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Programa vai monitorar qualidade do ar em creches e escolas infantis da capital paulista

por Letícia Martins Tanaka - publicado 17/05/2021 12:30 - última modificação 18/05/2021 11:13

Pesquisa será coordenada pelo NAP Escola da Metrópole e faz parte da inciativa Rede Cidadã de Qualidade do Ar, promovida pela entidade chilena Fundação Horizonte Cidadão

O Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) Escola da Metrópole, sediado no IEA, vai implementar em São Paulo o programa Rede Cidadã de Qualidade do Ar: Ares Novos para a Primeira Infância durante o ano de 2021.O projeto visa monitorar a qualidade do ar ao redor dos Centros Educacionais Infantis (CEIs) e creches da capital paulista, com o objetivo de desenvolver ações locais de baixo custo e alto impacto, para reduzir a exposição de crianças à poluição urbana.

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A Rede é uma iniciativa da Convergência para a Ação, uma coalizão de mais de 80 lideranças com representantes do mundo político, acadêmico, social, cultural e das comunicações que promove a agenda da primeira infância em 18 países da América Latina e Caribe. As ações são coordenadas pela entidade chilena Fundação Horizonte Cidadão, com apoio da Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso. Ao todo, 13 cidades latinoamericanas receberam monitores de qualidade do ar da Fundação para serem instalados em instituções de ensino infantil escolhidas pelos líderes locais.

Ana Estela Haddad - Perfil
Ana Estela Haddad, vice-coordenadora do NAP Escola da Metrópole

Em São Paulo, a coordenação geral do projeto é de Ana Estela Haddad, vice-coordenadora do NAP. “Queremos assinar um compromisso com o poder público para colocar o tema do desenvolvimento e bem-estar da primeira infância nas formulações das políticas públicas. Os dados do  monitoramento da qualidade do ar serão disponibilizados para o poder público municipal, com o objetivo de oportunizar o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a redução da poluição ambiental e seu impacto na saúde das crianças. As participações do professor Paulo Saldiva e do Instituto Saúde e Sustentabilidade (ISS) têm sido decisivas para o sucesso do projeto”, afirma Ana Estela.

“Os monitores de baixo custo são programados para processar e oferecer dados mais diretos sobre os impactos da poluição em crianças pequenas", explica a patologista Evangelina Vormitagg, coordenadora do ISS. Os aparelhos vão ser colocados em centros de educação infantil e próximos de grandes avenidas com fluxo de automóveis e de estações da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb). Além da instalação dos equipamentos, análise, processamento e divulgação dos dados, o NAP Escola da Metrópole também será responsável por promover o intercâmbio de experiências com outras cidades participantes do projeto e incentivar novas pesquisas com os dados gerados.

Colaboração com outras pesquisas
Outro projeto de pesquisa sediado no IEA beneficiado pelas ações do projeto "Aires Limpos" visa estudar a associação da poluição do ar com o desenvolvimento de asma em crianças de 3 a 10 anos nas cidades de São Paulo e Porto (Portugal). Intitulado “Sensores de baixo custo como ferramenta para redução da poluição do ar em creches e escolas - impacto na asma infantil” (Sensinar),  a pesquisa usa monitores de baixo custo para coletar dados da poluição atmosférica. Dessa forma, os mesmos dados coletados serão usados nos dois projetos.
O Sensinar é realizado pela pós-doutoranda do IEA, Samirys Rodrigues, e supervisionado pelo médico e ex-diretor do Instituto, Paulo Saldiva.  A pesquisa também é vinculada à Universidade do Porto.

Os equipamentos usados serão monitores AirVisual Pro de IQAir, projetados para apresentar dados mais precisos a respeito da quantidade do ar e da poluição que crianças inalam. Simultaneamente, o monitor também permite mostrar a qualidade do ar local em tempo real, oferece prognósticos periódicos e propõe recomendações personalizadas para melhorar a qualidade do ar local, além de permitir o acesso dos dados para a sociedade por meio do site IQAir.

Impacto nas crianças

Dados da Unicef e da Organização Mundial da Saúde revelam que a poluição do ar está associada a 600 mil mortes infantis por ano, e um a cada dez óbitos são de crianças com menos de 5 anos de idade.

O impacto da qualidade do ar para crianças pequenas ocorre por diversos fatores naturais da infância, como explica Ana Estela, que também é professora da Faculdade de Odontologia da USP e coordenadora da Rede Cidadã de Qualidade do Ar: Ares Novos para a Primeira Infância. “Tudo afeta mais a criança, porque elas têm a frequência respiratória duas vezes mais alta que os adultos, então acabam inalando mais ar e, consequentemente, mais poluição. Por estarem em desenvolvimento, seus pulmões e vias respiratórias são mais permeáveis, o que gera mais absorção de poluentes, afetando o desenvolvimento do sistema imunológico e do cérebro."

Ana Estela também argumenta que a baixa estatura é um fator que coloca a criança em mais exposição ao ar contaminado. “As crianças de até 5 anos têm a altura próxima dos escapamentos dos veículos, por exemplo, assim respiram mais diretamente um ar mais concentrado em poluentes."