Você está aqui: Página Inicial / NOTÍCIAS / Diretores de IEAs definem diretrizes de rede internacional para os próximos dois anos

Diretores de IEAs definem diretrizes de rede internacional para os próximos dois anos

por Mauro Bellesa - publicado 02/04/2018 11:40 - última modificação 05/12/2018 10:36

A rede University-Based Institutes for Advanced Study (Ubias) realizou sua quarta Reunião de Diretores no IEA-USP, de 19 a 23 de março.
Diretores de IEAs participantes de reunião da Ubias no IEA-USP - 21/3/2018
Diretores e representantes dos IEAs integrantes da rede internacional Ubias durante o encontro no IEA-USP

Reunidos no IEA-USP e pela primeira vez nas Américas, de 19 a 23 de março, os diretores dos IEAs integrantes da rede internacional Ubias (sigla em inglês para Institutos de Estudos Avançados Baseados em Universidades) analisaram as atividades realizadas no âmbito da entidade nos últimos dois anos e definiram questões administrativas e acadêmicas para o biênio 2018/2020. Uma das decisões foi a escolha do vice-diretor do IEA-USP, Guilherme Ary Plonski, como novo coordenador da rede, ampliada durante a reunião com o ingresso de mais cinco IEAs, que totalizam agora 44 institutos.

O encontro tratou desde o estatuto da Ubias até a análise inicial de temas para a próxima Intercontinental Academia - projeto que reúne dois IEAs de continentes diferentes para o estudo de um tema comum - e para o Tópico do Ano dos IEAs em 2019. Entre os assuntos  em discussão para esses dois projetos estão: falso e fato; água; máquinas conscientes; e conhecimento e liberdade. O trabalho de detalhamento, análise e escolha dos temas definitivos terá continuidade online.

Na cerimônia de abertura, o pró-reitor de Pesquisa da USP, Sylvio Roberto Accioly Canuto, destacou a importância da realização do encontro e a sintonia da Pró-Reitoria de Pesquisa com o IEA-USP e, por conseguinte, com a Ubias na promoção de estudos interdisciplinares. Canuto explicou que isso se dá por meio do apoio da Pró-Reitoria ao Programa Ano Sabático e à contratação de professores visitantes pelo Instituto, além da parceria na realização dos Strategic Workshops (apoiados também pela Academia de Ciências do Estado de São Paulo), que já trataram de temas como nanotecnologia, bioeconomia, biotecnologia, inovação, ética na pesquisa e vários temas das ciências ambientais.

Relacionado

Midiateca

Notícia

Documento


Leia mais notícias sobre a rede Ubias e a Intercontinental Academia

"Para beneficiar a humanidade, é preciso compreender a necessidade da ciência, das explicações lógicas que ela fornece, e lidar com os princípios das pessoas e das nações. Essa é a razão de existirem os IEAs", afirmou na cerimônia o diretor do IEA-USP, Paulo Saldiva . Ele ressaltou a importância da obtenção de uma visão transversal entre as disciplinas, "pois o mundo é complexo e complicado e acabamos separando artificialmente o conhecimento em domínios, de forma a termos uma visão mais clara de áreas que possam beneficiar a humanidade".

Morten Kyndrup e Guilherme Ary Plonski - 20/3/2018
Guilherme Ary Plonski (à dir.), novo coordenador da Ubias, é cumprimentado pelo seu antecessor, Morten Kyndrup

Ainda na abertura, o diretor do IEA da Universidade de Aarhus, Dinamarca, Morten Kyndrup, coordenador da Ubias nos últimos dois anos, discutiu a razão da existência da rede e o próprio conceito de instituto de estudos avançados.

Para ele, possibilitar a troca de experiências é uma razão fundamental. "A maioria dos IEAs é relativamente jovem, o que torna o intercâmbio de melhores práticas extremamente útil". Mas não se trata apenas de intercâmbio de experiências acadêmicas. Kyndrup considera relevante também o diálogo sobre as características e dificuldades do relacionamento entre os institutos e suas universidades-mãe.

Ao lado do compartilhamento de parte da estrutura universitária, os institutos precisam ter um certo grau de autonomia, segundo ele, o que "torna inevitável uma espécie de ambivalência entre dependência e independência". Outro aspecto que traz certa vulnerabilidade aos IEAs é a questão do financiamento, disse. "Em tempos de dificuldades financeiras, é preciso que as universidades tenham certa flexibilidade com os IEAs."

Kyndrup afirmou que é de grande relevância para a Ubias a construção e desenvolvimento do conceito de IEA. "Historicamente, esse conceito está vinculado a um valor simbólico: o prestígio. Isso é importante para atrair os melhores pesquisadores". No entanto, lidar com o conceito de IEA constitui um forte dilema até mesmo para a Ubias: "Como negociar o desejo de ser inclusivo na avaliação dos IEAs interessados em participar da rede e ao mesmo tempo manter certos padrões em consonância com o conceito?".

Critérios para um
IEA integrar a Ubias

  • ter um programa com processo seletivo para a concessão de bolsas para pesquisadores estrangeiros;
  • integrar uma universidade de pesquisa reconhecida internacionalmente;
  • contar com programas que promovam a interdisciplinaridade;
  • atuar em função de toda a universidade e, portanto, não estar vinculado apenas a uma disciplina, um departamento ou unidade (isso é avaliado em função da missão, estrutura organizacional e liderança do instituto).

A solução prática para isso adotada pela Ubias é ter diferentes níveis de associação, explicou. "Combinamos uma política de abrigar todos os interessados nos encontros e temas em discussão, mas mantendo critérios para uma associação completa à rede. Ou seja, nos mantendo fechados, mas completamente abertos."

Para colaborar com Plonski na coordenação da rede, foram escolhidos dois novos vice-coordenadores: Raouf Boucekkine, diretor do IMéRA (um dos quatro integrantes da Rede Francesa de IEAs) da Universidade de Aix-Marselha, e Hisanori Shinohara, diretor do Instituto de Pesquisa Avançada (IAR, na sigla em inglês) da Universidade de Nagoya, Japão. [Atualização: por motivos pessoais, Shinohara não pode assumir a vice-coordenação e foi substituído por Clarissa Ball, diretora do IEA da Universidade do Oeste da Austrália.]

Além dos três membros da coordenação, foram escolhidos os outros sete membros do Conselho Diretivo da Ubias: Clarissa Ball, diretora do IEA da Universidade do Oeste da Austrália; Bernd Kortmann, diretor executivo do IEA da Universidade de Freiburg, Alemanha; Michal Linial, diretora do IEA da Universidade Hebraica de Jerusalém, Israel; Morten Kyndrup, diretor do IEA da Universidade de Aarhus, Dinamarca; Jane Ohlmeyer, diretora do Trinity Long Room Hub do Trinity College Dublin, Irlanda; e Véronique Zanetti, diretora executiva do Centro para Pesquisa Interdisciplinar (ZiF, na sigla em alemão) da Universidade de Bielefeld, Alemanha.

Outra decisão organizacional foi a aprovação do ingresso de cinco IEAs na rede, entre os quais o Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) da Universidade Federal de Minas Gerais, que passa a integrar a a representação brasileira ao lado do IEA-USP e do Instituto de Estudos Avançados (IdEA) da Unicamp, recriado em dezembro de 2017. Os outros novos integrantes da Ubias são: o Zukunftskolleg da Universidade de Konstanz, Alemanha; o IEA da Universidade de Cergy-Pontoise, França; o IEA da Universidade de Warwick, Reino Unido; e o IEA da Universidade de Amsterdam, Holanda.

Fotos: Leonor Calasans/IEA-USP