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Projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais do IEA é transformado em livro

por Letícia Martins Tanaka - publicado 03/03/2021 10:55 - última modificação 22/10/2021 11:41

A obra apresenta visões de participantes do projeto sobre ações em áreas periféricas aos campi da USP

Capa do livro Narrativas Periféricas

por Letícia Tanaka e Fernanda Rezende

A experiência dos participantes do projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais (Dasp), promovido pela Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência nos últimos três anos, está registrada no livro Narrativas periféricas: entre pontes, conexões e saberes plurais (Editora Amavisse, 2020), que foi lançado no dia 19 de março em evento online (leia mais abaixo). A versão digital da obra está disponível gratuitamente aqui.

Iniciado em 2018, o projeto teve a participação de alunos da graduação e pós-graduação da USP e uma pesquisadora de pós-doutorado, todos selecionados como bolsistas. Uma das atividades desenvolvidas foi a realização do censo populacional e sociocultural das comunidades vizinhas à USP. Durante mais de um ano, os alunos da graduação atuaram como recenseadores e percorreram as ruas e casas das comunidades Jardim São Remo e Sem Terra/Vila Clô (próximas à Cidade Universitária, no Butantã), Jardim Keralux e Vila Guaraciaba (próximas à Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Each, na Zona Leste).

Evento online lançou publicação

O lançamento do livro Narrativas periféricas: entre pontes, conexões e saberes plurais aconteceu em evento online, no dia 19 de março, às 15h. O encontro teve o debate Narrativas periféricas na universidade pública: questões do nosso tempo, com participação da estudante de graduação e pesquisadora do Dasp, Isadora Nunes; o articulador local do projeto e multiartista, Rafael Pompeu; a pesquisadora do Grupo de Pesquisa n-Periferias e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rosangela Malachias;  e o pró-reitor de graduação da USP, Edmund Baracat.

Também estavam presentes  Eliana Sousa e Silva, coordenadora do projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais; Érica Peçanha, pesquisadora do Dasp e organizadora do livro; Guilherme Ary Plonski, diretor do IEA; Jader Rosa, gerente do Observatório Itaú Cultural e Mariana Almeida, superintendente da Fundação Tide Setubal, apoiadora do projeto.

“A publicação contém relatos, ensaios e textos literários que retratam aprendizados e reflexões acumuladas sobre a produção de conhecimento em contextos periféricos, a experiência universitária e o papel de projetos acadêmicos”, diz Érica Peçanha, pós-doutoranda do IEA responsável pela organização do livro. Com 45 textos de alunos de graduação e pós-graduação, consultores, docentes e moradores dos territórios pesquisados, foi idealizado por Eliana Sousa e Silva, titular da Cátedra em 2018, quando se iniciou o Dasp.

A ideia de transformar as vivências dos participantes em livro surgiu a partir da percepção de Eliana de que o projeto se tornou uma referência para os pesquisadores refletirem sobre temas que os cercaram por toda a vida, como as estratégias de sobrevivência das famílias de baixa renda, as especificidades das periferias e favelas, e a potência das ações coletivas nos territórios periféricos.

“Os autores são, predominantemente, de origem popular, negra e periférica, e essas marcas sociais são importantes para compreender as narrativas ali apresentadas”, explica Érica. Para ela, a publicação pode ser um ponto de partida para discutir a presença negra, periférica e popular na universidade pública, uma vez que os pesquisadores demonstraram valorizar as ações do Dasp por terem encontrado no projeto um espaço de acolhimento de suas trajetórias e expectativas de atuação.

O livro também levanta reflexões sobre permanência estudantil, conteúdos curriculares da graduação e pós-graduação, perfil dos docentes, vivências, histórias e conhecimentos que são compartilhados e valorizados na universidade. “O projeto é lido em contraste com a própria USP, como se fosse descolado desse espaço ou percebido como uma das poucas oportunidades que esses estudantes tiveram para discutir temas que se cruzam com suas biografias”, afirma a pós-doutoranda.

Contexto

A Cátedra Olavo Setubal é uma parceria do IEA com o Itaú Cultural. Iniciada em 2015, tem a cada ano um titular para orientar suas atividades. Em 2018, quando Eliana assumiu como catedrática, o estudo das periferias foi definido como tema central, com o objetivo de conectar a USP às periferias e discutir suas necessidades, particularidades e potências. Encerrada sua titularidade, Eliana continuou na coordenação dos projetos como professora visitante do IEA.

O Dasp teve três ações principais: Centralidades Periféricas (série de eventos entre integrantes do mundo universitário e artistas, intelectuais e ativistas das periferias brasileiras); Conexões com as Periferias (plataforma digital que reúne pesquisas e as ações de extensão da USP que tenham como foco as periferias); e Pontes de Vivências e Saberes (diagnóstico sociocultural e econômico nas comunidades vizinhas ao Campus Capital - Butantã e USP Leste). Ao todo, 63 estudantes de graduação, pós-graduação e pós-doutorado atuaram nas diferentes ações, além de 10 moradores dos territórios recenseados.