Democracia, Artes e Saberes Plurais
Democracia, Artes e Saberes Plurais (DASP), trata-se de um projeto iniciado durante a titularidade de Eliana Sousa Silva na Cátedra Olavo Setubal de Artes, Cultura e Ciência entre março de 2018 e março de 2019, cuja continuidade foi possibilitada pela concessão da bolsa de professora visitante oferecida pelo Programa de Bolsas da USP no período de abril a dezembro de 2019.
Sob a coordenação acadêmica do professor Dr. Martin Grossmann, o projeto tem o objetivo geral de promover diálogos, interações e pesquisas que contribuam para aproximar a universidade e as periferias, reconhecer suas produções e ampliar os meios para maior representação dos sujeitos e experiências periféricas na USP, por meio de três ações principais:<
-
Centralidades Periféricas: ciclo de eventos sobre as produções culturais e artísticas das periferias e favelas, com a participação de artistas, ativistas e acadêmicos;
-
Pontes e Vivências de Saberes – Censo Jardim São Remo/Sem-Terra (Vila Clô), Jardim Keralux/Vila Guaraciaba: censo demográfico e de caracterização animal das comunidades vizinhas ao campus Capital (Cidade Universitária e Escola de Artes, Ciências e Humanidades);
-
Conexões USP-Periferias: plataforma digital para divulgar as ações de pesquisa, ensino e extensão da USP voltadas para as periferias e favelas.
Todas as ações do projeto são pautadas no reconhecimento da importância das periferias e favelas brasileiras no que diz respeito à sua produção de conhecimentos e, ainda, pela afirmação dos sujeitos que se manifestam a partir de diferentes expressões artísticas, culturais e políticas.
O que se busca afirmar, para além das estigmatizações em torno da carência material e da violência, é que os territórios periféricos e seus moradores devem ser vistos como potências no que se refere à sua capacidade de superação, inventividade e resiliência.
Nesse sentido, o DASP visa contribuir para o debate sobre a ampliação das formas de acesso, interlocução e permanência dos grupos periféricos na USP, a partir de iniciativas que investem na reflexão sobre a proximidade que deve existir entre o que é produzido na universidade e o que a sociedade, em geral, e as favelas e periferias, em particular, efetivamente demandam.
Eliana Sousa Silva
Ativista social, cultural e educacional, Eliana Sousa Silva é diretora fundadora da Redes da Maré. Nordestina que migrou para o Rio de Janeiro nos anos 1960, foi moradora da Maré na infância, juventude e início da vida adulta. É graduada em letras pela UFRJ, mestre em educação e doutora em serviço social, ambos pela PUC-Rio. Foi titular da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência em 2018.
+ saiba mais
Equipe de pesquisa
A Cátedra Olavo Setubal realizou dois processos de seleção de pesquisadores para o DASP, um em dezembro de 2018 e outro em maio de 2019, para o qual se inscreveram 205 candidatos de graduação e de pós-graduação. Ao longo de todo o projeto, foram convocados 63 estudantes, a partir da análise de currículo, do histórico escolar e de entrevista presencial.
Os critérios de seleção privilegiaram o desempenho acadêmico, a relação pessoal e profissional com as periferias, o interesse por questões sociais e a condição socioeconômica, o que resultou em uma equipe formada por estudantes de variados cursos e predominantemente de origem popular, negra e periférica.
Foram integrados à equipe graduandos cedidos pelo projeto “Saúde única em periferias”, coordenado por Oswaldo Santos Baquero (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP), que visa promover a saúde de forma integrada nas comunidades periféricas, a partir da relação de interdependência entre a saúde animal, humana e ambiental. Também atuaram na pesquisa estudantes ligados ao Programa Aproxima-Ação, coordenado por Ana Estela Haddad (Faculdade de Odontologia da USP), que busca desenvolver ações de formação e inclusão social em comunidades vizinhas à USP. Lúcia Maciel também cedeu bolsas de pesquisa ao projeto.
A equipe contou, ainda, com a participação de alguns moradores dos territórios pesquisados no papel de articuladores locais. Eles foram os responsáveis por difundir os objetivos da pesquisa, agendar as entrevistas e intermediar o diálogo com outros moradores e instituições que atuam nessas localidades.
Entre os pesquisadores, 56 atuaram diretamente no censo, 6 contribuíram para o desenvolvimento da plataforma e 1 atuou como supervisora-geral das duas pesquisas. Também contribuíram com o trabalho 3 consultores (2 para o censo e um para o Centralidades Periféricas) e 10 articuladores locais.