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Cátedra Olavo Setubal apresenta resultados de censo realizado em territórios vizinhos aos campi da USP na capital

por Fernanda Rezende - publicado 29/06/2022 09:25 - última modificação 01/07/2022 09:40

Mais um fruto do projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais (Dasp), criado durante a atuação da educadora e ativista social Eliana Sousa Silva como titular da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência do IEA-USP, as publicações trazem os resultados das pesquisas realizadas entre janeiro de 2019 e abril de 2021. Elas levantaram dados como práticas culturais e condições de vida nas áreas vizinhas à Cidade Universitária, no Butantã, e a EACH, na Zona Leste

Banner Censo vizinhancaNo dia 1 de julho (sexta-feira), às 17h, a Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência lança os livros Censo Vizinhança USP / Características Domiciliares e Socioculturais – Jardim São Remo e Sem Terra (volume 1) e Jardim Keralux e da Vila Guaraciaba (volume 2). A cátedra é uma iniciativa realizada em parceria entre o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP) e o Itaú Cultural. O censo também contou com o apoio da Fundação Tide Setubal.

As publicações reúnem dados levantados no censo aplicado entre janeiro de 2019 e abril de 2021 em quatro territórios nos arredores dos dois campi da USP, com características de favela ou periferia. São eles: Jardim São Remo e Sem Terra, vizinhos à Cidade Universitária, na Zona Oeste; e Jardim Keralux e Vila Guaraciaba, próximos à Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), na Zona Leste.

Um encontro virtual transmitido ao vivo pelo site do IEA-USP www.iea.usp.br/aovivo, marca o lançamento das publicações, cujos dados também compõem um aplicativo que entra no ar no mesmo dia e pode ser acessado em censovizinhanca.iea.usp.br/. A atividade reunirá a educadora e ativista social Eliana Sousa Silva, pesquisadores e moradores das comunidades recenseadas que atuaram no projeto, além de representantes da governança da USP e apoiadores. A versão digital dos livros está disponível no site do IEA: www.iea.usp.br/publicacoes.

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Censo Vizinhança USP / Características Domiciliares e Socioculturais é o terceiro título produzido pelo projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais (Dasp), criado durante a titularidade de Eliana nesta cátedra, em 2018. O primeiro foi Narrativas Periféricas: Entre Pontes, Conexões e Saberes Plurais, lançado em 2021, e o segundo, Comunidades e Famílias Multiespécies: Aportes à Saúde Única em Periferias, uma coedição do IEA, da Saúde Única em Periferias (SUP) e da Amavisse Editora, foi lançado em junho de 2022.

Resultados Zona Oeste

O levantamento tinha como objetivo identificar as demandas sociais dos espaços periféricos à USP na capital. Abrange dados como família, trabalho e renda, práticas culturais, religião, acesso à tecnologia e a internet, e a relação com a USP, entre outros.

O volume 1 apresenta os números levantados nos territórios de Jardim São Remo e Sem Terra – vizinhos à Cidade Universitária, na Zona Oeste –, onde foram recenseadas 8.457 pessoas. Nesta população, 53% têm menos de 30 anos e a maioria dos moradores se declarou parda (45,7%), seguida dos brancos (33,3%), pretos (17,1%), indígenas (1,6%) e amarelos (0,9%), além de 1,3% sem informação. Entre os que se declararam pretos e pardos, a maioria é praticante de religiões de matriz africana.

A pesquisa identificou que, na maioria dos domicílios, o rendimento familiar está entre meio e três salários mínimos. Também é considerável o percentual de domicílios cuja faixa de rendimentos se localiza entre meio e um salário e meio, correspondendo a 39,5% dos domicílios em São Remo e 31% dos domicílios no Sem Terra.

Outro dado apontado é um alto índice de crianças e adolescentes (de 10 a 17 anos) com trabalho remunerado, podendo configurar trabalho infantil, sendo 10,4% são em São Remo e 5,7% no Sem Terra. Também nos territórios da Zona Oeste, 70% dos imóveis próprios não têm documento que comprove sua posse, embora 61% dos moradores se identifiquem como proprietários e 39% aluguem ou morem com algum tipo de cessão.

Quanto às práticas culturais, 85% dos moradores realizam pelo menos uma atividade cultural. A cultura, inclusive, é um dos serviços da USP mais acessados pela população, junto a atividades físicas e esportivas, e acesso ao transporte, atrás apenas do atendimento médico e/ou odontológico. Por outro lado, em 87,4% dos domicílios não há moradores que utilizam esses serviços ou desenvolvem atividades no campus, embora 81,6% dizem não ter incômodo entre moradores e universidade.

Na educação, 97,6% das crianças e adolescentes com idade entre 6 e 14 anos estão matriculadas no Ensino Fundamental, enquanto 25,6% dos adolescentes entre 15 e 17 anos não estão frequentando o Ensino Médio. Apesar da proximidade, apenas 1,5% dos moradores entrevistados estudam e 2,7% declararam já terem sido alunos da USP, seja na creche, cursos livres e pré-vestibulares, além da graduação e pós-graduação.

Resultados Zona Leste

O volume 2 da publicação é dedicado aos dados obtidos nos territórios vizinhos à Escola de Artes, Ciências e Humanidades, na Zona Leste, reunindo Jardim Keralux e Vila Guaraciaba, onde o IBGE identificou em 2010 uma população de 8.044 pessoas, e a USP recenseou 9.131 moradores em 2019.

Assim como na Zona Oeste, 67% dos imóveis próprios nestes territórios não têm documento que comprove a posse do imóvel, embora 65,8% dos pesquisados afirmem ser proprietários do imóvel e já terem pago por eles. Sobre os animais, a soma de cães e gatos (2.814) é maior do que a de crianças (1.570) no conjunto das comunidades.

A renda de 61,6% dos domicílios em Keralux e de 71% em Vila Guaraciaba se concentra entre meio e três salários mínimos. Entre crianças e adolescentes (de 10 a 17 anos), há 10,8% com algum tipo de trabalho remunerado em Keralux e 16,3% na Vila Guaraciaba – percentuais maiores do que os nacionais de trabalho infantil (em torno de 4,6%).

Quanto ao acesso à tecnologia e internet, embora 41,6% dos domicílios possuam computadores, há diferenças de acesso quanto a gênero e cor/raça. Segundo o censo, o pelos homens é de 39,1% e de 36,8% entre as mulheres. Em relação à cor, 41,8% das pessoas declaradas brancas têm acesso ao computador e à internet, enquanto a porcentagem entre pretas e pardas é de 37,1% e 36,2%, respectivamente.

A pesquisa

O trabalho foi realizado por 56 estudantes-pesquisadores de diferentes cursos de graduação e pós-graduação, além de geógrafos consultores e moradores do Jardim São Remo, Jardim Keralux e da Vila Guaraciaba. Também participaram docentes da USP.

Na primeira etapa do processo, realizada entre fevereiro de 2019 e março de 2020, foram visitadas todas as unidades residenciais para coletar dados sobre os domicílios, moradores e animais. Na segunda, de fevereiro a abril de 2021, foram identificadas e registradas informações sobre equipamentos públicos, instituições, grupos e pessoas com ações sociais, artísticas, esportivas, educacionais e religiosas nos territórios.

Pelo viés acadêmico, o resultado do censo tem como proposta subsidiar novos projetos de pesquisa e extensão na USP. Pelo olhar social, pode ser utilizado pelos moradores desses territórios para reivindicações junto ao poder público ou à iniciativa privada.

Sobre a cátedra

A Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência é uma parceria entre o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP) e o Itaú Cultural. Desde 2016, a iniciativa abre espaço para a discussão e a promoção de atividades voltadas para o cenário das artes – com foco na gestão e ação cultural.

A cada ano, a cátedra elege um titular para orientar as atividades. Em 2016, o cargo foi ocupado pelo diplomata Sérgio Paulo Rouanet, e no ano seguinte por Ricardo Ohtake, diretor do Instituto Tomie Ohtake. Em 2018, foi a educadora e ativista social Eliana Sousa Silva, diretora-fundadora da Redes da Maré, e em 2019 o curador e crítico de arte Paulo Herkenhoff e a bioquímica e professora Helena Nader, numa titularidade conjunta.

Desde 2020, a Cátedra tem como titular o antropólogo argentino Néstor García Canclini. A partir de agosto de 2022, assume o posto a escritora Conceição Evaristo.

SERVIÇO

Lançamento do aplicativo e dos livros:

Censo Vizinhança USP / Características Domiciliares e Socioculturais - Jardim São Remo Sem Terra (volume 1) Jardim Keralux e da Vila Guaraciaba (volume 2)
Coordenação: Eliana Sousa Silva e Martin Grossmann

Organização: Eliana Sousa Silva, Érica Peçanha e Dalcio Marinho Gonçalves

Dia 1 de julho (sexta-feira), às 17h

Transmissão ao vivo pelo site do IEA-USP www.iea.usp.br/aovivo

PROGRAMAÇÃO:

Abertura:

Eliana Sousa Silva (titular da Cátedra Olavo Setubal, 2018)

Martin Grossmann (coordenador acadêmico da Cátedra Olavo Setubal)

Apresentação de dados e reflexões:

Importância do censo nas favelas, metodologia e destaque dos resultados

Dalcio Marinho (coordenador de pesquisa DASP)

Sentidos do censo para um morador da São Remo

Ericsson Magnavita (articulador local censo São Remo)

Recomendações para projetos acadêmicos nas periferias e favelas

Kaio Gameleira (articulador local censo Jardim Keralux e Vila Guaraciaba)

Algumas considerações sobre o censo

Helena Katz (paraninfa da titular 2018)

Comentários:

Paulo Nussenzveig (pró-reitor de Pesquisa e Inovação da USP)
Neca Setubal (presidente do conselho curador da Fundação Tide Setubal)
Eduardo Saron (diretor do Itaú Cultural)
Fabiana de Sant´Anna Evangelista (vice-diretora da EACH)
Márcia Lima (assessora técnica da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento da USP)
Guilherme Ary Plonski (diretor do IEA)

Moderação: Martin Grossmann

Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência do IEA-USP

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