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Pesquisadores discutem saúde dos negros e atendimento no SUS

por Fernanda Rezende - publicado 13/09/2019 11:30 - última modificação 13/09/2019 16:36

Expositores são autores e organizadores do último volume da série Temas em Saúde Coletiva, que tem o mesmo título do encontro e foi publicado pelo Instituto de Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Corredor do SUS
Para pesquisadora, a população negra sofre um genocídio discreto, sendo uma das causas a má condição de saúde
No seminário As Interfaces do Genocídio no Brasil: Raça, Gênero e Classe, pesquisadores irão discutir as condições de saúde da população negra. Os expositores são autores e organizadores do último volume da série Temas em Saúde Coletiva, que tem o mesmo título do encontro e foi publicado pelo Instituto de Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. A atividade acontece dia 20 de setembro, às 14h, no IEA, e é proposta por Dennis de Oliveira, pesquisador em Ano Sabático no IEA e professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP.

Dirigida aos profissionais do SUS, com o intuito de disseminar conhecimentos práticos e científicos necessários ao atendimento rotineiro da população negra, o volume considera que há um genocídio dessa raça no Brasil. Segundo Marisa Fefferman, uma das organizadoras da obra (assim como Oliveira) e pesquisadora do Instituto de Saúde, esse genocídio por vezes ocorre de forma discreta, tornando-se parte da rotina daqueles que atuam nos serviços de saúde. Ela ressalta que o preconceito também pode ser reverso: dos pacientes em relação aos profissionais negros da saúde, que têm sua capacidade questionada.

Além de Dennis e Fefferman, estarão presentes Maria Glória Calado, do Senac; Ricardo Alexino, da ECA-USP; Weber Lopes Góes, da Faculdade de Mauá; e Neninho de Obaluaie, do Movimento Negro. Para participar presencialmente, é necessário realizar inscrição. Haverá transmissão ao vivo pelo site do IEA, para a qual não precisa se inscrever.

Em sua introdução, a publicação destaca que, “apesar do pequeno número de estudos sobre os processos de morte, adoecimento, acesso a serviços de saúde e sequelas de doenças", os que estão disponíveis revelam grande disparidade entre brancos e negros. Mas alguns dados surgem com frequência na produção científica das últimas décadas:

• Entre os negros predominam mortes consideradas evitáveis.

• Em 2014, no município de São Paulo, as causas externas (acidentes e violências) foram responsáveis por 8,7% do total de óbitos. Os pardos apresentaram a maior proporção (15,7%), seguidos pelos pretos (10,8%) e indígenas (8,3%). O porcentual de mortes por causas externas entre brancos e amarelos foi 6,8% e 3,6%, respectivamente.

• A Mortalidade Materna é 4 a 9 vezes maior entre as mulheres negras do que entre as brancas, dependendo do estado e/ou cidade considerada.

• Maior prevalência de hipertensão: independentemente de faixas etárias e do sexo, observa-se que a população negra apresenta taxas de prevalência de hipertensão maiores do que os brancos, sendo que essa taxa é sempre maior conforme se amplia a idade dos indivíduos analisados.

• Verifica-se menor proporção de adesão entre mulheres e homens negros para diversos exames de prevenção e para seguimento de intervenções.

 


As Interfaces do Genocídio no Brasil: Raça, Gênero e Classe
20 de setembro, às 14h
Local: Sala Alfredo Bosi - Rua Praça do Relógio, 109, térreo, Cidade Universitária, São Paulo
Transmissão ao vivo
Evento público e gratuito, com inscrição prévia

Página do evento