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Problemas no olfato podem ser indício de doenças neurodegenerativas

por Thais Cardoso - publicado 11/04/2013 09:35 - última modificação 21/05/2013 11:07

Em palestra no IEA Polo São Carlos, pesquisadora do Wellcome Trust Sanger Institute, da Inglaterra, alerta para importância que esse sentido tem no diagnóstico de algumas enfermidades relacionadas ao cérebro

Gabriela GurriaDoenças neurodegenerativas, ou seja, que causam a destruição de neurônios, como Parkinson e Alzheimer, são diagnosticadas em um estágio muito avançado, o que dificulta a realização de um tratamento eficaz. No caso da doença de Parkinson, por exemplo, quando os primeiros sintomas começam a se manifestar, 80% dos neurônios já foram destruídos. Por isso, cada vez mais a medicina tem procurado encontrar uma maneira de diagnosticar essas doenças mais cedo. E, por incrível que pareça, uma dessas maneiras pode estar em nosso nariz.

 

Uma pesquisa feita pela equipe da PhD em neurociência Gabriela Gurria, do Wellcome Trust Sanger Institute mostrou que o olfato pode ser um biomarcador para essas doenças, ou seja, uma forma de identificá-la na fase inicial. A pesquisadora esteve no Instituto de Estudos Avançados (IEA) Polo São Carlos da USP no dia 10 de abril para uma palestra sobre o tema.

 

Segundo ela, em 90% dos casos de Parkinson estudados pela equipe foram relatados problemas no olfato no estágio inicial da enfermidade. “Ele pode ser um bom biomarcador porque acontece antes de qualquer sintoma, bem no início da doença, o que ajuda a tratá-la bem no começo e melhora as chances de recuperação. Não existe perda de memória olfativa, só não há percepção do cheiro”, diz.

 

O epitélio nasal, de acordo com Gabriela, possui receptores de olfato que fazem uma conexão direta entre o ambiente e o cérebro, conexão essa que não acontece em outros sistemas do corpo. Além disso, a biópsia da região é simples e o epitélio se regenera depois de duas a quatro semanas. “Sabe-se que o olfato é muito sensível a qualquer alteração no cérebro”, diz ela.

 

A equipe da pesquisadora estudou as doenças em camundongos, já que 98,99% dos genes humanos são como os do rato. O objetivo agora é encontrar técnicas alternativas para validar os resultados e também realizar testes clínicos. Segundo a pesquisadora, já existem kits para testes de olfato em humanos.

 

“O problema do olfato é que ele não é um sentido tão indispensável à vida das pessoas, por isso quando elas param de sentir cheiros não procuram um médico”, alerta Gabriela.