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Civilização da Biomassa

por Marilda Gifalli - publicado 31/07/2013 14:20 - última modificação 05/03/2024 09:26

Proposta e coordenação de Ignacy Sachs

Ignacy Sachs foi professor emérito da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (França) eignacys.jpg diretor honorário do Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo da mesma instituição. Alguns dos seus livros são “Rumo à Ecossocioeconomia — Teoria e Prática do Desenvolvimento(2007), "Extrativismo na Amazônia Brasileira: Perspectivas sobre o Desenvolvimento Regional" (1994) e "Estratégias de Transição para o Século 21: Desenvolvimento e Meio Ambiente" (1993).

 

 

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1989

O economista e sociólogo Ignacy Sachs esteve no Instituto no dia 23 de agosto de 1989 para a conferência “Padrões de Industrialização nos Países em Desenvolvimento".

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2005

Várias análises indicam para a próxima década o ápice da produção de petróleo, seguido da diminuição da oferta e crescimento da demanda, o que deverá instalar uma ciclo prolongado de preços elevados da commodity. Para enfrentar esse cenário, o Brasil deveria planejar sua saída da civilização do petróleo com propostas que ultrapassem a mera substituição do petróleo por biocombustíveis, segundo o economista Ignacy Sachs.

No dia 28 de junho de 2005, Sachs fez a conferência "Da Civilização do Petróleo a uma Nova Civilização Verde: Biomassa, Nova Matriz Energética e Agricultura Familiar". Nela, o ecossocioeconomista (como ele prefere ser identificado) disse que a chegada dos biocombustíveis à vida adulta deve-se a três fatores: elevados preços do petróleo em razão da proximidade do pico da produção mundial nos próximos 10 a 20 anos e uma demanda em contínuo crescimento; dificuldades geopolíticas, com os custos cada vez maiores para os EUA e seus aliados manterem as linhas de abastecimento a partir do Oriente Médio, tornando-se mais vantajoso investir em alternativas do que continuar a administrar essa situação; e razões ambientais, pois "é evidente que o Protocolo de Kyoto ainda será altamente ineficiente para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mesmo que seja realizado integralmente".

Esses três fatores fizeram com que Amory Lovins, um eminente especialista norte-americano em questões energéticas, publicasse recentemente o livro "Winning the Oil Endgame" (Vencendo a Partida Final do Petróleo), um relatório co-financiado pelo Pentágono. Sachs explicou que o argumento de Lovins é apoiado essencialmente no desenvolvimento de uma nova geração de automóveis ultraleves, que consumiriam menos da metade dos veículos atuais: "Metade dessa redução estaria relacionada com o menor peso dos automóveis, outros 25% viriam com o programa de biomassa e os 25% restantes a partir de um uso mais eficiente do gás e a utilização de seus excedentes para a produção de hidrogênio".

Outro estudo destacado por Sachs é um relatório publicado em conjunto pelos Departamentos de Agricultura e de Energia dos EUA. O documento diz ser possível para os EUA tornarem-se independentes da importação de petróleo em 25 anos, graças a um gigantesco programa de produção de biocombustíveis, que envolveria 1 bilhão de toneladas de biomassa por ano. Essa estratégia é baseada na produção do etanol celulósico a partir de todos os tipos de resíduos vegetais, procedimento "que o Brasil já conhece, mas não pratica", de acordo com Sachs.

PIONEIRISMO
Diante desse panorama internacional, o Brasil se destaca pelo pioneirismo dos 30 anos de uso do álcool como combustível. O interesse internacional no caso brasileiro é duplo, segundo Sachs: "Para entender melhor a experiência brasileira e pelo interesse dos países industrializados num eventual mercado internacional de etanol, transformado numa 'commodity' a ser comprada barato nos países do Sul para alimentar os veículos dos países do Norte".

No entanto, o pesquisador observou que não se deve reduzir a questão da saída da civilização do petróleo unicamente a desenvolvimentos tecnológicos como o incremento dos automóveis e a produção de um novo combustível. Para ele, o problema deve ser recolocado a partir da perspectiva de uma estratégia energética bem mais ampla, onde a variável principal é aquela energia menos ou não-poluente e muitas vezes a mais barata, ou seja, aquela energia que se deixa de consumir. "É preciso discutir estilos de vida, substituição do transporte individual pelo coletivo, a feição futura das cidades, entre muitas outras coisas."

Sachs não concorda também com a visão dos biocombustíveis como "commodities", produzidos por monoculturas voltadas essencialmente à eficiência econômica do processo: "Temos de situar os biocombustíveis dentro de uma quadro mais amplo, da civilização moderna da biomassa. Se estamos realmente começando a entrar na fase final da civilização do petróleo, podemos dizer que estamos saindo de um interlúdio de vários séculos, dominados primeiro pelo carvão e depois pelo petróleo, e estamos voltando, em certo sentido, para a energia solar captada pela biomassa. Nessa nova fase, as conquistas da ciência, em particular da biologia e da biotecnologia, devem ocupar um lugar cada vez mais importante. A civilização da biomassa permite produzir alimentos para o homem, forragem para os animais, materiais de construção, adubos verdes, biocombustíveis, matérias primas industriais, fibras, plásticos, fármacos e cosméticos".

ALIMENTOS E ENERGIA
As opiniões divergem quanto ao uso de solos cultiváveis: uma corrente de ambientalistas acredita que haverá falta de solos; já a FAO considera que, sobretudo na América Latina e na África, são utilizados apenas um quinto dos solos cultiváveis. Para Sachs, esse tema deve ser discutido não sob o ponto de vista de justaposição de monoculturas, mas sim tendo em vista um sistema integrado de produção de alimentos e energia. "Além disso, deve-se introduzir nesse debate aquilo que os agrônomos franceses chamam de revolução duplamente verde e o famoso agrônomo indiano Monkombu Sambasivan Swaminathan chama de 'ever-green revolution', a segunda geração da revolução verde, com uma cultura que busque rendimentos razoáveis mas em harmonia com o ambiente e preocupada com os pequenos agricultores."

Na opinião do pesquisador, a mudança para a civilização da biomassa permitirá atacar grandes problemas do século 21, entres os quais o maior e mais difícil problema social: a falta de trabalho decente para todos. "É totalmente absurdo pensar o futuro deste século sem pensar no problema do desenvolvimento rural. Os pequenos agricultores e suas famílias correspondem a 2,5 bilhões de pessoas. Não dá para jogar toda essa gente nas favelas. Se isso acontecer, vamos ter de lidar com uma tragédia de proporções inéditas."

"Se há um país onde a saída da civilização do petróleo é possível, num período de 20, 30 anos, para a construção de uma civilização moderna de biomassa, esse país é o Brasil". Sachs justificou essa opinião ao relacionar os componentes brasileiros favorecedores da mudança de civilização: a maior reserva de biodiversidade, enorme quantidade de terras cultiváveis, climas variados, dotação de recursos hídricos entre ótima e razoável na maioria das regiões, pesquisa agronômica e biológica de categoria internacional e indústria capaz de produzir equipamentos para a produção de etanol e biodiesel.

O fato de o país praticamente ter chegado à auto-suficiência em petróleo não significa que não deva avançar na substituição do petróleo sempre que possível. Trocado pelo álcool, que é mais barato, o petróleo pode ser vendido nos mercados mundiais, argumentou. "E como o Brasil tem essa inovação que é o flex motor, nada impede que se avance rapidamente na área do etanol."

BIODIESEL
Ele considera a situação mais complicada quando o assunto é o biodiesel: "Estão sendo analisados 13 ou 14 óleos diferentes. É evidente que o País precisará de estratégias diferenciadas por biomas, com um tipo de óleo no Trópico Úmido, outro no Semi-Árido e um terceiro no Cerrado. Certamente o óleo de dendê aparece como uma alternativa bastante interessante para o Trópico Úmido. Há até uma experiência estrangeira muito bem sucedida como parâmetro: a reforma agrária da Malaísia, baseada na produção de óleo de dendê".

Sach descreveu uma proposta de reforma agrária para regiões da Amazônia em estudo há alguns anos: numa cooperativa de 500 famílias, cada uma receberia 10 hectares para dendê e outros 10 hectares para atividades agroflorestais e pequenas lavouras de subsistência; cada vez que fossem atingidos 5 mil hectares de dendê, uma indústria nacional com toda a tecnologia necessária construiria uma usina de esmagamento, com as seguintes condições por parte da empresa: fornecimento das mudas, assistência técnica, exclusividade de compra e pagamento por um preço correspondente a um percentual do preço mundial do óleo. Estudos demonstraram que 10 hectares de dendê dão emprego a um homem para o ano todo. Os outros 10 hectares propiciam um ou dois empregos para outros membros da família. E um conjunto de 500 famílias possibilita o surgimento de uma vila agroindustrial com empregos industriais, comerciais, técnicos, sociais e no transporte.

No Semi-Árido as opções devem ser diferentes: "Em vários Estados do Nordeste é provável que a escolha recaia sobre a mamona, na qual o Brasil já tem experiência, pois durante muitos anos essa cultura esteve vinculada à produção industrial".

 

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2006

Marcos Barros, João Steiner, Bertha Becker e Neli Aparecida de Mello-Théry

 

 

 

 

 

a partir da esquerda: Marcos Barros, João Steiner, Bertha Becker e Neli Aparecida de Mello-Théry

 


"Tristes Trópicos ou Terra de Boa Esperança? Obstáculos ou Vantagens Comparativas para o Desenvolvimento da Civilização da Biomassa?" foi tema do colóquio que aconteceu no dia 6 de abril de 2006, dando início ao Ciclo Temático sobre a Civilização da Biomassa, proposto e coordenado pelo ecossocioeconomista Ignacy Sachs, da École de Hautes Études en Sciences Sociales, França.

O evento reuniu geógrafos, historiadores, sociólogos e outros especialistas, com o objetivo de debater os preconceitos e concepções errôneas sobre as áreas tropicais do planeta, sobretudo o Brasil, e analisar a inversão de valores que agora se opera diante das possibilidades de produção agrícola e bioenergia, graças ao regime de águas dos Trópicos, insolação e disponibilidade de áreas agricultáveis.

Programação:

Abertura — Ignacy Sachs, da EHESS, França
Pierre Gourou e a Civilização do Vegetal — com Hervé Théry, da Cátedra Pierre Monbeig/FFLCH/USP
• Gilberto Freire, uma Tropicologia — Alessandro Candeas, do Ministério da Educação
Clima e Endemias Tropicais — Marcos Barros, presidente do Ibama
• Visões da Amazônia — Bertha Becker, da UFRJ, e Neli Aparecida de Mello, da EACH/USP Leste
• Mudanças Climáticas: Como Resistir ao Aquecimento Global? — Luiz Gylvan Meira Filho, do IEA
• Potencialidades e Limitações do Ecossistemas Brasileiros — Aziz Ab'Sáber, do IEA

Coordenadores: Neli Aparecida de Mello e Hervé Théry.

Assista aos Vídeos:

Parte 1

Parte 2


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Luis Augusto Barbosa Cortez, Isaias Macedo, Roberto Rodrigues, João Steiner, Ignacy Sachs e Marcos Jank

 

 

 

 

a partir da esquerda: Luis Augusto Barbosa Cortez, Isaias Macedo, Roberto Rodrigues, João Steiner, Ignacy Sachs e Marcos Jank

 

 

Bioenergia: Etanol e Biodiesel, foi o debate realizado em 9 de novembro de 2006 (mais informações no Informativo 84, págs 2 e 3 de outubro-novembro de 2006). Este foi o segundo ciclo temático da "Civilização da Biomassa e teve como coordenadores: Ignacy Sachs e Roberto Rodrigues, pesquisador visitante do IEA.

Assista aos vídeos:

Parte 1

Parte 2

 

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2007

Ildo Sauer, José Goldemberg, Ignacy Sachs, Maurício Tolmasquim e José Mário Abdo

 

 

 

 

 

a partir da esquerda: Ildo Sauer, José Goldemberg, Ignacy Sachs, Maurício Tolmasquim e José Mário Abdo

 

Matriz Energética Brasileira - O evento deu sequência ao ciclo temático Civilização da Biomassa, quando especialistas analisaram aspectos gerais da produção e consumo de energia no país, as perspectivas para a energia elétrica e a opção entre bioenergia e energia nuclear e entre bioenergia e gás natural. 6 de março de 2007.

Assista ao Vídeo

 

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José Octavio Armani inicia sua apresentação

 

 

 

 

 

 

 

 

Novas Tecnologias para Bioenergia - Neste encontro especialistas discutiram sobre células a combustível, biodiesel de sebo bovino, etanol celulósico, gaseificação de biomassa e políticas públicas para substituição do diesel por biodiesel. Expositores: José Octavio Armani Paschoal (Ipen); Maurício Penteado (consultor); Carlos Freitas (consultor); André Luiz Veiga Gimenes (EP); Décio Luiz Gazzoni (Embrapa); Paulo Soares (Dedini S/A). Coordenação: João Steiner (Diretor - IEA). 20 de março de 2007

Assista ao Vídeo

 

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Jesus A. Ferro, Ademar Ribeiro Romeiro, César de Castro, Ignacy Sachs, Silvio Borsari e Marcos Landell

 

 

 

 

a partir da esquerda: Jesus A. Ferro, Ademar Ribeiro Romeiro, César de Castro, Ignacy Sachs, Silvio Borsari e Marcos Landell

 

 

Produção Consorciada: Alimentos versus Energia. Neste evento especialistas focaram as análises nos seguintes temas: produção de alimentos em áreas de renovação de canaviais, cana para produção de energia, obstáculos socioeconômicos e institucionais sobre produção de alimento e energia, as perspectivas de produção da cana de açúcar e questões relativas à produção de alimentos versus energia. 17 de abril de 2007

Assista ao Vídeo

 

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2008

 

Ignacy Sachs analisa a transição para a era das biocivilizações

"Estamos no início da saída gradual da era do petróleo. Essa mudança é motivada pelaignacysachs2.jpg necessidade de mitigar as mudanças climáticas e facilitada pela eminência do pico do preço do petróleo." A afirmação é do economista e sociólogo Ignacy Sachs, professor emérito da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, França, e pesquisador visitante do IEA. No dia 10 de dezembro de 2008, Sachs tratou dessa questão na conferência "A Grande Transição — As Biocivilizações do Futuro".

Sachs considera esta a terceira grande transição na longa história da co-evolução da espécie humana com a biosfera, depois da revolução neolítica há 12 mil anos, marcada pela domesticação de vegetais e animas, e da era das energias fósseis, iniciada há três séculos.

"Convém buscar soluções simultâneas à ameaça de mudanças climáticas deletérias e possivelmente irreversíveis, ao avanço das desigualdades sociais e ao déficit crônico e grave de oportunidades de trabalho decente", alerta o economista.

Para que a humanidade tenha êxito na busca dessas soluções, "devemos examinar até onde podemos avançar na construção de biocivilizações modernas, baseadas na captação de energia solar pela fotossíntese e no uso múltiplo de biomassas como alimento humano, ração animal, adubo verde, bioenergias, materiais de construção, fármacos e cosméticos".

Segundo Sachs, as vantagens comparativas naturais dos países tropicais devem ser potencializadas pela pesquisa e pela organização social apropriada do processo produtivo: "A pesquisa deve explorar o trinômio biodiversidade—biomassas—biotecnologias, estas últimas aplicadas nas duas pontas do processo produtivo em busca de soluções intensivas em conhecimentos e mão-de-obra e poupadoras de recursos naturais e financeiros".

Assista ao Vídeo:
A Grande Transição — As Biocivilizações do Futuro


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2009

Para o economista e sociólogo Ignacy Sachs,  o mundo enfrenta dois desafios simultâneos na saída de três crises conjugadas (a financeira, a socioeconômica e a ambiental): as mudanças climáticas e o déficit de oportunidades de trabalho decente.

Ele tratou da superação desses desafios na conferência "A Saída da(s) Crise(s): Mesmice ou Mudança de Rumo?", no dia 24 de novembro, no IEA.

Para Sachs, há quatro fronteiras a serem transpostas:

  • expansão das redes públicas de serviços sociais (fora do mercado);
  • ampliação do perímetro da economia solidária dentro da economia de mercado;
  • transição acelerada à economia de baixo carbono (rumo às biocivilizações modernas baseadas no uso múltiplo das biomassas);
  • rumo à ecossocioeconomia do desenvolvimento; o Estado desenvolvimentista pró-ativo e planejador.

Assista ao Vídeo:

A Saída da(s) Crise(s): Mesmice ou Mudança de Rumo?


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2010

Rumo à Cúpula da Terra 2012

A Cúpula da Terra de 2012, a ser realizada no Brasil, deverá enfrentar vários desafios ambientais e sociais, segundo o economista e sociólogo Ignacy Sachs, professor emérito da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (França). Para ele, a recente reunião de Copenhague mostrou que "devemos buscar novas formas de articulação das políticas nacionais e, nesse contexto, convém examinar o papel de planos nacionais de longo prazo construídos a partir dos conceitos de pegada ecológica e de trabalho decente".

Esses desafios serão discutidos por Sachs na conferência "Rumo à Cúpula da Terra 2012", no dia 29 de abril de 2010, na Sala da Congregação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. O debatedor será Wagner Costa Ribeiro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (Procam) e do IEA. Pedro Jacobi, da Faculdade de Educação e do Procam, coordenará o evento.

Na opinião de Sachs, a Agenda 21 elaborada na Rio-92 (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento) se chocou com a contrarreforma neoliberal, que estava em seu auge depois da queda do Muro de Berlim. Ele considera que a recente crise econômica "mostrou a improcedência do mito dos mercados que se autorregulam". Em razãodisso, os países emergentes "estarão numa posição mais favorável para propor uma transição ordenada para a economia de baixo carbono baseada na cooperação entre países desenvolvimentistas".

Assista ao Vídeo:

Rumo à Cúpula da Terra 2012

 

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2011

Antropoceno: uma nova época geológica definida pela ação do homem

Os estudos de inúmeros cientistas indicam que as mudanças cimáticas, a acidificação dosRicardo Abramovay e Ignacy Sachs oceanos, a erosão dos solos e as ameças à biodiversidade são reflexos das ações da humanidade. Seria possível então classificar o atual momento do planeta como uma nova época geológica moldada pelo ser humano? Essa decisão será tomada pela Comissão de Estratigrafia da Sociedade Geológica de Londres em conferência no próximo ano, na Austrália.

A comissão inglesa definirá se a Terra continua no Holoceno (atual época geológica), iniciado com o fim da última glaciação, há cerca de 10 mil anos, ou se as mudanças ocorridas são suficientes para demarcar a influência humana, iniciando-se uma nova época, o Antropoceno, decisão já adotada pela Sociedade Geológica Norte-Americana.

Os principais argumentos para a aceitação do ingresso no Antropoceno proposto pelos cientistas e as perspectivas para a Conferência Rio+20, que acontecerá em 2012, serão debatidos no seminário "A Rio+20 e a Entrada no Antropoceno", no dia 12 de setembro de 2011, na Sala de Eventos do IEA.

Em relação à Rio+20, o seminário discutiu o papel que a conferência desempenhará perante a pressão social por escolhas ecologicamente viáveis, na formulação de propostas e na capacidade que seus representantes devem ter para modificar um quadro cujas consequências já se fazem sentir na intensificação dos eventos extremos.

Os expositores do seminário: o economista e sociólogo Ignacy Sachs, professor emérito da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, da França; o ambientalista Fabio Feldman, consultor, ex-presidente do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas; o economista Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento de Economia da FEA e do IRI-USP; e o geógrafo Wagner Costa Ribeiro, professor titular da FFLCH-USP e coordenador do Grupo de Pesquisa de Ciências Ambientais do IEA. A coordenação do evento caberá a Abramovay.

A denominação Antropoceno foi popularizada pelo geoquímico holandês Paul Crutzen, Prêmio Nobel de Química em 2002, para determinar as mudanças no planeta ocasionadas pelo homem a partir do início da Revolução Industrial.

O seminário é uma realização do Grupo de Pesquisa em Ciências Ambientais do IEA e do Núcleo de Economia Socioambiental (Nesa) da FEAUSP.

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Contribuições de Ignacy Sachs

Artigos

De volta à mão visível: os desafios da Segunda Cúpula da Terra no Rio de Janeiro. Estud. av., 2012, vol. 26, no. 74.

Barricadas de ontem, campos de futuro. Estud. av., 2010, vol. 24, no. 68.

A revolução energética do século XXI. Estud. av., Abr 2007, vol. 21, no. 59.

Da civilização do petróleo a uma nova civilização verde. Estud. av., Dez 2005, vol. 19, no. 55.

Inclusão social pelo trabalho decente: oportunidades, obstáculos, políticas públicas. Estud. av., Ago 2004, vol. 18, no. 51.

Brasil rural: da redescoberta à invenção. Estud. av., Dez 2001, vol. 15, no. 43.

O desenvolvimento enquanto apropriação dos direitos humanos. Estud. av., Ago 1998, vol. 12, no. 33.

A vitalidade do pensamento de Marx. Estud. av., Dez 1998, vol. 12, no. 34.

Desenvolvimento numa economia mundial liberalizada e globalizante: um desafio impossível?. Estud. av., Ago 1997, vol. 11, no. 30.

Em busca de novas estratégias de desenvolvimento. Estud. av., Dez 1995, vol. 9, no. 25.

O problema da democracia econômica e social. Estud. av., Ago 1994, vol. 8, no. 21.