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Paris: a Vida, a Literatura e as Formas Artísticas da Belle-Époque aos Anos 1920

por Richard Meckien - publicado 18/10/2019 16:30 - última modificação 16/05/2022 10:45

Paris, palco e cena das artes do século XX foi também tema delas. De todas elas. Este curso visa explorar as múltiplas dimensões da cidade sob a perspectiva das distintas artes que a tomaram como referência ou motivo. Partindo de um panorama sobre as letras e as artes parisienses do início do século XX, que será apresentado pela professora Laurence Campa, da Université Paris Nanterre, o curso prosseguirá explorando as inúmeras  faces da capital francesa sob o olhar dos artistas que a observaram com profundidade e souberam, cada qual a seu modo, cada qual em sua arte, captar a aura da capital artística do início do século XX. Da música à poesia, do teatro, da crônica da vida artística à flânerie parisiense, da pintura à fotografia, cada módulo do curso irá explorar a cidade de Paris a partir de perspectivas que, embora distintas, se complementam na composição deste amplo quadro da vida artística parisiense.

Os anos que precederam a Primeira Guerra Mundial e os que a ela se seguiram foram fundamentais para a gestação e para a formulação de proposições artísticas que fariam fortuna no panorama mundial das artes. Dentro deste quadro, muitos artistas buscaram em Paris não só o local para desenvolverem seus trabalhos artísticos mas também os motivos a partir dos quais constituíram suas artes. Neste sentindo, tratar da cidade de Paris como tema das artes desse período é fundamental para iluminar o modo como a "mitologia" parisiense incidiu sobre o trabalho e sobre a reflexão de grandes artistas da época.

Gratuito, este curso será desenvolvido ao longo de oito encontros, sempre das 14:30 às 16:00, às terças e quintas, a partir de 17/05/2022.

Objetivo

O objetivo deste curso é colocar em relevo a importância da cidade de Paris como referência ou tema das artes revelando, deste modo, a atenção que muitos artistas dispensaram a ela. Da Paris dos flanadores à Paris dos poetas, dos cronistas; da Paris dos teatros à Paris da música e dos ballets; da Paris tema da pintura à Paris das imagens produzidas e reproduzidas pela fotografia, cada módulo do curso procurará evidenciar a cidade a partir dos distintos gêneros artísticos indicados.

Coordenação

Marisa Midori Deaecto (ECA/USP)

Organização

Conrado Augusto Barbosa Fogagnoli (pós-doutorado FFLCH/USP)

Público-alvo

Estudantes de pós-graduação, professores da rede pública e privada, graduados em áreas afins, estudantes de graduação e demais interessados.

Curso público e gratuito.

Critérios de avaliação

75% de frequência às aulas.

Critérios de seleção

Os novos critérios do sistema Apolo não permitem mais a matrícula por ordem de inscrição. Caso o número de inscritos supere o número de vagas, haverá sorteio.

Cronograma

  • Inscrição: de 19/04 a 05/05 pelo sistema Apolo.
  • Início do período de confirmação de matrícula: 06/05.

 

Número de vagas

100.

Local

O curso será ministrado de forma online via plataforma remota Zoom. O link de acesso e outras informações pertinentes serão enviados por e-mail aos inscritos.

Programação

17 de maio | 14:30-16:00

1905-1924: Paris sans frontières?
Ministrante: Laurence Campa (Université Paris Nanterre)

Aujourd'hui encore, nous voulons croire que l'art n'a pas de frontières ou — du moins — qu'il ne devrait pas en avoir. C'est aussi le sentiment que partagent les avant-gardes dans le premier tiers du 20e siècle. À ce titre, Paris est, plus que toute autre capitale européenne ou mondiale, le creuset de la modernité. Écrivains, artistes et musiciens de tous horizons convergent vers la "ville-lumière" pour vivre, travailler, collaborer. De là, les relations avec le reste de l'Europe et du monde se multiplient. Mais les tensions nationales latentes, la concurrence d'autres lieux émergents puis la déflagration de la Grande Guerre viennent démentir l'idéal de partage. Après guerre, Paris continue d'attirer malgré la montée en puissance de Londres et de New York, tandis que le surréalisme naissant affirme ses ambitions internationales. En définitive, cette riche période littéraire et artistique nous pousse à penser que l'art sans frontières n'est pas un donné mais un idéal à défendre.

ATENÇÃO: PALESTRA MINISTRADA EM FRANCÊS.

19 de maio | 14:30-16:00

Efervescência musical parisiense da Belle Époque aos anos 1920
Ministrante: Danieli Verônica Longo Benedetti (Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho")

Com o final da Guerra Franco-Prussiana e de movimentos sociais como a Comuna de Paris (1871), a comunidade musical parisiense assistiria a criação de associações de compositores que se uniriam em função de suas ideologias. As principais atividades dessas sociedades musicais seriam a realização das concorridas temporadas de concertos em importantes salas de Paris. Eventos esses responsáveis pela estreia de obras referencias de compositores como Claude Debussy, Maurice Ravel, Erik Satie, Gabriel Fauré, Arnold Schoenberg, Heitor Villa-Lobos e tantos outros. Esses eventos abririam ainda um espaço sem precedente aos vários intérpretes, responsáveis por uma quantidade incalculável de performances, mas também para a crítica musical especializada que documentou intensamente a efervescência do momento. A declaração da Grande Guerra (1914) diminuiria consideravelmente as atividades musicais na capital francesa que só retomariam com o final do conflito, porém com um novo olhar para a música contemporânea e consequentemente atual.

24 de maio | 14:30-16:00

Figurações de Paris nos anos loucos: Aragon e Atget
Ministrante: Flávia Falleiros (Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho")

Quais as relações entre cidade e modernidade? Seja qual for a resposta que se dê a esta pergunta, ela passa por Paris. A pergunta feita aqui pode se declinar em outros termos: como a modernidade criou as condições para que a capital francesa se erigisse, através de sua representação literária e artística, em mito moderno? Em seu ensaio Os filhos do barro, Octavio Paz se interrogava sobre as relações entre a poesia moderna e a modernidade. Partindo do paradoxo contido na expressão “tradição moderna”, o poeta e ensaísta mexicano mostrou o quanto o impulso incessante de ruptura que anima a modernidade é caracterizado por uma mudança de nossa relação ao tempo e por nossa consciência da maneira como ele passa, isto é, nossa consciência histórica. À luz destas ideias, propomos algumas reflexões sobre certas representações da Paris dos anos 20: O camponês de Paris (1928), célebre narrativa surrealista de Louis Aragon (1897-1982), e as fotografias de Eugène Atget (1857-1927).

26 de maio | 14:30-16:00

O teatro em Paris entre 1900 e 1920: a renovação cênica e o teatro de boulevard
Ministrante: Walter Lima Torres Neto (Universidade Federal do Paraná)

Exposição sobre algumas realizações de um conjunto de agentes criativos atuantes nos primeiros vinte anos do século XX. — Sarah Bernhardt (1844-1923), André Antoine (1858-1943), Eleonora Duse (1858-1924), Jacques Rouché (1862-1957), Loi Fuller (1862-1928), Firmin Gémier (1869-1933), Lugné Poe (1869-1940), Isadora Duncan (1877-1927), Jacques Copeau (1879-1949), Georges Pitoëff (1884-1939) e Ludmila Pitoeff (1895-1951), Louis Jouvet (1887-1951) e Josephine Baker (1906-1975). Trata-se do período de consolidação da noção de encenação, mas também de enraizamento do dito "teatro de boulevard" como dramaturgia de exportação. Na Paris dos anos 1920, observamos uma dinâmica criativa que se estabelece graças às contribuições advindas do naturalismo e do simbolismo, principais correntes estéticas do teatro realizado no século XIX. A cultura teatral parisiense se consolida nesses anos 1920 entre um "teatro de arte" e um teatro comercial, visando o puro entretenimento. Consta-se o florescimento de uma vida teatral que se interroga sobre os destinos do próprio teatro, e que não deixou de ser comprometida pela guerra de 1914-1918.

31 de maio | 14:30-16:00

A crônica da vida artística parisiense por seus protagonistas
Ministrante: Conrado Augusto Barbosa Fogagnoli (Universidade de São Paulo)

Muitos foram os autores que se ocuparam da recomposição, por meio de mémoires e de souvenirs, da memória artística parisiense das primeiras décadas do século XX: André Warnod, André Salmon, André Billy, Francis Carco, Roland Dorgèles, Pierre Mac-Orlan, entre outros, deixaram em seus textos relatos que nos auxiliam a melhor compreender a mentalidade e as discussões estéticas de seu tempo. Distantes do dogmatismo e das esquematizações das inúmeras histórias das letras e das artes do período, esses escritos interessam pois eles nos colocam dentro da cena cultural do tempo e nos auxiliam a ver, de uma outra perspectiva, o percurso de elaboração e a circulação das ideias artísticas daquele momento. Como muitos destes autores e obras são desconhecidos do leitor brasileiro, neste encontro procuraremos apresentar, por meio do comentário de textos selecionados, essa produção que permanece circunscrita aos leitores de língua francesa.

2 de junho | 14:30-16:00

A flânerie em Paris na literatura da Belle Époque e arredores: uma introdução
Ministrantes: Robert Ponge (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Nara Helena Machado (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul)

Após algumas preliminares sobre o passeio, o flanar e uma contextualização histórica tanto do tema como das transformações vivenciadas pela cidade de Paris, serão examinadas algumas obras literárias representativas do temário proposto. Iniciando com Charles Baudelaire (As flores do mal, 1857; O pintor da vida moderna, 1863; Pequenos poemas em prosa, 1869), transitaremos por Guillaume Apollinaire (Alcools, 1913) e centraremos em Louis Aragon (O camponês de Paris, 1926) e André Breton (Nadja, 1928).

7 de junho | 14:30-16:00

Representações de Paris na pintura da Belle-Époque aos anos 1920: os pintores de Montmartre e os pintores de Montparnasse
Ministrante: Frédéric René Guy Petitdemange (Universidade de São Paulo)

Paris como modelo ou ainda motivo do tema pictórico da pintura de paisagem urbana propõe, além de vistas de lugares e de momentos parisienses da Belle Époque e dos primeiros anos pós-primeira guerra mundial, uma abordagem das várias descobertas e invenções das correntes modernistas e dos grupos de vanguardas que se encontravam neste período (1871-1920) na cidade luz. Monet, Renoir, Béraud, Caillebotte, Van Gogh, Gauguin, Toulouse- Lautrec, Seurat, Picasso, Matisse, Gris, Gleizes, Dufy, Marquet, Derain, Chagall, Delauney, Léger são, entre outros, alguns artistas escolhidos para abordar a cidade de Paris com assunto pictórico.

9 de junho | 14:30-16:00

Representações fotográficas de Paris: um campo interdisciplinar
Ministrante: Heliana Angotti-Salgueiro (IEA-USP)

Neste módulo trata-se de ver Paris através das fotografias de alguns dos fotógrafos que lá fizeram carreira: - do século XIX, a partir de Charles Marville -, passando por Eugène Atget na virada do XX, e depois, no periodo entre-guerras,  Brassaï,  Germaine Krull e membros ligados à Alliance Photo (como Pierre Verger e Marcel Gautherot que depois vieram para o Brasil), entre outros. Embora inscritos nos contextos culturais da cidade de Paris, fotógrafos e suas imagens circulam, e retratam temas sem fronteiras.

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