As Ruínas do Esclarecimento: o Desenvolvimento da Técnica (ainda) é Emancipatório?

Na "Dialética do esclarecimento", Adorno e Horkheimer se perguntam: "por que a humanidade, em vez de entrar em um estado verdadeiramente humano está se afundando em uma nova espécie de barbárie?" É possível falar ainda que o problema da técnica é apenas o seu uso? Seria um aparato neutro que pode ser usado de distintas formas, segundo as relações sociais de produção? O marxismo tradicional é, neste aspecto, um herdeiro do liberalismo clássico. Como  este, tomou o desenvolvimento da técnica (entendida mais amplamente como  forças produtivas) como  uma cifra dos avanços civilizatórios da humanidade e pré-condição para se chegar ao socialismo. Porém, é impossível dissociar a ciência moderna da técnica e esta das necessidades de auto-reprodução fetichista do capital. A crise atual do capitalismo, não por acaso, é também o limite do programa da ciência moderna enunciada por Descartes: "Tornar-se senhor da natureza". Destruição social e ecológica não seriam um quadro de referências para uma crítica radical dos pressupostos 'míticos' da modernidade, expressos na confiança cega de que ciência e técnica são produções neutras do processo teleológico da emancipação humana?

Expositor:

Marildo Menegat (UFRJ)

Coordenador:

Marcos Barbosa da Oliveira (FFLCH e IEA-USP)

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