Riscos & Saúde Pública
Detalhes do evento
Quando
a 15/10/2019 - 16:00
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2o seminário do ciclo "As Várias Faces do Risco e os Desafios da Educação na Sociedade contemporânea"
No segundo encontro, a temática de risco será abordada na perspectiva da epidemiologia enquanto ciência da Saúde Coletiva. O risco será tratado como um dos pilares na formação e validação do discurso e da legitimação institucional da epidemiologia. A proposição da noção de “homem dos riscos” dos anos 1990 será revisitada face ao cenário contemporâneo, no qual os sistemas virtuais e digitais colocam desafios à própria ideia de risco e a produção/reprodução de efeitos sobre a vida humana. Em termos da Saúde Coletiva, a fusão de horizontes promovida pela hiperconectividade pede diálogo entre áreas antes compartimentalizadas e define novos tipos de riscos para os quais ainda não há caracterização e que demandam novas construções teóricas e de ação.
Sobre o ciclo
Desde a publicação da obra "Sociedade de Risco: Rumo a uma Outra Modernidade” (1986), de Ulrich Beck, uma grande quantidade de trabalhos tem retomado as discussões e análises sobre como os conhecimentos científicos e tecnológicos determinaram a vida em sociedade e modificam as noções de segurança, confiança, perigo e risco.
As recentes evidências sobre as mudanças climáticas deram um contorno especial a este debate recolocando a questão do risco civilizatório na agenda atual, na qual o progresso da sociedade industrial e a sustentabilidade parecem se negar mutuamente. Dentro deste cenário de conflitos, pelo menos uma esperança parece emergir: a educação poderá desempenhar papel fundamental na superação dos impasses entre melhoria da qualidade de vida e preservação do meio ambiente.
O ciclo de seminários terá com meta fornecer subsídios para esses debates e avançar na compreensão e superação de alguns desafios da educação científica na contemporaneidade.
Coordenação
Mauricio Pietrocola (FE e IEA - USP)
Público-alvo
Aberto a todo o público acadêmico interessado no assunto, em particular, alunos de graduação, e pós-graduação, pesquisadores e profissionais de todas as áreas de conhecimento.
Inscrições
Evento público e gratuito | Com inscrição prévia
Não há necessidade de inscrição para assistir à transmissão on-line.
Capacidade do auditório: 43 lugares
Organização
Programação
9h30 |
Recepção e Abertura |
10h |
A gênese do conceito epidemiológico de risco e algumas de suas implicações para os alcances e desafios contemporâneos da saúde coletiva A epidemiologia nasce com a Modernidade, na emergência de uma leitura científica do chamado “espaço público da saúde”. A formalização da ciência epidemiológica, entretanto, só se completa no século XX, em torno ao conceito de risco, central na sua validação discursiva e legitimação institucional. Pretendo explorar, com base em uma hermenêutica do processo de conformação discursiva da epidemiologia, os horizontes normativos e as bases proposicionais que sustentaram a construção do conceito de risco, assim como os diálogos que se abrem a partir de uma fusão de horizontes desse processo com alguns dos interesses práticos da Saúde Coletiva de nossos dias.
José Ricardo Ayres (FM-USP) |
12h |
Intervalo |
14h |
O Homem dos Riscos (Reloaded) Em 1991, provocado pelo Manifesto Cyborg de Donna Haraway, escrevi um pequeno ensaio intitulado “O homem dos riscos”, primeiro publicado em "A Clínica e a Epidemiologia" (1992). Então, propus que o conceito epidemiológico de risco opera discursos capazes de construir mundos fictícios formados por populações abstratas e que a noção clínica de risco individual povoa esses universos com simulacros de pessoas, definidos por probabilidades de adoecer e morrer. Esse texto foi revisitado por Sevalho (2002) e por Portella et al (2016), com diferentes perspectivas críticas, indicando analogias e contrastes com a ideia de “homem lento” cunhada por Milton Santos. Neste mundo atual, ademais virtual, o “homem dos riscos” se materializa em dimensões paralelas, sob condições próprias de produção/reprodução de efeitos sobre a vida humana, mediante processos socio‑históricos que, nos termos da saúde, implica uma morbidade cyborg. A partir das controvérsias geradas nessas quase três décadas, considerando novas interfaces da Epidemiologia, pretendo atualizar a proposição original com uma noção reloaded de “sujeitos de riscos”, seres já pós-humanxs, mas ainda modernxs, imersxs em ecologias de saberes-e-práticas de predição, prevenção, precaução e promoção da saúde e da vida, neste e-mundo trans-cartesiano e pós-clínico, distopia quase-matrix, transmudado pela hiperconectividade e assombrado pela necropolítica. Naomar Almeida (IEA-USP) |
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo