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Caminho da Cutia: Territórios e Saberes das Mulheres Indígenas

por Mauro Bellesa - publicado 19/02/2024 10:05 - última modificação 19/02/2024 10:02

Programa da titularidade de 2024
na Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência

Titulares: Arissana Pataxó, Francy Baniwa e Sandra Benites

O ano de 2024 será muito importante para a Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, pois fechará um ciclo de 10 anos desde seu lançamento, em 2015. Para celebrar esse momento, a última titularidade será ocupada por jovens lideranças femininas oriundas de povos originários (segmento ainda não contemplado nas titularidades anteriores). Arissana Pataxó (Região Nordeste, povo Pataxó), Francy Baniwa (Região Norte, povo Baniwa) e Sandra Benites (Região Centro-Oeste, povo Guarani Nhandeva) formam o trio de mulheres potentes, cujas trajetórias vêm se destacando em campos tão diversos como arte, educação e antropologia.

O programa delineado pela trinca terá foco nos saberes e fazeres das mulheres indígenas, abordados a partir de experiências nas mais variadas áreas - do trabalho das parteiras à produção de cerâmica, do cultivo de roças à educação escolar, como também de suas atuações na política, na academia, nas artes, entre outras áreas. A ideia é propiciar espaços, interações e ações que contribuam para um frutífero diálogo entre a Universidade e os povos indígenas, no que concerne aos conhecimentos propriamente ditos, mas também aos modos de conhecer e de transmitir conhecimentos. Ao longo de 2024, as catedráticas pretendem proporcionar, tanto o compartilhamento de saberes e cosmovisões de suas próprias etnias com os não-indígenas, como também trocas e aproximações entre povos indígenas diferentes.

Na perspectiva adotada, a atuação da mulher indígena é pensada de modo multidimensional, abrangendo agências, papéis e lugares distintos, porém inter-relacionados, nas múltiplas dimensões que precisam ser pensadas em conjunto. Uma mulher pode ser liderança política, videomaker e pesquisadora acadêmica, por exemplo, atuando na interface com a sociedade nacional, ao mesmo tempo em que é protagonista em seu território tradicional, atuando como agricultora, mãe, responsável pela decoração dos corpos ou pela fabricação da cerâmica, entre outras possibilidades. A mulher indígena pode transitar entre o espaço urbano, a academia, o museu, a arena política, a roça, a casa, a floresta ou o ritual, mobilizando, cada vez, conhecimentos distintos e complementares que estarão em pauta, em 2024, na Cátedra.

O nome da titularidade não é casual: associa os saberes das mulheres indígenas aos caminhos de uma cutia. As trilhas deixadas dentro da mata por esse pequeno mamífero ramificam-se, deixam marcas, por vezes ficam sinuosas, mas sempre chegam ao destino final com muita determinação. Esperamos que a presença de Arissana Pataxó, Francy Baniwa e Sandra Benites na USP funcione como um caminho de cutia: encontre brechas na rigidez da epistemologia acadêmica, crie alternativas à hierarquia Ocidental, deixe marcas em nossa comunidade, e, no final, transforme todos os envolvidos. Assim sendo, esperamos que esta passagem da trinca pela Cátedra contribua não só para a trajetória de cada uma delas, como também para fortalecer o encontro entre a universidade e os povos indígenas.

Frentes de atuação

  • Pesquisa - O conhecimento a partir da perspectiva das mulheres indígenas
    • Mulheres intelectuais, acadêmicas, artistas, lideranças políticas
    • Mulheres nos territórios - saberes e fazeres relacionados à saúde da mulher (resguardo, parto, pós-parto etc.), roça, artes etc.
  • Encontros, ciclos de palestras e curso com mulheres indígenas
  • Elaboração de livro e outros produtos para divulgação dos conteúdos resultantes da titularidade.