Walter Neves ministrará curso de difusão sobre debates atuais na paleoantropologia
- O paleoantropólogo Walter Neves, coordenador do Núcleo de Popularização dos Conhecimentos sobre Evolução Humana do IEA
Os interessados devem se inscrever via sistema Apolo de 22 de agosto a 9 de setembro. As 40 vagas disponíveis têm como público-alvo interessados em evolução humana, sobretudo alunos de graduação e pós-graduação, graduados e pós-graduados, além de professores universitários de qualquer área do conhecimento. Os candidatos devem ser fluentes na leitura de textos em inglês.
Se o total de inscritos superar o número de vagas, será utilizado o critério de sorteio. A confirmação da matrícula ocorrerá a partir de 12 de setembro. A presença no primeiro encontro (7 de outubro) será utilizada como critério para confirmação de interesse em manter a vaga. Isso permitirá, eventualmente, que os inscritos em lista de espera ocupem vagas remanescentes.
Alunos matriculados que não puderem comparecer ao primeiro encontro e se comprometerem a atingir a frequência mínima exigida para aprovação no curso (75%) deverão confirmar o interesse escrevendo para rkmeckien@usp.br para não correrem o risco de cancelamento da matrícula. Um aviso a respeito de vagas remanescentes será dado após 7 de outubro (início do curso). Serão aprovados aqueles que obtiverem nota igual ou superior a 5,0, atribuída a partir de testes de verificação de leitura e do grau de participação nas aulas.
História evolutiva
O objetivo de Neves no transcorrer das 10 aulas será conectar as características mais notórias dos hominínios com o momento em que elas surgiram ao longo da linhagem evolutiva, para construir uma perspectiva sobre a extensa história que resultou no surgimento da espécie humana. Os alunos terão a oportunidade de explorar:
- a diversidade de espécies que caracteriza a linhagem evolutiva dos hominínios e o caráter não linear dessa evolução;
- o momento do surgimento das principais inovações biológicas que definem a linhagem hominínia e sua importância para o processo evolutivo;
- as circunstâncias ambientais, ecológicas e sociais que permitiram a evolução e o sucesso da linhagem que chegou até nós.
- a fragilidade epistemológica da paleoantropologia.
- Exposição ''Ocupação Hominínia'' no saguão do IEA, com curadoria de Walter Neves, apresenta réplicas de fósseis de vários hominínios
Difusão científica
Neves é professor titular aposentado do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências (IB) da USP, onde fundou o Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos, cuja principal linha de pesquisa é a questão da chegada do homem ao continente americano. Em paralelo às pesquisas que desenvolve, ele tem intensa atividade na divulgação pública dos conhecimentos sobre evolução humana.
No IEA, como professor sênior, além de cursos como o deste ano (o primeiro foi New Kids on the Block: Debates Contemporâneos em Paleoantropologia, em 2019), Neves coordena o Núcleo de Popularização dos Conhecimentos sobre Evolução Humana e é curador de exposição permanente de réplicas de fósseis de hominínios e de exposições itinerantes similares em parceria com outras instituições, como o Catavento Cultural.
Ao longo de sua história evolutiva, a espécie humana desenvolveu uma combinação única de características biológicas e culturais que nos separam significativamente de outras formas de vida no planeta, afirma Neves. "Graças às nossas características, somos uma das espécies com maior dispersão ao redor do planeta, tendo colonizado praticamente todos os continentes e nichos ecológicos disponíveis na Terra. Nosso sucesso se deve, em última análise, à nossa capacidade de modificar o ambiente ao nosso redor, adaptando-o às nossas necessidades em escalas e velocidades não registradas anteriormente."
São justamente essas características únicas do ser humano que fazem com que a espécie pareça ser especial e diferenciada das outras formas de vida no planeta, "fazendo com que busquemos explicações sobrenaturais para nossa origem", afirma o paleoantropólogo. Ele ressalta que, ainda hoje, grande parte da sociedade defende e promove tais visões para a origem da espécie humana, "apesar de mais de 150 anos de descobertas científicas que mostram que somos o produto de uma série de contínuas inovações evolutivas naturais que ocorreram nos últimos 7,5 milhões de anos".