Grupo de pesquisa sobre tecnologias de oncologia de precisão realiza seminário inaugural
Paciente com remissão do câncer graças à terapia celular CAR-T. O termo CAR é a sigla para chimeric antigen receptor (receptor quimérico de antígeno). O T é referente ao linfócito T. A célula CAR-T é um linfócito T que passou por modificação genética. Um dos trabalhos do novo grupo de pesquisa será a análise de custo-efetividade, na perspectiva do SUS, da terapia à base de células CAR-T em pacientes adultos com linfoma difuso de grandes células B. Imagem: arquivo pessoal/divulgação. |
Criado em setembro, o Grupo de Pesquisa Equidade e Eficiência das Tecnologias de Oncologia de Precisão (EETOP) inaugura suas atividades públicas com o seminário "Oncologia de Precisão no Brasil: Uma Abordagem de Avaliação de Tecnologias em Saúde ao Longo do Ciclo de Vida", nos dias 1 e 2 de outubro, às 9h, na Sala do Conselho Universitário da USP (Rua da Reitoria, 374, São Paulo).
O encontro terá exposições e debates com a participação de pesquisadores da Faculdade de Medicina (FM) da USP, do Centro Médico da Universidade Radboud (Países Baixos), da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e da Roche Brasil. Os interessados em participar presencialmente devem efetuar inscrição prévia online. Para assistir ao vivo pela internet não é preciso se inscrever. Veja a programação completa.
A organização do seminário é do EETOP, do Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão (C2PO) da USP, do Instituto de Avaliação de Tecnologia em Saúde (Iats) e do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da FM-USP. A coordenação é da professora Patrícia Coelho de Soárez, da FM-USP, e da economista Claudia Pavani, do Núcleo de Pesquisa e Gestão Tecnológica, que são, respectivamente, coordenadora e vice-coordenadora do EETOP.
Medicina de precisão
De acordo com Soárez e Pavani, a medicina de precisão é definida como “uma abordagem emergente para a prevenção e o tratamento de doenças que leva em consideração a variabilidade individual dos genes, ambiente e estilo de vida de cada pessoa”. Para cientistas e oncologistas, o termo "medicina personalizada" é frequentemente usado de forma intercambiável com termos como "medicina genômica", "medicina de precisão" e "oncologia de precisão", acrescentam as coordenadoras.
"A medicina de precisão representa uma mudança de paradigma, uma transformação disruptiva nas abordagens de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças. As terapias que eram desenvolvidas com base em médias populacionais, nas quais os pacientes recebiam tratamentos padronizados, agora são adaptadas às características individuais de cada paciente, incluindo seu perfil genético, ambiental e de estilo de vida. As terapias contra o câncer, anteriormente desenvolvidas com base no tipo e na localização do tumor (por exemplo, câncer de pulmão, câncer de mama), agora são direcionadas às alterações genéticas específicas do tumor, independente da sua localização no corpo."
À medida que a medicina de precisão em oncologia se expande para incluir big data, proteômica, transcriptômica e imagem molecular, também aumentam os desafios de traduzir esse novo paradigma em cuidados de saúde efetivos e equitativos para os pacientes, ressaltam Soárez e Pavani.
De acordo com elas, ainda precisam ser resolvidas questões relacionadas ao desenho adequado de ensaios clínicos, à definição de benefícios significativos para os pacientes, ao acesso, à equidade, ao aumento dos custos e sustentabilidade do SUS.
Grupo de pesquisa
O propósito do EETOP, cuja aprovação foi aprovada pelo Conselho Deliberativo do IEA no dia 11 de setembro, é ser um espaço de comunicação entre a comunidade científica e a sociedade, de modo a aglutinar discussões interdisciplinares em torno das contribuições da medicina de precisão em oncologia para o cuidado do paciente com câncer, em uma perspectiva de equidade e sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro.
Ao promover o avanço das discussões sobre essas questões, o grupo de pesquisa espera contribuir com a formulação de políticas públicas e fortalecer os canais de interação entre a entre a academia e o terceiro setor. O objetivo é garantir que as inovações nessa área beneficiem toda a população, especialmente os pacientes mais vulneráveis, e que as decisões de incorporação de novas tecnologia no Sistema Único de Saúde (SUS) sejam fundamentadas em evidências científicas, valores sociais e considerações de equidade, segundo a coordenação do grupo.
As principais ações do EETOP serão: 1) promover seminários para a produção de conhecimento na medicina de precisão em oncologia; 2) desenvolver um quadro de valor para orientar a implementação dessas tecnologias na prática clínica do SUS; e, como estudo de caso, conduzir uma análise de custo-efetividade, na perspectiva do SUS, da terapia à base de células CAR-T em pacientes adultos com linfoma difuso de grandes células B.
O grupo de pesquisa reúne professores da FM-USP, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, pesquisadores do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e do Hospital das Clínicas da FM-USP e representantes do Ministério da Saúde e da Abrale.