escolheu, foi possível identificar um desafio maior em escolas que tiveram muitas trocas de gestão, além de perceber quais unidades com maior porcentagem de estudantes pretos e pardos ou com nível socioeconômico mais baixo precisam de ações mais direcionadas para garantir aprendizagem de qualidade a todos. “Isso é muito importante, não basta ver se a nota do município cai ou sobe. Com o curso, nós conseguimos identificar as escolas que estão com mais desafios e o que pode ser feito, foi muito bacana, é como se estivéssemos aprendendo a enxergar”, declarou.

Na mesma análise, a equipe de Jundiaí também pôde validar uma metodologia pedagógica que tem sido utilizada, chamada de desemparedamento, que favorece a conexão da escola com os espaços públicos e com a natureza. “Escolas em que essa metodologia está bem implementada e ativa estão tendo melhoria no desempenho, e isso nos deixou muito animadas”, relatou a também supervisora de ensino, Lígia Batista, que já tinha interesse em análise de dados, mas ainda não havia feito trabalhos na prática. “O curso da Cátedra nos fez usar novas ferramentas e formas de apresentar os resultados, foi muito enriquecedor e ampliou nossas possibilidades de ver cada região para traçar metas reais, de acordo com a individualidade de cada escola. Ter esse olhar mais personalizado enriquece o desenvolvimento de todo o município.”

Próximos passos

No final do curso, os grupos fizeram uma reunião de apresentação dos relatórios, comentando as inferências que puderam gerar a partir dos dados e do conhecimento da realidade de cada rede analisada. “Eu nunca tinha tido momentos assim de troca de boas práticas com análise de dados, foi riquíssimo! Nós mostramos as nossas dificuldades e já recebemos dicas de materiais, algumas sugestões compartilhadas na hora. Ao mesmo tempo, pudemos conhecer a realidade de outras redes. Algumas coisas que ainda não fazemos, vamos tentar fazer, eu anotei muitas ideias que poderão nos inspirar nos próximos trabalhos”, analisou Eliana.

“Uma coisa é aprender a teoria, outra é colocar na prática o que ouvimos e realmente ampliar os horizontes. Depois desse relatório, temos uma nova percepção sobre a nossa cidade. O trabalho enriqueceu o conhecimento de nossa equipe, e queremos passar os resultados do curso para toda a rede. Vamos iniciar o ano de 2024 mostrando para todo mundo e buscando somar forças”, comentou Lígia.

De acordo com os organizadores do curso, a qualidade técnica e analítica dos trabalhos recebidos e a conexão com desafios do cotidiano dos participantes resultaram em materiais que podem ser inspiradores para outras redes interessadas em qualificar a análise de dados em suas regiões. Por isso, a intenção é sistematizar os aprendizados do curso e transformar em um material acessível para novos públicos.