Titulares da cátedra

por Fernanda Rezende - publicado 02/08/2016 11:25 - última modificação 19/02/2024 11:23

2024

Arissana Pataxó, Francy Baniwa e Sandra Benites

A tríade de mulheres indígenas vai liderar em 2024 o programa "Caminho da Cutia: Territórios e Saberes das Mulheres Indígenas".

Arissana Pataxó

Arissana Pataxó - PerfilPertencente à etnia pataxó, Arissana nasceu em Porto Seguro (BA) e é artista visual, professora e pesquisadora. É doutoranda em artes visuais na Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde obteve o título de mestre em estudos étnicos e africanos e graduou-se em artes visuais.

Sua produção artística está relacionada à sua convivência familiar, com seu povo e com outros povos indígenas. Ela utiliza várias técnicas e suportes para tratar da realidade indígena e de sua interação outras realidades contemporâneas.

Arissana costuma dizer que suas primeiras referências artísticas surgiram a partir de memórias da infância "às margens do rio".  Aos 16 anos, mudou-se para a aldeia urbana de Coroa Vermelha.

Ela realizou sua primeira exposição individual ("Sob Olhar Pataxó") em 2007, no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA. Desde então, participou de diversas exposições no Brasil, Portugal, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos.

Arissana atua na educação escolar indígena desde 2002, colaborando também com a formação de professores e a produção de materiais didáticos. Ao longo de seus estudos, desenvolveu atividades de extensão de arte-educação com seu povo e outros povos indígenas da Bahia.

Francy Baniwa (Francineia Bitencourt Fontes)

Francy Baniwa - PerfilIntegrante da comunidade Wanaliana, na Terra Indígena Alto Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira (AM), Francy é antropóloga, escritora, fotógrafa e cineasta. Atua há mais de uma década no movimento indígena do rio Negro.

É doutoranda em antropologia social na UFRJ, onde obteve o título de mestre na mesma área. Graduou-se e licenciou-se em sociologia na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Em suas pesquisas, busca relacionar os saberes ancestrais de seu povo com as teorias acadêmicas. Dedica-se às áreas de etnologia indígena, mitologia, conhecimentos tradicionais, fotografia e audiovisual.

Francy dirigiu o documentário "Kupixá Asui Peé Itá — A Roça e seus Caminhos", de 2020, e escreveu, em parceria com seu pai, Francisco Baniwa, o livro "Umbigo do Mundo" (2023), ilustrado por seu irmão, Frank Baniwa.

Ela coordenou o Departamento de Mulheres Indígenas do Rio Negro da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro e o projeto "Vida e Arte das Mulheres Baniwa: Um Olhar de Dentro para Fora", no âmbito de acordo de cooperação técnica entre a Funai e a Unesco. O projeto foi retomado em 2023 com vista a qualificar as peças do primeiro acervo indígena da Funai, produzir uma exposição virtual e publicar um catálogo fotográfico e documentários sobre roça, cerâmica e tucum (artesanato com fibra de palmeira de mesmo nome nativa da Amazônia).

No momento, Francy coordena também o projeto ecológico pioneiro Amaronai Itá – Kunhaitá Kitiwara, para a produção de absorventes de pano, com a finalidade de possibilitar dignidade mestrual e empoderamento das mulheres do território indígena alto-rio-negrino.

Sandra Benites

Sandra Benites - PerfilNascida na Terra Indígena Porto Lindo, em Japorã (MS), Sandra é antropóloga, curadora de arte, educadora e ativista do povo guarani nhandeva. Atualmente é diretora de Artes Visuais da Fundação Nacional de Artes (Funarte).

Sandra obteve seu diploma no curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica da Universidade Federal de Santa Catarina. É mestra em Antropologia Social pelo programa de pós-graduação do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Desde 2019 vem desenvolvendo pesquisa de doutorado na UFRJ.

Foi professora de arte de ensino fundamental na comunidade guarani de Aracruz (ES), coordenadora pedagógica na Secretaria de Educação em Maricá (RJ), curadora adjunta de Arte Brasileira no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e curadora do Museu de Culturas Indígenas de São Paulo.

Suas propostas curatoriais enfatizam cosmovisões indígenas e estão centradas no protagonismo das mulheres indígenas. Nas áreas de educação e pesquisa, dedica-se às problemáticas do ensino bilíngue indígena e à dificuldade desse ensino em abarcar as particularidades e identidade das comunidades guaranis.

Ela lecionou em várias instituições americanas, entre as quais as Universidades de Indiana, Tufts e Harvard, e teve trabalhos publicados nos sites do Hammer Museum da Universidade da Califórnia em Los Angeles, do Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova York e do Peabody Museum da Universidade Harvard.

No final de 2022 e início de 2023, ela e a artista Anita Ekman foram as curadoras da exposição "Ka'a Body: Cosmovision of the Rainforest", organizada por parceria entre as galerias Paradise Row, de Londres, e Radicants, de Paris.

2022/2023

Conceição Evaristo

Conceição Evaristo - PerfilAutora de romances, poesia, contos e ensaios, Conceição Evaristo graduou-se em letras na UFRJ e obteve os títulos de mestre em literatura brasileira pela PUC-RJ e doutora em literatura comparada pela UFF.

Ela define seu trabalho como "escrevivência”, ou seja, produção literária derivada de sua vida e das memórias e cotidiano dos afrodescendentes no Brasil. Sua obra é considerada uma referência na luta contra o racismo e o machismo no país.

A primeira publicação foi aos 44 anos, em 1990, na série Cadernos Negros, do grupo Quilombhoje. É autora de sete livros, entre eles "Olhos D'Água (2015), vencedor do Prêmio Jabuti. Cincos dos seus livros foram traduzidos para o inglês, francês, espanhol e árabe.

Conceição foi agraciada com o Prêmio do Governo de Minas Gerais pelo conjunto de sua obra; Prêmio Nicolás Guillén de Literatura, pela Caribbean Philosophical Association; e Prêmio Mestra das Periferias, pelo Instituto Maria e João Aleixo. Em 2017, foi homenageada pelo Itaú Cultural com a Ocupação Conceição Evaristo e, em 2019, como personalidade literária pelo Prêmio Jabuti.

 

2020/2021

Néstor García Canclini

Néstor Canclini - PerfilO antropólogo cultural Néstor García Canclini, um dos cientistas sociais mais influentes da América Latina, assumiu a titularidade da cátedra em 1º de setembro de 2020. O tema de seu projeto é "A Institucionalidade da Cultura no Contexto Atual de Mudanças Socioculturais".

Nascido em La Plata, Argentina, em 1939, Canclini está radicado desde 1976 no México, onde é pesquisador emérito do Sistema Nacional de Investigadores (entidade similar ao CNPq) e professor investigador do Departamento de Antropologia da Universidade Autônoma Metropolitana, unidade Iztapalapa, da Cidade do México.

Doutor em filosofia pela Universidade de La Plata e pela Universidade Paris Nanterre, Canclini já lecionou em universidades dos Estados Unidos (Austin, Duke e Stanford), Espanha (Barcelona), Argentina (La Plata e Buenos Aires), dentre outras, e também na USP. Em 2014, recebeu o Prêmio Nacional de Ciências e Artes do México.

Um dos conceitos principais de seus estudos é o de hibridação, apresentado no livro “Culturas Híbridas: Estrategias para Entrar y Salir de la Modernidad” (1990), pelo qual recebeu menção honrosa do Premio Iberoamericano Book Award da Latin American Studies Association de 1992.

Atualmente, dedica-se a pesquisas sobre relações entre estética, arte, antropologia, estratégias criativas e redes culturais dos jovens. O foco de seu trabalho é a mundialização e as mudanças culturais na América Latina, com um olhar para as mesclas entre culturas, etnias, referências midiáticas, populares e tradicionais. Também vem se dedicando a temas que interessam tanto às políticas culturais como às relações entre tecnologia e cultura.

Veja a cerimônia virtual de posse.

2019

Paulo Herkenhoff e Helena Nader:

Paulo Herkenhoff - PerfilPaulo Herkenhoff costuma dizer que ingressou na área de curadoria "pelas bordas". Nos anos 70, trabalhava num escritório de advocacia e acabou participando da reorganização do Museu do Açude e do Museu Chácara do Céu, criados pela Fundação Raymundo Ottoni de Castro Maya em 1964 e 1972, respectivamente.

Na década seguinte, foi trabalhar na Funarte e viajou para diversas cidades do país. Ele destaca dois trabalhos que realizou na instituição: uma mostra em Curitiba, PR, com a participação de 250 artistas das Américas, e um projeto em Belém, PA, sobre a visualidade e a diversidade da Amazônia.

Um de seus trabalhos mais famosos foi a curadoria-geral da 24ª Bienal de São Paulo, a chamada "Bienal da Antropofagia", ocorrida em 1998. Para que a mostra tivesse um caráter historiográfico e crítico sobre a cidade de São Paulo, Herkenhoff considerou o Movimento Antropofágico como uma representação da cidade e uma resposta a ela. O objetivo foi lidar com o conceito de antropofagia como "processo de formação cultural com vistas à autonomia". Também merece destaque sua curadoria do pavilhão brasileiro na 47ª Bienal de Veneza, em 1997.

Outras posições na carreira Herkenhoff como curador e dirigente cultural foram as atividades como diretor do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, curador-chefe do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), curador da Fundação Eva Klabin Rappaport, curador adjunto no Departamento de Pintura e Escultura do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) e diretor cultural do Museu de Arte do Rio (MAR).

No MoMA, em 2002, ele teve três meses para organizar a exposição "Tempo", na qual artistas de diversos países trataram das percepções fenomenológicas e ficcionais de aspectos temporais. A mostra foi apontada pelo jornal "The New York Times" como referência para os rumos a serem tomados pelo museu.

A produção bibliográfica de Herkenhoff inclui obras sobre vários artistas brasileiros, coleções, produção artística em períodos históricos e arte contemporânea no Brasil e na América Latina.

 

Helena NaderProfessora titular de biologia molecular na Unifesp, Helena Nader tem aliado suas atividades como docente e pesquisadora com a atuação como administradora acadêmica, dirigente de entidades científicas e assessora de agências de apoio à pesquisa.

Helena graduou-se em ciências biomédicas na Unifesp e fez licenciatura em biologia na USP. Realizou pesquisa de pós-doutorado na Universidade do Sul da Califórnia, EUA. É bolsista de produtividade do CNPq (nível 1A), membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e participa da Academia Mundial de Ciências para o Avanço da Ciência nos Países em Desenvolvimento (TWAS, na sigla em inglês).

Ela é assessora de diversos periódicos nacionais e internacionais e foi pesquisadora visitante nos Estados Unidos (Escola de Medicina Loyola, em Chicago, e Centro de Ciência Celular William Alton Jones, em Lake Placid) e na Itália (Instituto de Pesquisa Química e Bioquímica Giacomo Ronzoni, em Milão, e Laboratórios de Pesquisa da Opocrin, em Modena).

Os focos principais de suas pesquisas são glicobiologia e biologia celular e molecular de proteoglicanos, em especial de heparina e heparam sulfato.  Seus trabalhos estão relacionados com o envolvimento desses compostos na hemostasia, no controle da divisão celular e na transformação celular.

Helena foi presidente por três mandatos (2011 a 2017) da SBPC, presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), pró-reitora de Graduação e pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Unifesp, coordenadora do Comitê de Assessoramento em Biofísica, Farmacologia, Fisiologia e Neurociências (CABF) do CNPq, coordenadora adjunta da Área de Avaliação Biológicas II da Capes e membro da Coordenação de Biologia da Fapesp.

Entre as honrarias que recebeu estão a Ordem Nacional do Mérito Científico (na classe Comendador, em 2002, e na classe Grã-Cruz, em 2008), a Medalha Mérito Tamandaré da Marinha do Brasil, em 2013, e o Prêmio Scopus 2007, concedido pela Elsevier e Capes.

2018

Eliana Sousa Silva

Eliana Sousa Silva - PerfilAtivista social, cultural e educacional, Eliana Sousa Silva é diretora fundadora da Redes da Maré, entidade que reúne mais de 20 projetos vinculados a cinco eixos de atuação: Desenvolvimento Territorial; Educação; Arte e Cultura; Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça; Identidades, Memória e Comunicação.

Nordestina, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família aos sete anos de idade, em 1969, quando se fixaram na favela Nova Holanda, na Maré. Lá, atuou como agente comunitário e criou a Associação de Moradores da Nova Holanda. Em 1997, Eliane e outros moradores da Maré iniciaram o processo que levaria à criação da organização não governamental Redes de Desenvolvimento da Maré, formalizada em 2007 com o nome Redes da Maré.

Eliana graduou-se em letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e obteve os títulos de mestre em educação e doutora em serviço social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Realizou pesquisa de pós-doutorado no Conselho de Pesquisa em Ciências Sociais (SSRC, na sigla em inglês), nos Estados Unidos. Na UFRJ, ela também coordenou o curso de pós-graduação em segurança pública, destinados aos profissionais da área e dirigiu e ainda integra a equipe da Divisão de Integração Universidade Comunidade da UFRJ.

Veja o perfil completo de Eliana Sousa Silva e as atividades até agora coordenadas por ela.

2017

Ricardo Ohtake

Ricardo Ohtake - Perfil

Membro de uma das famílias mais importantes para a arte e a arquitetura do país, é filho da artista plástica Tomie Ohtake (1913-2015) e irmão do também arquiteto Ruy Ohtake.

Ricardo Ohtake é formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e designer gráfico consagrado. Dirige o Instituto Tomie Ohtake desde sua criação, em 2001. Atualmente integra o Conselho Deliberativo do IEA. Também preside a Associação Brasileira de Entidades Culturais Não Lucrativas (Anec) e participa do projeto de sua família para a transformação da casa de Tomie Ohtake, no bairro Campo Belo, em São Paulo, num centro cultural dedicado às artes plásticas.

Ele foi secretário da Cultura do Estado de São Paulo, secretário do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo e diretor do Centro Cultural São Paulo, do Museu da Imagem e do Som e da Cinemateca Brasileira. Deu aula em diversas faculdades de arquitetura, comunicações e artes plásticas e foi curador da participação brasileira na Bienal de Arquitetura de Veneza de 2010.

Veja o perfil completo de Ricardo Ohtake e as atividades que coordenou durante sua titularidade.

2016

Sérgio Paulo Rouanet

Sérgio Paulo Rouanet - Perfil

Secretário nacional de Cultura (1991-1992) e diplomata de carreira, foi embaixador do Brasil na Dinamarca e na República Tcheca. É o oitavo ocupante da Cadeira nº 13 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 23 de abril de 1992. Foi professor visitante na pós-graduação em sociologia da Universidade de Brasília (UnB), professor do Instituto Rio Branco e professor visitante da University of Oxford, no Reino Unido.

É graduado em ciências jurídicas e sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com pós-graduação em economia pela George Washington University, em ciências políticas pela Georgetown University, e em filosofia pela New York School for Social Research, as três nos Estados Unidos. Na USP, fez o doutorado em ciência política.

Veja o perfil completo de Sérgio Paulo Rouanet e as atividades que coordenou durante sua titularidade.