Brasil 3 Tempos

por Marilda Gifalli - publicado 13/06/2013 16:55 - última modificação 30/09/2015 11:32

  • Brasil 3 Tempos definirá objetivos para 2007, 2015 e 2022 em sete dimensões essenciais

 

Pesquisadores de várias partes do País trabalharam desde agosto de 2004 num projetologob3tinterno.jpg para o estabelecimento de metas a serem atingidas pelo País durante os próximos 18 anos. É o "Projeto Brasil 3 Tempos: 2007, 2015 e 2022", iniciativa do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República operacionalizada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

As datas do título do projeto referem-se a marcos escalonados de objetivos: o ano de 2007 foi definido por ser o início do próximo governo. A data intermediária (2015) corresponde ao prazo de implantação das Metas do Milênio estabelecidas pela ONU. Já o ano 2022 foi definido por marcar a comemoração do bicentenário da Independência.

O projeto está sendo desenvolvido através da análise de sete dimensões essenciais e abrangentes: Institucional, Global, Econômica, do Conhecimento, Sociocultural, Territorial e Ambiental. O IEA foi escolhido pelo CGEE para desenvolver as análises das Dimensões Institucional e Global.

Fatos

Durante o mês de agosto de 2004, o grupo constituído pelo IEA realizou encontros e outras atividades para a definição das abordagens a serem feitas nas duas dimensões. Também foram montadas as equipes iniciais de cada dimensão, constituídas por um núcleo de coordenação e consultores, com as duas equipes subordinadas a uma coordenação-geral.

Na primeira semana de setembro foi cumprida a primeira etapa do trabalho, com a realização de seminários para a definição dos "fatos portadores de futuro" das duas dimensões. Em cada uma, foram levantados em torno de 150 desses fatos (acontecimentos, dinâmicas, concepções e aspirações, existentes ou em vias de se manifestar), capazes de determinar "eventos" (também segundo a terminologia do CGEE/NAE) futuros, configuradores de cenários desejados ou a serem enfrentados pelo País e para os quais a sociedade brasileira precisará estabelecer estratégias específicas.

Os eixos de análise da equipe da Dimensão Institucional são: formulação e execução de políticas públicas; participação e representação política

Institucional

A equipe da Dimensão Institucional definiu os "fatos portadores de futuro" a partir de dois eixos de análise: fatores institucionais que influenciam o processo de decisão e execução de políticas públicas; fatores relacionados ao processo de participação e de representação política democrática.

Com relação ao primeiro eixo, os pesquisadores consideram que os constrangimentos dizem respeito: às relações entre os poderes e seus efetivos funcionamentos; às relações entre União, estados e municípios; ao impacto do sistema partidário na conformação e dinâmica do chamado presidencialismo de coalização; e à influência de grupos de pressão (sindicatos e ONGs, por exemplo).

Quanto ao segundo eixo, a equipe busca examinar se os mecanismos de participação e representação política têm sido eficazes na construção da cidadania, seja através do aprimoramento dos instrumentos tradicionais de representação, ou através da ampliação das formas de participação popular. No entanto, dadas as limitações da participação direta, é preciso garantir que a representatividade tenha também responsabilidade política. Por isso a análise envolve também a avaliação do sistema eleitoral e de outras regras que estruturam a disputa político-partidária.

O entendimento das mudanças no sistema internacional e do papel nele ocupado pelo Brasil orienta os trabalhos da equipe da Dimensão Global

Global

A equipe da Dimensão Global considera que os temas mencionados pelo NAE ao delimitar a dimensão — soberania nacional, inserção internacional, multilateralismo, processos decisórios mundiais, alianças estratégicas e ONU — caracterizam um sistema bem definido: o sistema internacional. A tarefa da equipe, portanto, é analisar mudanças nesse sistema e a posição nele ocupada pelo Brasil. Nesse sentido, foi considerada uma ampla gama de fatos globais que afetam o sistema internacional: alterações climáticas, fluxos migratórios, deslocamentos econômicos e financeiros, revoluções tecnológicas, terrorismo e criminalidade, entre outros. A equipe também leva em consideração fenômenos atinentes ao subsistema regional no qual o País está inserido e fatores internos (econômicos, políticos e sociais) que favoreçam ou inibam a afirmação externa brasileira.

Desenvolvimento

Depois dos seminários do início de setembro, as equipes do IEA deram prosseguimento ao projeto com a redação de ensaios fundamentadores das análises de cada dimensão. Para o final setembro está programada reunião conjunta no CGEE dos coordenadores das equipes das sete dimensões do projeto, na qual serão identificados os "eventos" suscitados pelas relações de "fatos portadores de futuro", ensaios e bibliografias adicionais. No começo de outubro, as equipes do IEA, a exemplo das demais, receberão as relações consolidadas de "eventos". Tendo como referência esse "eventos", cerca de uma centena de pessoas serão convidadas por cada equipe para responder questionários via internet. Serão várias rodadas de questionários e o tratamento computacional das respostas, através de sistema específico chamado WebDelphi, possibilitará a construção de cenários futuros para as dimensões.

 

Geraldo Forbes, ao centro, Amaury de Souza, à esquerda, e James Wright Brasil 3 Tempos

Integrantes

A coordenação-geral do projeto no IEA está a cargo de Geraldo Forbes, com Amaury de Souza como coordenador-adjunto e James Wright (com assistência de Renata Giovinazzo Spers) como coordenador de metodologia. A configuração inicial da equipe da Dimensão Institucional inclui coordenação composta por Maria D'Alva Kinzo (coordenadora), Gildo Marçal Brandão (coordenador adjunto), Maria Tereza Sadek, Martha Teresa da Silva Arretche e Alexandre Polesi, com a participação, como consultores, de Brasílio Sallum Jr., Maria Hermínia Tavares de Almeida, Eduardo Kugelmas, Antonio Octavio Cintra e Henrique Block. Nessa primeira fase, equipe da Dimensão Global tem coordenação constituída por Sebastião Velasco e Cruz (coordenador), Ricardo Sennes (coordenador-adjunto), Alexandre Barbosa e Carlos Eduardo Lins da Silva; os consultors dessa equipe são Christian Lohbauer, Eugênio Diniz, Gulherme Leite da Silva Dias, Luci Hidalgo Nunes, Mario Cesar Flores e Oliveiros Ferreira como consultores.

Dimensões

O "Projeto Brasil 3 Tempos" é constituído por sete dimensões. O IEA realiza as Dimensões Global e Institucional, sendo que esta também é desenvolvida por equipe do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) da Universidade Candido Mendes, coordenada por Luiz Jorge Werneck Vianna. A Dimensão Econômica está a cargo de grupo liderado por Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do Banco Central. Duas instituições tratam da Dimensão Sociocultural: sob a liderança de Albino Rubim, equipe da Universidade Federal da Bahia trabalha com os aspectos culturais; na Universidade de Brasília (UnB), Jorge Arbage coordena a equipe que trabalha com os aspectos sociais. A Dimensão Ambiental está sendo analisada pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB, sob a coordenação de Marcel Burztin. Equipe da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro coordenada por Angela Uller é a encarregada da Dimensão do Conhecimento. A Dimensão Territorial está sob a responsabilidade do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra.

  • Brasil 3 Tempos fará consulta pública sobre temas estratégicos

Estão definidos 50 temas estratégicos para o País nos próximos 18 anos. Esses temas foram estabelecidos a partir das análises de oito equipes de especialistas de várias instituições brasileiras. O trabalho faz parte do "Projeto Brasil 3 Tempos: 2007, 2015 e 2022", do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República e executado sob a coordenação do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O projeto é composto de sete dimensões e o IEA trabalha em duas delas: Institucional e Global. (Vide documentos de conclusão do projeto abaixo)

No dia 7 de dezembro de 2004, representantes do NAE e do CGEE reuniram-se com os coordenadores das equipes do Instituto e apresentaram a relação dos 50 temas estratégicos e a metodologia das próximas fases do projeto. Na mesma ocasião, os responsáveis pelas equipes do IEA apresentaram as análises prospectivas e os cenários resultantes da consulta via web feita a 222 especialistas.

A partir de 15 de janeiro de 2005, os 50 temas relativos a todas as dimensões do projeto serão submetidos a consulta pública. Cerca de 50 mil pessoas — acadêmicos, lideranças sociais, empresários, jornalistas e representantes dos três Poderes nos três níveis de governo — opinarão sobre a possibilidade de concretização desses aspectos no futuro. Nas próximas semanas será iniciada campanha de divulgação nacional do projeto. A fase posterior será a de definição de soluções estratégicas para a implementação dos cenários desejáveis para o País.

Proposta de Estado

O projeto é definido como uma proposta de Estado e não do governo atual e os objetivos deverão ser assimilados pela sociedade, para que perdurem no tempo e propiciem que o Brasil atinja as metas estabelecidas. A metodologia de elaboração do projeto contempla seis fases: análise da conjuntura, análise retrospectiva, análise prospectiva, solução estratégica, interação corretiva e construção das curvas de futuro. As três primeiras já foram cumpridas.

Para ser possível a elaboração da análise prospectiva, recém-terminada, as equipes encarregadas das diversas dimensões identificaram quase mil "fatos portadores de futuro", que são fatos reais, presentes na atualidade e com forte potencial de interferir na construção do futuro.

Após consolidados, esses fatos embasaram a fase posterior, iniciada por uma reunião com as coordenações de todas as equipes envolvidas. Nessa reunião, foram elaboradas 367 idéias de composição de "temas de futuro", que são visualizações decorrentes dos fatos. A depuração dessas visualizações produziu 187 "objetivos para temas futuros".

A fusão desses objetivos permitiu a priorização de 50 "temas estratégicos", que serão objeto da consulta pública em janeiro. Através de consultas pelo método Delphi e da convergência de opiniões, bem como da aplicação de uma matriz de impactos cruzados, essa fase tentará estruturar, por grau de probabilidade, os cenários prospectivos.

A consulta pública será conduzida pela internet, dentro de cada tema estratégico, buscando respostas sobre a probabilidade de sua ocorrência em 2015 e/ou 2022, sobre a pertinência do assunto para um planejamento de longo prazo e sobre a importância, para o Brasil, de sua ocorrência. O processamento das respostas ainda irá considerar o grau de informação acerca do tema de cada pessoa consultada.

A seleção do universo de respondentes será conduzida pelos ministros coordenadores do projeto. Os publicos escolhidos e o ministério encarregado da seleção das pessoas são: 1) governo federal — Casa Civil; 2) sociedade civil organizada — Secretaria Geral da Presidência da República; 3) mídia e área acadêmica — Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica; 4) empresários e lideranças sociais — Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social; 5) governos estaduais e municipais, Poder Legislativo e Poder Judiciário — Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais.

Participação do IEA

De setembro de 2004 até o início de dezembro, as equipes do IEA produziram cinco documentos em cadainstb3t.jpg dimensão: descrição da dimensão, relação dos fatos portadores de futuro, análise retrospectiva e da conjuntura atual, projeções da dinâmica e visualização prospectiva para 2007, 2015 e 2022.

O quinto documento, com a visualização prospectiva, decorreu da análise dos resultados obtidos em consulta Delphi via web. No caso da Dimensão Global, 398 especialistas foram convidados a responder o questionário e 118 deles o fizeram. Na Dimensão Institucional, o convite foi feito a 399 especialistas, com participação 104 deles. Isso significa que 28% das pessoas convidadas responderam o questionário, uma participação considerada excepcional para uma consulta desse tipo.

A última fase da participação oficial do IEA no projeto será a elaboração de opções estratégias que atendam às metas das dimensões em que o IEA participou. Nessas opções serão propostas soluções estratégicas que sejam caminhos possíveis de serem pactuados com a sociedade brasileira. Essas propostas serão produzidas até 30 de janeiro de 2005.

  • IEA conclui participação no Projeto Brasil 3 Tempos


No final de janeiro de 2005, depois de seis meses de trabalhos, o IEA cumpriu a última etapa de sua participação no Projeto Brasil 3 Tempos, quando encaminhou ao Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE, ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia) o sexto documento de que fora encarregado, com uma avaliação dos 50 temas estratégicos para o País nos próximos 17 anos. Esses temas foram estabelecidos a partir das análises de nove equipes de especialistas de várias instituições brasileiras, entre elas o IEA.

"Projeto é fundamental para identificação das rotas a serem seguidas pelo País"

Geraldo Forbes (coordenador -geral) destaca que o projeto é fundamental para se pensar as rotas para o futuro do País, inclusive para a identificação dos rumos que não devem ser tomados. "Com um projeto desse tipo é possível mapear os problemas que requerem medidas adequadas em educação, saúde, meio ambiente e em muitas outras áreas. Não há a pretensão de definir caminhos específicos, mas apontar direções que interessam ao País."

Agora será efetuada uma consulta a 50 mil pessoas sobre os 50 temas estratégicos. Através dessa consulta pelo método Delphi e da convergência de opiniões, bem como da aplicação de uma matriz de impactos cruzados, essa fase tentará estruturar, por grau de probabilidade, os cenários prospectivos para 2007, 2015 e 2022. Forbes acredita que a consulta ajude a despertar o interesse do público pela discussão e elaboração de políticas públicas.

Os 50 temas estratégicos foram definidos a partir de um processo que, inicialmente, relacionou cerca de mil "fatos portadores de futuro" (fatos reais, presentes na atualidade e com forte potencial de interferir na construção do futuro), definidos pelas nove equipes do projeto, que trabalharam sobre sete dimensões: Institucional, Global, Econômica, Sociocultural, do Conhecimento, Ambiental e Territorial.

Forbes ressalta que os trabalhos feitos pelo Instituto não apresentaram dificuldades excepcionais, apenas aquelas comuns para a montagem de uma equipe qualificada. Uma condição foi a de que os participantes não trouxessem suas simpatias políticas e partidárias para dentro do projeto, da mesma forma que os responsáveis governamentais não poderiam impor suas posições.

A equipe do IEA inovou ao realizar por conta própria duas rodadas Delphi, com consultas a 222 especialistas, que responderam a um questionário via Internet. Isso deve-se ao fato de a equipe estar familiarizada com essa técnica e à facilidade de uma parceria com a equipe do professor James Wright, da FEA/USP e coordenador do Profuturo (Programa de Estudos do Futuro), especialista na técnica e coordenador metodológico dos trabalhos no IEA. O método Delphi de prospecção de cenários é considerado o mais moderno existente e é utilizado há vários anos por organizações públicas e privadas, inclusive grandes companhias internacionais.

O IEA pretende ampliar as discussões que realizou sobre as Dimensões Institucional e Global para o Projeto Brasil 3 Tempos. O objetivo é refinar as análises e contemplar aspectos que não caberiam no trabalho de que foi incumbido.

Documentos

Projeções Relativas à Dinâmica da Dimensão Global e Visualização Prospectiva para 2007, 2015 e 2022
Equipe da Dimensão Global

Projeções Relativas à Dinâmica da Dimensão Institucional e Visualização Prospectiva para 2007, 2015 e 2022
Equipe da Dimensão Institucional

Publicações: Textos (Futuro)

Assista aos Vídeos:

Depoimento da coordenadora da equipe do IEA participante do Projeto Brasil 3 Tempos

Coodenadora: Maria D'Alva Kinzo

Depoimento do coordenador da equipe do IEA participante do Projeto Brasil 3 Tempos

Coordenador: Sebastião Velasco e Cruz