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Boletim IEA — 41

por Marilda Gifalli - publicado 24/06/2014 16:15 - última modificação 11/08/2014 11:45

1º a 15 de maio de 2004

. Mayana Zatz discute a polêmica

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sobre as células-tronco embrionárias

. IEA e Mackenzie realizam colóquio
sobre a obra de Richard Morse

. Universidade em transformação

. Agenda de eventos

notas
. Esgotados os convites para a conferência de Fernando Henrique Cardoso
. Fapesp presta homenagem a Alberto Carvalho da Silva

LEMBRETE
No dia 13 de maio, às 17h30, na Sala do Conselho Universitário da USP,
acontece o lançamento do nº 50 da revista "Estudos Avançados",
que traz o dossiê "O Negro no Brasil"

 


 

Mayana Zatz discute a polêmica
sobre as células-tronco embrionárias

O Brasil já tem a tecnologia para desenvolver pesquisas com as células-tronco de embriões humanos, mas não pode fazê-lo por impedimento legal, ao contrário da maioria dos países da União Européia, Canadá, Austrália, Japão e Israel, que aprovaram pesquisas com células-tronco embrionárias obtidas por clonagem terapêutica ou de embriões de até 14 dias.

Mayana Zats
Mayana Zatz:
"A sociedade ainda está precariamente informada"

A geneticista Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano do Instituto de Biociências da USP, tem esperança que o Senado incorpore no texto do projeto de lei de biossegurança mudanças que permitam a pesquisa com as células-tronco embrionárias, possibilidade que foi suprimida quando da aprovação do projeto na Câmara dos Deputados. No dia 19 de maio, às 17h, no IEA, Mayana fará a conferência "Clonagem e Células-Tronco: Questões Polêmicas".

Algumas pessoas são contra o uso de embriões porque consideram que vidas estariam sendo destruídas. Quanto à clonagem terapêutica, há o receio de que isso abriria caminho para a clonagem reprodutiva. A pesquisadora contesta essas objeções. Esclarece que os embriões a serem utilizados são aqueles descartados por clínicas de fertilização, porque são de má qualidade, com chance quase nula de evolução para uma nova vida, ou porque - depois de anos congelados - não interessam mais ao casal, que não deseja mais ter filhos. No caso da clonagem terapêutica, ela diz que o receio de seu futuro uso para clonagem reprodutiva é desmedido: "Há um obstáculo intransponível que é o útero, nunca vai se fazer um clone humano se não houver introdução num útero. E acho que qualquer desenvolvimento tecnológico tem seus riscos e benefícios".

A geneticista lembra que quanto ao uso de células-tronco de indivíduos adultos (extraídas do sangue ou da medula) ou de cordão umbilical não há objeções, "mas ainda não sabemos o potencial dessas células para se diferenciarem nos tecidos desejados, para tratá-los ou substituí-los, sobretudo nas doenças degenerativas".

Segundo Mayana, a sociedade ainda está precariamente informada sobre o assunto: "As pessoas continuam achando que estamos querendo fazer embriõezinhos e matar bebezinhos. Somos absolutamente contra isso. É preciso que a população entenda que queremos trabalhar com um pequeno conjunto de células, tão pequeno que é preciso colocá-lo num microscópio para vê-lo. Além disso, apresenta um potencial de vida baixíssimo".

Quando um óvulo é fecundado por um espermatozóide começa a se dividir. Na fase de 16 a 32 células, elas são totipotentes, ou seja, são capazes de se diferenciar em células para qualquer um dos tecidos humanos. Quando o conjunto atinge o número de 64 células é chamado de blastocisto. Forma-se uma capa externa com um amontoado de células dentro. A capa está predestinada a formar a placenta e tecidos embrionários e as células internas todos os demais tecidos. São essas células internas que interessam para a pesquisa com células-tronco. Elas podem ser cultivadas e direcionadas para que se caracterizem como células de determinados tecidos. "Não sabemos ainda se o implante das células antes dessa diferenciação pode provocar tumores ou não, por isso a idéia de desenvolvê-las ao ponto de se especializarem."

PERFIL

Professora titular de genética do Instituto de Biociências (IB) da USP, onde graduou-se e obteve o mestrado, doutorado, pós-doutorado e livre docência em genética humana e médica, Mayana Zatz é coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano, vinculado ao IB, e presidente-fundadora da Associação Brasileira de Distrofia Muscular (Abdim). Participou do Projeto Genoma Humano e também do seqüenciamento da Xyllela fastidiosa , coordenado pela Fapesp. É autora de 247 artigos científicos publicados em periódicos especializados. Já orientou 12 dissertações de mestrado e 12 teses de doutorado. Integra a Academia Brasileira de Ciências e a Academia de Ciências do Estado de São Paulo. Entre outras honrarias, recebeu prêmios do Instituto de Informação Científica (ISI), Ministério da Ciência e Tecnologia, Unesco/L'Oréal, Governo do Estado de São Paulo e Muscular Dystrophy Association.

Mais: informações podem ser obtidas com Sandra Codo (sancodo@usp.br), telefones (11) 3091-3919 e 3091-4442.

 


 

IEA e Mackenzie realizam colóquio
sobre a obra de Richard Morse

A obra do historiador norte-americano Richard Morse (1922-2001) é tema de colóquio que o IEA e o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) realizam nos dias 5 e 6 de maio. Autor de "Formação Histórica de São Paulo" (1954, com revisão em 1960), Morse foi pioneiro dos estudos brasilianistas (com Stanley Stein, também de Princeton) e pertenceu à primeira geração de pesquisadores que aqui viveu nos anos 30 e 40.

O "Colóquio Morse" é coordenado por Carlos Guilherme Mota (IEA, FFLCH/USP e UPM) e Candido Malta Campos (UPM). Estão previstas as participações de Nestor Goulart Reis, Rebeca Scherer, Phillip Gunn, José Geraldo Simões Junior, Ricardo Medrano, Tarcísio Costa, Matthew Shirts, Francisco Alambert, Antonio Candido e Benedito Lima de Toledo.

Richard Morse
Richard Morse (1922-2001)

No dia 5 o evento será às 19h, no Auditório João Calvino da UPM, Rua da Consolação, 896, Ed. João Calvino, Mezzanino, Centro, São Paulo. No dia 6, às 9h, o colóquio acontece no Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA.

No ano do 450º aniversário de São Paulo, nada mais apropriado que a lembrança do autor de uma obra clássica sobre a cidade e um marco nos estudos urbanos latino-americanos. Morse foi professor nas universidades de Princeton, Columbia, Yale e Stanford e professor-visitante do IEA no final dos anos 80, tendo voltado ao Instituto em 1990. Segundo Carlos Guilherme Mota, primeiro diretor e atualmente professor honorário do IEA, "Morse deixou marcas em nossos seminários e estudo publicado na revista, fez contatos e exposições com muito brilho, tendo recebido a Medalha de Honra da USP na ocasião".

Mota destaca que os interesses de Morse iam da história da urbanização à literatura, da crítica da cultura ao estudo dos ensaísmo ibero-americano. Escreveu também "O Espelho de Próspero" (1988) e "A Volta de McLuhanaíma" (1990). "Ele deixou fortes marcas em nosso Instituto, com sua crítica irônica ao burocratismo na academia e ao apagamento dos estudos ibero-americanos nos currículos universitários".

Mais: informações com Sandra Sedini (sedini@usp.br), telefones (11) 3091-3919 e 3091-4442.


 

Universidade em transformação

Um nova atividade

A "Temática Semestral" é um novo tipo de atividade do Instituto, destinada a tratar de tópicos atuais e palpitantes da ciência, cultura, políticas públicas e desafios estatégicos para a sociedade brasileira, sob a coordenação de especialistas reconhecidos como líderes na reflexão sobre cada tema.

A cada semestre haverá simultaneamente uma temática em funcionamento e outra sendo planejada para o semestre seguinte. Dessa forma, sempre haverá dois pesquisadores envolvidos na atividade. Eles poderão ser ou não da USP e cada um contará com a colaboração de dois bolsistas de pós-doutorado. Os temas serão escolhidos a partir de propostas apresentadas ao IEA ou serão especificados pelo próprio Instituto. Outra possibilidade é a seleção de temas por meio de chamada de pré-projetos.

O tema semestral será explorado com uma programação que inclua conferências, reuniões, workshops, simpósios, cursos, produção de papers, dossiês para a revista "Estudos Avançados" e produção espontânea ou induzida de livros.

A universidade no Brasil passa por um momento peculiar e decisivo para a definição dos contornos de sua presença e atuação nas próximas décadas. Se de um lado a produção científica e a formação de pesquisadores apresentam crescimento acentuado, de outro, a exigüidade de recursos e as dificuldades para a ampliação de vagas parecem se enredar num nó górdio. Somam-se a esse quadro várias premências, como a modernização da governança e da gestão, incremento e ajuste da interação com os setores produtivos, atenção revigorada às demandas da sociedade e o uso eficaz das novas tecnologias tanto na pesquisa quanto na disseminação do conhecimento.

Evidentemente, todas esses ajustes devem ser articulados em consonância com os valores que definem a universidade: liberdade e rigor de pensamento, pluralidade de opiniões, intercâmbio de idéias entre as diversas áreas da ciência e da cultura, elevado padrão ético, compromisso com o saber e com a sociedade, credibilidade, questionamento e criatividade.

Da configuração resultante das reformulações previsíveis, ansiadas ou mesmo inexoráveis deverá surgir uma instituição mais ajustada às necessidades de um País também em processo de transformação.

Atento ao debate nacional sobre a questão, o Conselho Deliberativo do IEA decidiu eleger o tema "Universidade Ontem, Hoje, Amanhã" como a primeira "Temática Semestral" do Instituto. O objetivo não é produzir propostas pontuais e acabadas para implementação nas instituições e no sistema universitário do País. A preocupação é propiciar um espaço e uma agenda de atividades que possibilitem estudos e discussões densas sobre alguns temas estruturais para o futuro da universidade brasileira, com a devida atenção aos desafios do presente e às conquistas do passado que ainda impactam de maneira positiva a vida universitária. Dessa forma, serão contemplados simultaneamente a reflexão sobre os 70 anos da trajetória da USP, o debate sobre a Reforma Universitária Federal e estratégias para o desenvolvimento institucional do setor.

No período de final de abril e início de maio estão sendo definidos os pesquisadores e aspectos do tema a serem abordados. Em seguida, os pesquisadores envolvidos planejarão as atividades temáticas, que acontecerão no segundo semestre de 2004 e poderão incluir conferências, seminários, mesas-redondas, publicações e outras realizações.


 

Agenda de eventos

. 5 de maio, 10h
Desafios da Ordem Internacional - "Conferência do Mês" com Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República e professor emérito da USP.
Local: Auditório FEA 5, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Av. Prof. Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária, São Paulo.
Obs.: A lotação para o Auditório FEA 5 está esgotada. Veja na seção "Notas" abaixo informação sobre a transmissão em vídeo do evento para o USP Oficina.

. 5 (19h) e 6 (9h) de maio,
Colóquio Morse - Coordenação de Carlos Guilherme Mota (IEA, FFLCH/USP e UPM) e Candido Malta Campos (UPM); participação de Nestor Goulart Reis, Rebeca Scherer, Phillip Gunn, José Geraldo Simões Junior, Ricardo Medrano, Tarcísio Costa, Matthew Shirts, Francisco Alambert, Antonio Candido e Benedito Lima de Toledo.
Locais: dia 5, no Auditório João Calvino da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rua da Consolação, 896, Ed. João Calvino, Mezzanino, Centro, São Paulo; dia 6, no Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA.

. 13 de maio, 17h30
Lançamento do n° 50 da revista "Estudos Avançados" - Com a participação de Arany Santana, secretária de Reparação de Salvador, e do sociólogo José de Souza Martins (FFLCH/USP).
Local: Sala do Conselho Universitário da USP, Cidade Universitária, São Paulo.

. 19 de maio, 17h
Clonagem e Células-Tronco: Questões Polêmicas - Conferência com a geneticista Mayana Zatz, professora titular de genética do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências da USP, onde coordena o Centro de Estudos do Genoma Humano.
Local: Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA.

. 8 de junho, 10h
A Paz entre as Religiões - "Conferência do Mês" com o cardeal d. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo.
Local: Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA.

. 30 de junho, 15h
A Importância da Matemática no Mundo Contemporâneo - Conferência com o matemático Jacob Palis, do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa).
Local: Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA.

Mais: informações podem ser obtidas por meio dos telefones (11) 3091-3919 e 3091-4442 e do e-mail iea@usp.br.


 

Notas

Esgotados os convites para a conferência de Fernando Henrique Cardoso

Não há mais convites para a conferência de Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República e professor emérito da USP, sobre os "Desafios da Ordem Internacional". A conferência será no dia 5 de maio, quarta-feira, às 10h, no Auditório FEA 5. Quem não conseguiu retirar convite poderá assistir o evento em vídeo simultâneo transmitido para o auditório do USP Oficina, Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 314, Cidade Universitária, São Paulo. Informações adicionais podem ser obtidas com Marilda Gifalli ou Alice Perran pelos telefones (11) 3091-3919 e 3091-4442.

Fapesp presta homenagem a Alberto Carvalho da Silva

No dia 13 de maio, às 11h, a Fapesp realizará cerimônia de descerramento de placa em homenagem a Alberto Carvalho da Silva (1917-2002), co-fundador, diretor e diretor presidente da fundaçao. Entre a infinidade de atividades que desempenhou em sua vida, ele também foi professor honorário do IEA de 1994 a 2002. Como parte da homenagem, serão lançados dois livros: "Atividades de Fomento à Pesquisa e Formação de Recursos Humanos Desenvolvidas pela Fapesp entre 1962 e 2001", obra póstuma de Carvalho da Silva; e "O Crescimento da Agricultura Paulista e as Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão numa Perspectiva de Longo Prazo", obra com vários autores, coordenação de Paulo Fernando Cidade de Araújo e supervisão de Carvalho da Silva. A cerimônia será no Hall Nobre da Fapesp, Rua Pio XI, 1.500, Alto da Lapa, São Paulo. Informações: com Marina Madeira (mmadeira@fapesp.br), telefone (11) 3838-4216.


 

UNIVERSIDADE DE SO PAULO
Reitor: Adolpho Jos Melfi
Vice-Reitor: Hlio Nogueira da Cruz
www.usp.br

INSTITUTO DE ESTUDOS AVANADOS
Diretor: João Steiner
Vice-Diretor: Alfredo Bosi
Conselho Deliberativo: Alfredo Bosi, Ana Lydia Sawaya, Celso Grebogi, Hernan Chaimovich, João Steiner, Paulo Evaristo Arns e Yvonne Mascarenhas
Endereo: Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, trreo, 05508-900, So Paulo, SP
Telefones: (11) 3091-3919 e 3091-4442
iea@usp.br

Divisão de Comunicação: Mauro Bellesa (editor, MTb-SP 12.739)
Rua Praça do Relógio, 109, bloco K, 5º andar, Cidade Universitária, 05508-050, São Paulo, SP
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