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Jornada trata da visão de artistas sobre participação feminina nas artes e enganos da ciência

por Mauro Bellesa - publicado 30/08/2019 13:10 - última modificação 15/10/2019 09:06

Paulo Vanzolini, Chiquinha Gonzaga e Nair de Tefé
Os homenageados dos dois encontros (a partir da esq.): o zoólogo Paulo Vanzolini (em evento do IEA em 2010), a compositora Chiquinha Gonzaga e a cartunista Nair de Tefé

O 7º e o 8º Encontros da Jornada Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral acontecem nos dias 12 e 13 de setembro, às 14h, na Sala do Conselho Universitário da USP (Rua da Reitoria, 374). Há 40 vagas abertas ao público (ingresso por ordem de chegada). Quem não puder comparecer poderá assistir às transmissões ao vivo dos encontros pela internet.

Enganos da ciência

O tema do 7º Encontro (dia 12) será Da Fragilidade, da Falta de Rigor, dos Enganos da Ciência e do Falseamento da Paisagem. O objetivo é discutir como a ciência e em especial a pseudo-ciência apresentam situações de falhas e equívocos.

As exposições serão de Paulo Herkenhoff (titular da cátedra), Letícia Ramos (artista plástica), Fernando Lindote (artista plástico), Raul Antelo (UFSC), Hernan Chaimovich (IQ-USP),  Walmor Corrêa (artista plástico) e Margareth Aparecida Campos da Silva Pereira (FAU-USP),  os dois últimos por gravações em vídeo. A moderação será de Helena Nader (também titular da cátedra)

Sobre a jornada

A Jornada Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral é uma disciplina de pós-graduação aberta à participação do público oferecida pela Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência (parceria entre o IEA e o Itaú Cultural) e a Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP.

A iniciativa é uma homenagem ao professor Alfredo Bosi, ex-diretor do IEA, editor da revista do Instituto desde 1989 e estudioso das interseções entre arte e ciência.

A idealização e coordenação é dos titulares da cátedra: o crítico, curador e historiador de arte Paulo Herkenhoff e a biomédica Helena Nader, professora da Unifesp.

A intenção é promover uma discussão profunda sobre as inter-relações arte e ciência ao longo dos tempos, perpassando por aspectos como proeminência cultural de um país sobre outro, questões de gênero, de estilos e formatos.

Ao todo, serão 19 encontros de agosto e dezembro, sempre às quintas e sextas-feiras, das 14h às 17h, com a participação de palestrantes e debatedores de diversos campos do conhecimento, líderes em suas áreas de atuação.

De acordo com a coordenação da cátedra, "alguns artistas exploram os momentos de dificuldade do saber, correspondentes às limitações do sujeito ou aos valores de certo momento histórico". Alguns dos exemplos disso serão as apresentações de Walmor Corrêa, organizador da "A Biblioteca dos Enganos", reunião textos de viajantes e missionários que interpretaram fantasiosamente a natureza do Brasil; e Raúl Antelo, que tratará da teoria da Ruinologia e da obra de Fernando Lindote.

Homenageado

O 7º encontro presta homenagem ao zoólogo e compositor de sambas Paulo Vanzolini (1924-2013), um dos idealizadores da Fapesp e professor da USP, onde dirigiu o Museu de Zoologia. Era herpetologista, “especialista em cobras e lagartos”, como se definia, dedicando-se ao estudo da evolução desses animais, sobretudo na Amazônia. Em uma de suas expedições à região, convidou o pintor José Cláudio para registrar diversos aspectos regionais. Também colaborou com a ilustradora e cartunista Hilde Weber. Entre seus sambas mais famosos estão “Ronda”, “Volta por cima” e “Amor de Trapo e Farrapo”.

Mulheres

O Matriarcado de Pindorama - A Impossibilidade do Silêncio será o tema do 8º Encontro (dia 13). As expositoras serão Nádia Batella Gotlib (FFLCH USP), Suzana Pasternak (FAU e IEA USP), Regina Pekelmann Markus (IB USP), Tânia Rivera (UFF) e Denise Stoklos (atriz). Liliana Sousa e Silva, da coordenação da cátedra, será a moderadora.

Malgrado o machismo da sociedade brasileira, o país possui uma cultura rica de vozes femininas, segundo a coordenação da cátedra. "No campo da arte, as mulheres estiveram à frente, ao lado ou um pouco atrás dos homens, mas nunca ausentes. Isso faz de nossa cultura um processo singular comparada às sociedades hegemônicas."

Homenageadas

Chiquinha Gonzaga e Nair de Tefé, duas mulheres que atuaram na passagem política dos valores do Império para a República nascente são as homenageadas pelo encontro. Chiquinha Gonzaga, com seu comportamento transformador da condição da mulher na sociedade, ousou na música e o Brasil nunca mais foi o mesmo, com a modernização do carnaval. Nair de Tefé vinha de uma família nobre e foi uma mulher transgressora. Dirigiu automóvel em fins do século 19 e foi caricaturista, parecendo corresponder com seus desenhos à crítica social presente na literatura de Machado de Assis. Casou-se com o presidente Hermes da Fonseca e subverteu o formalismo do Palácio do Catete, onde introduziu o maxixe e o violão, a ponto de receber uma ácida crítica do então senador Rui Barbosa.


JORNADA RELAÇÕES DO CONHECIMENTO ENTRE ARTE E CIÊNCIA: GÊNERO, NEOCOLONIALISMO E ESPAÇO SIDERAL
7º Encontro - Da Fragilidade, da Falta de Rigor, dos Enganos da Ciência e do Falseamento da Paisagem
12 de setembro, 14h
8º Encontro - O Matriarcado de Pindorama - A Impossibilidade do Silêncio
13 de setembro, 14h
Local: Sala do Conselho Universitário da USP - Rua da Reitoria, 374, térreo, Cidade Universitária, São Paulo
Eventos gratuitos e abertos ao público - Haverá transmissão ao vivo pela internet
Mais informações: com Sandra Sedini (sedini@usp.br), telefone (11) 3091-1678
Páginas dos eventos: 7º Encontro - 8º Encontro

Fotos: Mauro Bellesa/IEA-USP; Instituto Moreira Salles; Wikipedia Commons