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Circulações Literárias Brasil-França no Século XX

por Richard Meckien - publicado 20/03/2024 16:30 - última modificação 10/06/2025 12:14

As relações comerciais e culturais entre o Brasil e a França datam do século XVI e, como observa Michel Riaudel no prefácio do catálogo para o ano do Brasil na França em 2005, os livros já estavam então presentes com os relatos de André de Thevet e Jean de Léry e as célebres reflexões de Michel de Montaigne sobre os canibais. Em 2025, essas relações serão mais uma vez relembradas, em seus diversos aspectos, tanto no Brasil quanto na França, no âmbito do grande evento denominado "Saison France-Brésil", idealizado para comemorar os 200 anos das relações diplomáticas entre os dois países.

Público e gratuito, este curso será um passeio pelo século XX, examinando a constituição das relações literárias entre os dois países a partir de casos particulares. Na década de 1920, o contato será com Monteiro Lobato, Sérgio Milliet e Oswald de Andrade. No período do pós-guerra, com Simone de  Beauvoir, J.-P. Sartre, Albert Camus, André Gide, Jorge Amado e Guimarães Rosa. E, a partir dos anos 1980, com Rubem Fonseca, Clarice Lispector e autores mais jovens, como Djamila Ribeiro.

Pretende-se, através desta atividade, divulgar um pouco da história dos laços literários que unem o Brasil e a França, ponto focal da pesquisa do Grupo de Pesquisa Brasil-França (Grupebraf).

Coordenação

Marisa Midori Deaecto (ECA/USP e Grupebraf/IEA)

Organização

Ana Luíza Bedê (Grupebraf/IEA)
Márcia Valéria Martinez de Aguiar (Unifesp e Grupebraf/IEA)

Público-alvo

Estudantes de pós-graduação, professores das redes pública e privada, graduados em áreas afins, estudantes de graduação e demais interessados.

Critérios de avaliação

75% de frequência.

Critérios de seleção

A formação dos inscritos já os qualifica para acompanhar o curso.

Local

O curso será ministrado de forma online via plataforma remota Zoom. O link de acesso e outras informações pertinentes serão enviados por e-mail aos inscritos.

Cronograma

  • Inscrição: de 25 de agosto a 5 de setembro, pelo sistema Apolo.
  • Confirmação de matrícula a partir de 8 de setembro.
  • Realização do curso: de 25 de setembro a 22 de outubro sempre às segundas e às quartas, das 14:30 às 16:00, com duas exceções: primeira aula em 25/09 (quinta) e última aula a ser ministrada no período das 09:00 às 11:00.

 

Programação

25/09 (quinta-feira) | 14:30 - 16:00 | "Ensarnei-me a fundo na sarna gálica": Monteiro Lobato e a literatura francesa
Ana Luíza Bedê

A crítica de Monteiro Lobato aos francesismos e às influências francesas é conhecida e sua reputação como intelectual antigalicista mantém-se até hoje. Nesta aula, será explorado como sua relação com a França se reflete em três de suas obras: Ideias de Jeca Tatu (1919), Mundo da Lua (1923) e A Barca de Gleyre (1944). Estes textos revelam, ao contrário do que muitos pensam, um autor perspicaz, criativo e irônico, interessado pela produção artística e literária francesa de diferentes períodos históricos. Além de ser um grande leitor de romances, contos e poesias, a curiosidade literária de Monteiro Lobato  estendia-se também ao teatro, às memórias, às crônicas e às correspondências.

29/09 (segunda-feira) | 14:30 - 16:00 | De Serge a Sérgio: Milliet em São Paulo e em Paris na década de 1920
Valter Cesar Pinheiro (UFS)

Sérgio Milliet da Costa e Silva (1898-1966), crítico de arte e de literatura, sociólogo, poeta, memorialista e tradutor, foi uma figura representativa do modernismo paulista. Sua obra mais conhecida é o Diário Crítico, que, em dez tomos, reúne rodapés publicados no jornal O Estado de S. Paulo entre os anos de 1940 e 1956. Neste encontro, pretende-se  abordar sua produção inicial, composta por livros de poemas escritos em língua francesa de 1917 a 1923, seu papel como intermediário entre revistas de vanguarda europeias e brasileiras, e o registro dessa fase de sua vida nas obras memorialísticas, publicadas poucos anos antes de sua morte.

01/10 (quarta-feira) | 14:30 - 16:00 | As crônicas parisienses de Oswald de Andrade
Conrado Augusto Barbosa Fogagnoli (USP)

Esta aula tratará de um conjunto de textos que Oswald de Andrade redigiu ao longo de sua estada em Paris, no ano de 1923, e que foi publicado no Brasil nos periódicos Correio Paulistano e Diário da Manhã entre 1923 e 1924. O objetivo da exposição é o de não apenas explicitar as ideias estéticas divulgadas à época pelo do autor de Pau Brasil, mas também, e na medida do possível, dar alguma notícia de sua circulação pelos grupos artísticos parisienses ativos no decênio de 1920.

06/10 (segunda-feira) | 14:30 - 16:00 | Traduzir a França no Brasil: literatura de guerra, resistência e engajamento intelectual (1940-1960)
Fabiana Marchetti (Unesp)

A aula tem como objetivo caracterizar as condições de circulação do pensamento francês no Brasil a partir da II Guerra Mundial, considerando a repercussão do movimento de resistência à ocupação nazista no plano intelectual e literário internacional, sobretudo latino-americano, ao longo da segunda metade do século XX. Como base, serão utilizadas as traduções da editora Difusão Europeia Livro, que publicou nomes como Vercors, André Gide, Albert Camus e as primeiras traduções de Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir no país.

08/10 (quarta-feira) | 14:30 - 16:00 | Femmes de Lettres: estudos sobre Simone de Beauvoir no Brasil
Angela das Neves (USP)

Simone de Beauvoir esteve no Brasil em 1960, junto com Jean-Paul Sartre, a convite de Jorge Amado e Zélia Gattai, para a participação em conferências e visitas culturais que  se estenderam pela América Latina. Durante sua permanência em São Paulo e nas décadas seguintes, ela estabeleceu contato com diversas escritoras, entre elas Lygia Fagundes Telles e Helena da Silveira, o que propiciou encontros, correspondência, memórias e troca de ideias. Nesta aula, serão abordadas as suas produções literárias e seus escritos de si, no intuito de refletir sobre a formação e a inserção da femme de lettres no cenário cultural do século XX na França e no Brasil.

13/10 (segunda-feira) | 14:30 - 16:00 | Gabriela desembarca em Paris
Antonio Dimas (USP)

São duas as traduções de Gabriela, Cravo e Canela (1958) de Jorge Amado (1912-2001) para o Francês. A primeira é de 1959 e saiu pela Seghers; a segunda é de 1971 e saiu pela Stock. A tradução de 1959, com 250 páginas, veio assinada por Violante de Castro e Maurice Roche. A de 1971, com 450 páginas, veio assinada por Georges Boisvert. A edição de 1959 trazia capa de Di Cavalcanti, num discutível estilo cubista; a de 1971, bem mais sóbria, traz foto cinza sobre fundo rosa, que mal permite identificar o espaço em causa. Ao contrário do que se pode esperar, esta aula não pretende comparar a qualidade intrínseca das traduções, mesmo porque faltam instrumentos qualificados,  precisos e específicos para esta tarefa. De modo colateral, o que moverá a atividade serão, de modo bem econômico, dois objetivos: 1) a recepção crítica de cada edição; 2) as manobras editoriais que determinaram a existência das duas traduções.

15/10 (quarta-feira) | 14:30 - 16:00 | A recepção de Corpo de Baile na França dos anos 1960
Márcia Valéria Martinez de Aguiar

Em 1958, A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa, é publicada na França. A esta primeira estória traduzida para o Francês seguir-se-ão Corpo de Baile - cujo primeiro volume, Buriti, é lançado em 1961 - e Grande Sertão: Veredas, publicado em 1965 com o título Diadorim. Nesta aula, será apresentada brevemente a poética do escritor mineiro e o modo como seus livros foram recepcionados pela crítica francesa da época.

20/10 (segunda-feira) | 14:30 - 16:00 | Considerações acerca da rota literária da obra de Rubem Fonseca traduzida para o francês
Maria Cláudia Rodrigues Alves (Unesp)

No século XX, diversos textos brasileiros chegam à França por diferentes meios. Ao se observar os percursos literários da literatura brasileira na França, sua tradução e recepção, algumas questões rudimentares surgem: a introdução do autor no cenário francês foi por casualidade ou tratou-se de um projeto editorial, por exemplo. O caso do escritor Rubem Fonseca, nos anos 80, parece peculiar e envolve variação de gênero. Nesta aula, buscar-se-á expor o itinerário dos textos fonsequianos, inserindo-os no panorama dos roteiros da literatura brasileira na França, seus deslocamentos e rumos.

22/10 (quarta-feira) | 09:30 - 11:00 | Circulação de escritos e feminização da cultura entre Brasil e França
Natalia Guerellus (Université Jean Moulin Lyon 3)

Ao lançar um novo olhar sobre o estudo da circulação da obra de autoras brasileiras na França a partir dos processos de feminização da cultura, de modo geral, e de feminização das práticas culturais, de modo particular, pretende-se, nesta aula: a) apresentar em detalhe o corpus de análise da pesquisa e sua diversidade interna (livros, autoras, editoras, tradutores/as, periodicidades); b) dar um panorama da evolução do contexto da história das mulheres na França contemporânea; c) problematizar o conceito de "feminização da cultura" e sua historicidade; d) lançar a hipótese do cruzamento entre o estudo da circulação da obra de autoras brasileiras na França e os processos de feminização cultural no país através de dois exemplos emblemáticos de circulação: Clarice Lispector e Djamila Ribeiro.

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