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O Futuro nos Interpela

por Marilda Gifalli - publicado 22/05/2014 16:20 - última modificação 17/12/2019 09:06

Analisar a possibilidade atual de promoção de uma melhoria sem precedentes na qualidade da vida humana, assim como os desdobramentos da concretização desse potencial é o objetivo de novo grupo de pesquisa cuja criação foi aprovada pelo Conselho Deliberativo (CD) do IEA-USP no dia 4 de abril de 2014. O grupo é coordenado pelo filósofo Renato Janine Ribeiro, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP ex-integrante do CD.

A partir de um ponto de vista filosófico, o grupo vai explorar utopias voltadas para a construção de um mundo centrado no lazer, livre da escassez e onde o trabalho não seja o aspecto mais importante no cotidiano dos indivíduos. Discutirá, ainda, a emergência de uma sociedade mais libertária, caracterizada pela facilidade em mudar de identidade, opinião, profissão, orientação sexual e nacionalidade, bem como de romper laços sociais e de criar outros novos, mais livres e flexíveis.

A princípio o grupo se concentrará em oito eixos de abordagem: a revolução das invenções, das máquinas e da informática; a extinção da escassez; o fim da história humana marcada pela escassez; a violência num mundo sem miséria; o consumismo e o conformismo; as diferenças entre felicidade e prazer; as utopias e seus princípios; e a redução de danos.

ENFOQUE

De acordo com o projeto de pesquisa do grupo, os avanços tecnocientíficos constituem um divisor de águas na concretização de cenários utópicos, uma vez que tornam possível satisfazer desejos antes reprimidos por diversas limitações, ao mesmo tempo que questionam a possibilidade da felicidade, na qual se consegue "extrair o máximo de satisfação pessoal do mínimo de estímulos externos", o que está longe do consumismo. Além disso, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia viabiliza, do ponto de vista técnico ou material, o aumento da produtividade e a redução da jornada de trabalho, o que permitiria desdobrar novas utopias, mas que não aparecem na ordem do dia atual – longe disso.

A perspectiva de produzir mais, trabalhando menos, suscita uma série de questões a serem discutidas pelo grupo, entre as quais se destacam a possibilidade, inédita, de dedicar mais tempo ao ócio que ao trabalho; o surgimento de identidades mais maleáveis, que deixariam de ser baseadas na profissão; a supressão das carências que marcaram a trajetória da humanidade, ao mesmo tempo que  o enfraquecimento dos vínculos sociais e a liquidez dos relacionamentos; e, finalmente, não o fim da história, mas o fim de uma longa história humana movida, ou contida, pela escassez.

Aqui está uma das grandes questões do projeto: por que, quando novas utopias podem se converter em realidade, uma vez que as bases científicas e técnicas para tanto existem, isso não acontece? Por que, quando a felicidade se torna mais possível tecnicamente do que no passado, em vez dela se vive um intenso consumismo, a liquidez das relações, a violência sem sentido? Questões a aprofundar.

 

DINÂMICA DO GRUPO

O grupo dará início às suas atividades com um núcleo de cinco pesquisadores, incluindo o coordenador. A expansão no número de integrantes será gradual. Haverá também debatedores convidados, entre eles, desde já, o antropólogo Massimo Canevacci, professor visitante do IEA, e a filósofa Olgária Matos, professora da FFLCH e coordenadora do Grupo de Pesquisa Humanidades e Mundo Contemporâneo, também recém-criado.

A ideia é que o grupo se reúna a cada 45 dias durante os semestres letivos, com um mínimo de seis reuniões por ano. Essas reuniões serão dedicadas ao desenvolvimento de temas teóricos e ao debate sobre eles em termos práticos. A proposta do grupo inclui, além das reuniões internas, participação em congressos, organização de conferências e publicações, como artigos, livros e blogs.

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