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Ricardo Ohtake assume a Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência

por Mauro Bellesa - publicado 21/02/2017 16:05 - última modificação 05/07/2017 11:24

Ricardo Ohtake
Ricardo Ohtake

O arquiteto, designer gráfico e gestor cultural Ricardo Ohtake passa a ocupar a Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, em março, quando se encerra o período do primeiro titular do posto, o sociólogo, cientista político, filósofo e diplomata Sérgio Paulo Rouanet.

A transição entre os ocupantes acontecerá em cerimônia no dia 17 de março, às 10h, na Sala do Conselho Universitário, com transmissão ao vivo pela internet.

Criada em 17 de fevereiro de 2016, a cátedra é resultado de convênio entre o IEA e o Itaú Cultural. É a primeira cátedra da USP a contemplar também a arte. Ela compreende dois programas: Líderes na Arte, Cultura e Ciência, que teve Rouanet e agora conta com Ohtake; e Redes Globais de Jovens Pesquisadores.

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O coordenador acadêmico da cátedra, Martin Grossmann, ex-diretor do IEA, destaca que a iniciativa dá especial atenção aos diversos aspectos relacionados com a gestão cultural e às políticas públicas para a cultura.

Segundo Grossmann, a participação de Rouanet como primeiro ocupante da cátedra foi importante não só pelo fato de ele ser o autor da lei de incentivo que leva seu nome, mas principalmente por sua visão sobre políticas públicas para o setor e sua reflexão filosófica sobre a arte, baseada nos pressupostos da Escola de Frankfurt, sobretudo nas ideias de Walter Benjamin, que ainda "balizam muitas das reflexões sobre o tema no Brasil".

Com Ohtake e os três ocupantes que virão depois dele (a cátedra terá duração de cinco anos), a coordenação do convênio objetiva incluir no debate outras concepções de políticas públicas e a influência da arte na sociedade.

A escolha de Ohtake foi decidida pelo Comitê Executivo da cátedra, que reúne três representantes de cada parceiro mais o ocupante de momento do posto, caso de Rouanet. Pelo IEA, participam Grossmann, coordenador acadêmico do convênio, o diretor do Instituto, Paulo Saldiva, e o editor da revista "Estudos Avançados", Alfredo Bosi. Os integrantes pelo Itaú Cultural são Eduardo Saron (diretor), Marcos Cuzziol (gerente do Núcleo de Inovação) e Luciana Modé (coordenadora do Observatório).

Grossmann ressalta a importância da escolha de Ohtake dada sua notória carreira como formulador e implantador de políticas públicas para a cultura e como gestor de instituições culturais. Ele faz parte de uma das famílias mais importantes para a arte e a arquitetura do país: é filho da artista plástica Tomie Ohtake (1913-2015) e irmão do também arquiteto Ruy Ohtake. Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e designer gráfico consagrado, ele dirige o Instituto Tomie Ohtake desde sua criação, em 2001, numa trajetória marcada pela disposição em democratizar o acesso do público à arte moderna e contemporânea.

Atualmente Ohtake também preside a Associação Brasileira de Entidades Culturais Não Lucrativas (Anec) e participa do projeto de sua família para a transformação da casa de Tomie Ohtake, no bairro Campo Belo, em São Paulo, num centro cultural dedicado às artes plásticas.

Ele foi secretário da Cultura do Estado de São Paulo, secretário do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo e diretor do Centro Cultural São Paulo, do Museu da Imagem e do Som e da Cinemateca Brasileira. Deu aula em diversas faculdades de arquitetura, comunicações e artes plásticas e foi curador da participação brasileira na Bienal de Arquitetura de Veneza de 2010.

Primeiro ano

A cátedra teve intensa programação em seus dois programas ao longo do primeiro ano de funcionamento. Rouanet fez as conferências “A Modernidade e suas Ambivalências”, "Prazer Desinteressado da Arte? De Kant à Cultura Pós-Aurática de Walter Benjamin" e “Ciência e suas Fronteiras”, participou do debate “Arte, Artista e Universidade” e coordenou o seminário “Cinema e Psicanálise”.

No âmbito do programa Líderes na Arte, Cultura e Ciência, a cátedra apoiou as atividades da primeira edição da Intercontinental Academia, realização do IEA e do Institute for Advanced Research (IAR) da Nagoya University sob os auspícios da rede Ubias (University-Based Institutes for Advanced Study).

No Itaú Cultural, a cátedra foi uma das iniciativas da comemoração dos dez anos do Observatório, completados ano passado. Criado em 2006 com o objetivo de promover reflexão e conhecimento de questões referentes à gestão, economia e políticas culturais, o Observatório Itaú Cultural é um espaço que coleta, organiza, sistematiza, torna compreensível e difunde informações sobre a cultura, atuando como um instrumento para o desenvolvimento de políticas culturais plurais.

O Observatório tem suas ações estruturadas no tripé: formação, difusão e pesquisa. A formação de quadros profissionais é uma exigência para a realização de investigações com qualidade, além de colaborar para a redução da carência de profissionais especializados nos processos de gestão cultural. Assim, o programa oferece – desde 2009, por meio de uma parceria com a Universidade de Girona (Espanha) – o curso de especialização em Gestão e Políticas Culturais. Além dessa iniciativa – gratuita e com caráter de pós-graduação –, o Observatório realiza a Semana de Gestão e Políticas Culturais, curso livre que já contribuiu para a capacitação de agentes e gestores do setor da cultura em cidades de todas as regiões do país.

Olavo Setubal

Olavo Egydio Setubal (1923-2008) teve destacada atuação como empresário, banqueiro e político e por onde passou promoveu o acesso à cultura. Na vida pública e privada, atuou definindo caminhos para o país e com uma trajetória engajada no crescimento econômico aliado às contrapartidas sociais.

Prefeito de São Paulo de 1975 a 1979, entre outros feitos, implantou a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, revitalizou a atuação oficial no movimento cultural, abriu o Teatro Municipal a espetáculos populares e reformou e recuperou importantes construções no centro da cidade, como a Biblioteca Mario de Andrade. Idealizou e fundou o Instituto Itaú Cultural, em 1987, e o presidiu até 2001.