Produção de vacinas envolve critérios rigorosos de segurança
A importância das vacinas para a sociedade é inegável. Afinal, uma das razões para o isolamento social que boa parte do mundo enfrenta atualmente em virtude da pandemia de covid-19 é exatamente a ausência de uma vacina para prevenir essa doença. Apesar disso, ainda há quem negue os benefícios que essas substâncias trazem para a saúde e até mesmo dissemine desinformação. Para discutir o processo de produção das vacinas,os critérios de segurança envolvidos e também as notícias falsas que circulam sobre elas, o USP Analisa desta semana conversa com Robson Amaral e Wasim Syed, que integram respectivamente os projetos de divulgação científica Ilha do Conhecimento e Vidya Academics.
Robson, que também é doutorando da USP Ribeirão Preto na área de tecnologia de cultivos celulares com ênfase em modelos in vitro, destaca que o desenvolvimento de uma vacina leva um tempo médio de 12 anos e a análise de sua segurança não pára após a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Ela vai continuar sendo monitorada por um longo período, porque o objetivo é identificar outros eventos adversos que possam acontecer. Isso também é feito pelo Ministério da Saúde. Algumas vacinas passam por cerca de 20 análises diferentes de qualidade para poderem ser envasadas e distribuídas, que é o caso da vacina contra influenza do tipo B”.
Um dos principais receios em relação à segurança da vacina está ligada a uma associação equivocada que algumas pessoas fazem entre a aplicação do produto e o aparecimento de determinados sintomas. “Eu participei de alguns dias da campanha de vacinação contra a gripe e uma das recomendações era você não aplicar a vacina no mesmo dia em que a pessoa tivesse apresentando febre ou algum sintoma de doença respiratórias. Porque as pessoas fazem uma relação de causa e efeito muito errada. Eu estou com febre, estou no processo de manifestação da febre e eu tomo a vacina, então a vacina causa febre. Mas ninguém pensa que a pessoa também tomou água e a água causou a febre”, diz Wasim.
Além de integrar grupos de divulgação científica, Robson e Wasim participam da União Pró-Vacina, um projeto organizado por instituições ligadas à USP Ribeirão Preto com o objetivo de combater a desinformação sobre vacinas por meio da produção de materiais informativos, intervenções em espaços públicos e realização de eventos. “Se você não tem mais o registro de uma doença, você acaba não temendo mais ela. Então pensamos em expor dados que mostrem a volta de algumas doenças prevenidas por doenças e também gráficos que projetem cenários do que pode acontecer caso essas doenças voltem, o estrago que isso pode causar tanto em termos sociais quanto econômicos”, conta Robson.
A entrevista vai ao ar pela Rádio USP nesta quarta (13), a partir das 18h05, com reapresentação no domingo (17), a partir das 11h30. O programa também pode ser ouvido pelas plataformas de streaming iTunes e Spotify. O USP Analisa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto.