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Seminário debate processos de escravidão no Atlântico e no Mediterrâneo

por Victor Matioli - publicado 27/03/2019 15:10 - última modificação 12/04/2019 10:25

Com a finalidade de analisar o assunto sob a perspectiva da atualidade, o Grupo de Pesquisa Tempo, Memória e Pertencimento do IEA realizará o evento Escravidão do Corpo e Escravidão da Alma: Igreja, Poder Político e Escravidão entre Atlântico e Mediterrâneo nos dias 11 e 12 de abril, das 9h às 17h.
O negro Cipião
"O negro Cipião", de Paul Cézanne

Passados 130 anos da abolição no Brasil, formas modernas de escravidão são reveladas constantemente e evidenciam que as discussões sobre o tema continuam atuais e cada vez mais necessárias. Com a finalidade de analisar o assunto sob a perspectiva da atualidade, o Grupo de Pesquisa Tempo, Memória e Pertencimento do IEA realizará o evento Escravidão do Corpo e Escravidão da Alma: Igreja, Poder Político e Escravidão entre Atlântico e Mediterrâneo nos dias 11 e 12 de abril, das 9h às 17h.

Para participar presencialmente é necessário realizar inscrição prévia. Haverá também uma transmissão ao vivo pelo site do IEA, para a qual não é preciso se inscrever.

De acordo com os organizadores, um dos objetivos é estabelecer horizontes comparativos entre os processos de escravidão no Atlântico e no Mediterrâneo, fenômenos geralmente analisados isoladamente pelos estudiosos da área. Apesar das diferenças notáveis entre os casos, eles entendem que a análise é fundamental para “lançar luz sobre aspectos de continuidade e diferenças entre os dois universos”.

Outro assunto que será debatido é a hierarquização de povos criada pelos europeus com base em interpretações de fundamentos aristotélicos. Segundo os organizadores do encontro, muitos teóricos consideravam que os homens não eram igualmente dotados de razão e autodeterminação política, o que transformou a cristianização dos povos africanos e americanos em um processo de “civilização”. Foi esta mesma aplicação da moral cristã que criou um dualismo entre a escravidão da alma — proveniente do pecado original bíblico — e a escravidão do corpo — justificada pelo “aprisionamento” da alma escravizada —, explicam os organizadores.

Participarão do evento, como expositores, Marina Massimi, psicóloga e professora sênior do IEA, Carlos Zeron, professor do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Camila Loureiro Dias, professora do Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Emanuele Colombo, professor do Departamento de História da Religião da Universidade DePaul (Chicago, EUA), Caio César Boschi, professor do Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), e Alcir Pécora, professor de Teoria Literária da Unicamp.

O evento é voltado para pesquisadores das áreas de história do Brasil, história da cultura, história da psicologia, história da teologia, além de professores do ensino médio e alunos de graduação e pós-graduação. A abordagem pretendida pelo encontro é interdisciplinar, atravessando diversas áreas do contexto escravista, e visa responder às seguintes questões:

• Como a Igreja Católica lidou com o fenômeno da escravidão no Velho e Novo Mundo?

• Quais respostas teológicas foram propostas para a questão da legalidade da escravidão e que contribuição os canonistas deram?

• Como estudar a circulação da literatura teológica e missionária sobre este tema entre a Europa e a América?

• Qual foi o papel das ordens religiosas e das irmandades?

• Quais foram as influências da reciprocidade no tratamento dos escravos cristãos no mundo muçulmano e dos escravos muçulmanos no mundo cristão no Mediterrâneo?

Veja a programação completa:

Foto: João Musa/MASP


Escravidão do Corpo e Escravidão da Alma: Igreja, Poder Político e Escravidão entre Atlântico e Mediterrâneo
11 e 12 de abril, a partir das 9h
Sala Alfredo Bosi, Rua da Praça do Relógio, 109, térreo, Cidade Universitária, São Paulo
Evento gratuito, com transmissão ao vivo pela internet
Para acompanhar presencialmente, é necessário se inscrever
Mais informações: Sandra Sedini (sedini@usp.br); telefone (11) 3091-1678
Página do evento