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As transformações do ensino superior no Brasil e no mundo

por Sandra Codo - publicado 05/04/2008 00:00 - última modificação 27/02/2014 16:42

O forte crescimento da população estudantil, as limitações orçamentárias e as novas tecnologias de informação são as mudanças mais perceptíveis encontráveis no ensino superior e na profissão acadêmica. Essas mudanças serão debatidas na conferência "As Transformações Recentes do Ensino Superior", pela cientista política Elizabeth Balbachevsky, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Em todo o mundo, o ensino superior e a profissão acadêmica têm apresentado fortes mudanças nas últimas décadas. Segundo a cientista política Elizabeth Balbachevsky, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, no Brasil, essas mudanças são constatáveis em aspectos como: o forte crescimento da população estudantil, que permanece em descompasso com o crescimento mais lento das instituições; as limitações orçamentárias, freqüentemente associadas a pressões para a ampliação do controle e burocratização dos sistemas de avaliação; as novas tecnologias de informação, que ampliam os processos de internacionalização e mudam o processo de produção do conhecimento.

Essas mudanças serão discutidas na conferência "As Transformações Recentes do Ensino Superior", que Balbachevsky fará no dia 30 de abril (quarta-feira), às 10h, no Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA. O evento integra o Ciclo "Formação Universitária: como Preparar o Brasil para o Futuro?". Os debatedores do encontro serão Eunice Durham (Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP) e Renato Pedrosa (Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp).

PESQUISA

Na palestra, Balbachevsky apresentará alguns resultados preliminares da pesquisa "Evolução Recente da Profissão Acadêmica no Brasil: uma Análise Comparada", trabalho apoiado pela Fapesp e que viabilizou a participação brasileira no projeto "The Shifting Boundaries of the Changing Academic Profession" (Projeto CAP, As Fronteiras em Mudança da Profissão Acadêmica), que está sendo realizado por uma rede de instituições acadêmicas em 20 países.

O CAP pretende examinar a natureza e a extensão das mudanças ocorridas na profissão acadêmica nos anos recentes, suas razões e conseqüências. Serão estudadas as implicações destas mudanças para a atratividade da atividade acadêmica como carreira e a capacidade da comunidade acadêmica de contribuir para o desenvolvimento econômico, social e cultural de cada país. A partir de um modelo de transformação de seis estágios (leia abaixo), serão feitas comparações sobre esses temas entre diferentes sistemas educacionais, tipos institucionais, disciplinas acadêmicas e gerações.

Balbachevsky ressalta que participar desse projeto representa uma rara oportunidade para estudo do sentido das mudanças que estão ocorrendo no sistema de ensino superior brasileiro numa perspectiva comparativa: "Os resultados da pesquisa em escala mundial permitirão, pela primeira vez, avaliar em que medida as mudanças observadas no Brasil convergem ou divergem daquelas que podem ser observadas nas experiências de outros países".


PROJETO CAP — OS SEIS ESTÁGIOS DO MODELO DE TRANSFORMAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR
1. Principais influências: as estruturas e ideologias associadas à sociedade do conhecimento  intensificando os processos de "comodificação", internacionalização, expansão e diferenciação da educação superior;
2. Condições: fatores como infra-estruturas, salários, diversidade institucional, formas de contrato, hierarquias (antigas e novas) e questões associadas a recursos, incluindo a pluralidade de fontes e a ênfase na recuperação de custos e na contribuição financeira das unidades acadêmicas;
3. Crenças: incluindo lealdades e identidades, motivações intrínsecas e instrumentais, aspirações de carreira e orientações individuais e coletivas;
4. Papéis e práticas: incluindo o nexo ensino/pesquisa, a importância do serviço público, novas divisões do trabalho entre atividades acadêmicas e administrativas e o desenvolvimento de novos quadros de gestores profissionais;
5. Conseqüências: incluindo a eventual perda da solidariedade acadêmica, debilitamento ou desaparecimento de hierarquias tradicionais, mudanças de controles internos para controles externos, mudança do trabalho individual  para o trabalho coletivo, aumento de produtividade e esmaecimento das fronteiras entre instituições universitárias e entre elas e outras organizações da sociedade.
6. Resultados: em que medida esses fatores conduzem a uma comunidade acadêmica social mais responsável, ou mais desestruturada, ou mais diferenciada.

PERFIL

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Elizabeth Balbachevsky é professora associada do Departamento de Ciência Política da FFLCH/USP. Suas áreas de atuação são: análise de pesquisas de opinião, políticas de CT&I e políticas de ensino superior. Em 2005 e 2006 foi Fulbright Scholar no Programa New Century Scholars, onde desenvolveu estudo comparado sobre o impacto da globalização nas políticas de ensino superior em países emergentes. Em 2007 passou a integrar o Projeto CAP e a Rede Latino-Americana de Políticas Regionais. Nessa rede, participa da pesquisa "Percepções da Elite Sul-Americana sobre os Impactos da Desigualdade para a Sobrevivência da Democracia no Continente".

ASSISTA AO VÍDEO DO EVENTO.

Foto: FFLCH-USP